Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
31 maio 2015
46 milhões de meticais
Samora e o Capital (2)
Fonte: Machel, Samora Moisés, O processo da revolução democrática popular em Moçambique (1970?). Maputo: Departamento de Informação e Propaganda, 1976, in Colecção estudos e orientações, Instituto Nacional do Livro e Disco, 1980, 78 pp.
Adenda: entretato, leia dois textos da autoria de brasileiros, a saber: José Flávio Sombra Saraiva, Moçambique em retrato 3x4: Uma pequena brecha para a política africana do Brasil, aqui; Beluce Belluci, Tudo e nada: aposta do Capital em Moçambique, aqui.
Pensamento fast-food (9)
Sobre a dívida pública
30 maio 2015
Humor gráfico
Confrange verificar que faz falta ao país o humor gráfico em geral e o humor gráfico político em particular. Recorde um trabalho do jovem cartunista moçambicano Leilo Albano, divulgado neste diário em 2011, aqui:
Adenda às 19:13: sugiro leia a obra com a capa abaixo [amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato]:
Samora e o Capital (1)
Fonte: Machel, Samora Moisés, O processo da revolução democrática popular em Moçambique (1970?). Maputo: Departamento de Informação e Propaganda, 1976, in Colecção estudos e orientações, Instituto Nacional do Livro e Disco, 1980, 78 pp.
Pensamento fast-food (8)
Pedalando: quadros de Gemuce (16)
Décimo sexto número da série. Identificação atribuída pelo pintor ao quadro em epígrafe: Sem título, Dimensões: 55,5x82 cm, Técnica: Aguarela S/papel, Ano: 2015. Recorde neste blogue uma série de 2008 sobre Gemuce, aí compreendidas uma biografia e uma entrevista, aqui.
Adenda: de uma postagem de 2006 neste diário: "Tenho para mim que existem duas linhas de força fundamentais na pintura moçambicana: a linha de Malangatana Ngwenha e a linha de Pompílio Gemuce, dois excepcionais pintores (esqueço aqui matizes, escolas intermediárias, bifurcações; e sei que não concordarão comigo, o que é salutar). No primeiro caso, penetro nas tradições densas: a figura sem anatomia precisa, o traço cheio, a máscara, a magia, o esgar, o medo, o terror do passado, a cor quente, grudante, como se o sonho fosse um pesadelo. No segundo caso, penetro nas tradições estilizadas, modernizadas, no traço aprendido na academia, leve como uma folha, nas cores frescas, nas figuras esguias, na expectativa de um sonho calmo que necessariamente acontecerá." Aqui.
"À hora do fecho" no "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1116, de 29/05/2015, disponível na íntegra aqui:29 maio 2015
Dhlakama, o velocista
Segundo a "Lusa", citada pelo "SapoNotícias", o presidente do Partido Renamo, Afonso Dhlakama, afirmou o seguinte: "Vou propor ao Nyusi e à Frelimo [Frente de libertação de Moçambique] que vamos legislar em 15 dias para que todas as províncias de Moçambique recebam a categoria de autarquias". [...] Aqui. [Recorde aqui]. Enquanto isso, citado pela "Rádio Moçambique, o Presidente da República, Filipe Nyusi, afirmou: "Não tenciono, nenhum dia, mandar um tribunal julgar a favor ou a desfavor de alguém; por isso, temos que evitar instruir o Parlamento ou temos que tudo fazer, para não sermos instruídos pelo tribunal, como Executivo, para tomar algumas decisões. A democracia tem que prevalecer; posições políticas sim, mas essas, tem que ser dentro da balizas estabelecidas." Aqui.
Pensamento fast-food (7)
Pedalando: quadros de Gemuce (15)
Décimo quinto número da série. Identificação atribuída pelo pintor ao quadro em epígrafe: Título: Flutuantes, Dimensões: 130x100, Técnica: Óleo s/tela, Ano: 2015. Recorde neste blogue uma série de 2008 sobre Gemuce, aí compreendidas uma biografia e uma entrevista, aqui.
Adenda: de uma postagem de 2006 neste diário: "Tenho para mim que existem duas linhas de força fundamentais na pintura moçambicana: a linha de Malangatana Ngwenha e a linha de Pompílio Gemuce, dois excepcionais pintores (esqueço aqui matizes, escolas intermediárias, bifurcações; e sei que não concordarão comigo, o que é salutar). No primeiro caso, penetro nas tradições densas: a figura sem anatomia precisa, o traço cheio, a máscara, a magia, o esgar, o medo, o terror do passado, a cor quente, grudante, como se o sonho fosse um pesadelo. No segundo caso, penetro nas tradições estilizadas, modernizadas, no traço aprendido na academia, leve como uma folha, nas cores frescas, nas figuras esguias, na expectativa de um sonho calmo que necessariamente acontecerá." Aqui.
28 maio 2015
Generalizações abusivas
É frequente encontrarmos na nossa imprensa trabalhos baseados em posições do género "Juristas afirmam que...", "A população exige que...", "Cidadãos defendem que...", "A sociedade civil critica...". Quando lemos o lead e/ou quando entramos no corpo da notícia ou da reportagem, verificamos imediatamente que estão em causa apenas um jurista [no máximo dois], dois indivíduos da chamada população, dois cidadãos e duas/três organizações da chamada sociedade civil.Alforriar-nos
À superfície dos problemas, à tona da vida, dizem-nos: olhai a violência desta gente. Sem dúvida que esta gente é violenta. Há, mesmo, quem, com afã e varapau na alma, defenda o seguinte: urge dizer que ela é violenta. Somos então conduzidos a analisar o indivíduo, em última instância um conjunto de indivíduos; somos então conduzidos a tomar em conta a circunstancialidade, as fronteiras psicológicas, as fronteiras dessocializadas da violência. Mas tentemos ir um pouco mais longe: estão as premissas do problema, as premissas da questão, bem colocadas? Um dia, faz já muitos anos, Karl Marx escreveu o seguinte a propósito de um tema que agora não interessa aqui: "Nasce aqui a questão de saber se este problema não prenuncia já a sua falta de sentido e se a impossibilidade de solução não está já contida nas premissas da questão. Frequentemente a única possível resposta é a crítica da questão e a única solução é negá-la." Neguemos a questão tal como acima está colocada - psicologizada e individualizada - e coloquemos estoutra: quais são as condições sociais que geram a violência? Então, ao queremos controlar a violência circunstancial surpreendemo-nos com o fracasso das soluções por não termos querido ou podido criar novas premissas e, por essa via, negociar com o futuro, por não termos querido, enfim, alforriar-nos da esquina cognitiva mais comezinha.Pedalando: quadros de Gemuce (14)
Décimo quarto número da série. Identificação atribuída pelo pintor ao quadro em epígrafe: Sem título, Dimensões: 100x70, Técnica: Aguarela s/papel, Ano: 2015. Recorde neste blogue uma série de 2008 sobre Gemuce, aí compreendidas uma biografia e uma entrevista, aqui.
Adenda: de uma postagem de 2006 neste diário: "Tenho para mim que existem duas linhas de força fundamentais na pintura moçambicana: a linha de Malangatana Ngwenha e a linha de Pompílio Gemuce, dois excepcionais pintores (esqueço aqui matizes, escolas intermediárias, bifurcações; e sei que não concordarão comigo, o que é salutar). No primeiro caso, penetro nas tradições densas: a figura sem anatomia precisa, o traço cheio, a máscara, a magia, o esgar, o medo, o terror do passado, a cor quente, grudante, como se o sonho fosse um pesadelo. No segundo caso, penetro nas tradições estilizadas, modernizadas, no traço aprendido na academia, leve como uma folha, nas cores frescas, nas figuras esguias, na expectativa de um sonho calmo que necessariamente acontecerá." Aqui.
O fim do poder
De Moisés Naím, com o título em epígrafe: "Sabemos que o poder está passando daqueles que têm mais força bruta para os que têm mais conhecimentos, dos países do norte para os do sul e do Ocidente para o Oriente, dos velhos gigantes corporativos para as empresas mais jovens e ágeis, dos ditadores aferrados ao poder para o povo que protesta nas praças e nas ruas." Aqui.27 maio 2015
Um cartaz
Cartaz afixado no campus da Universidade de Buea, nos Camarões. Aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.
Sobre o internetês
Sobre a violência que se explica com a violência
Pedalando: quadros de Gemuce (13)
Décimo terceiro número da série. Identificação atribuída pelo pintor ao quadro em epígrafe: Título: A noiva, Dimensões: 55,5x82 cm, Técnica: Aguarela S/papel, Ano: 2015. Recorde neste blogue uma série de 2008 sobre Gemuce, aí compreendidas uma biografia e uma entrevista, aqui.
Adenda: de uma postagem de 2006 neste diário: "Tenho para mim que existem duas linhas de força fundamentais na pintura moçambicana: a linha de Malangatana Ngwenha e a linha de Pompílio Gemuce, dois excepcionais pintores (esqueço aqui matizes, escolas intermediárias, bifurcações; e sei que não concordarão comigo, o que é salutar). No primeiro caso, penetro nas tradições densas: a figura sem anatomia precisa, o traço cheio, a máscara, a magia, o esgar, o medo, o terror do passado, a cor quente, grudante, como se o sonho fosse um pesadelo. No segundo caso, penetro nas tradições estilizadas, modernizadas, no traço aprendido na academia, leve como uma folha, nas cores frescas, nas figuras esguias, na expectativa de um sonho calmo que necessariamente acontecerá." Aqui.
A riqueza da pobreza segundo a Irmã Emmanuelle
Durante 22 anos, a Irmã Emmanuelle viveu num bairro de lata nos arredores do Cairo, Egipto. Regressada à Europa em 1993, Irmã Emmanuelle criou uma associação para defender os pobres e escreveu um livro com o título “Riqueza da pobreza”. Qual é o argumento desse fascinante livro? É o seguinte: enquanto na Europa a riqueza torna as pessoas inumanas, solitárias, nos países pobres, nos bairros de lata como os do Cairo, os pobres vivem felizes. Para eles o ideal não é ter, mas ser. E por isso são felizes, dão-se bem uns com os outros, tudo é motivo para contacto, inter-ajuda, fraternidade. Não há guerra porque nada há para disputar. O que mais desejam os pobres? Serem respeitados. As portas das suas pobres casas estão sempre abertas, as mulheres estão sempre nas ruas, na lufa-lufa. Na vida e na morte, estão juntos, partilham alegria e tristeza. Tão espantoso e ditirâmbico beduíno, feliz porque pobre, resgasta, evidentemente, o bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau. Mas um dia, terrível dia, a Irmã foi de férias ao Cairo. Viu, então, beduínos (termo dela) enriquecidos no comércio, com casas de alvenaria, rigorosamente fechadas. Portanto, a riqueza isola as pessoas, torna-as desconfiadas, zelosas do seu ter. E a Irmã ficou triste por não mais encontrar os seus adorados pobres beduínos.[*]
[*] Soeur Emmanuelle, avec Asso, Philippe, Richesse de la pauvreté. Paris: Flammarion, 2001.
26 maio 2015
Berdymoukhamedov, o presidente narcísico
Observação: não é apenas uma questão de narcisismo à Berdymoukhamedov, mas, também, uma enorme sede de divinidade profana a nível popular e governamental.
Dhlakama, o confiante
Observação: o Sr. Dhlakama é hábil a tentar mostrar que sabe tirar coelhos da cartola, povoando dessa maneira as parangonas dos jornais ávidos de sensacionalismo. A presente promessa pública de pontapé nas leis e nas regras institucionais - remetendo para um acordo privado a solução política da sua enorme apetência pela gestão governamental - mostra bem a têmpera cesarista e populista que o habita.
Xenofobia e shangaanfobia: história e estereótipos na África do Sul e em Moçambique (14)
"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. " [Bertolt Brecht]Décimo quarto número da série. Permaneço no quinto ponto do sumário proposto aqui, a saber: 5. Moçambique 2006, 2007 e 2010, entrando nos pontos 5.2./5.5. Escrevi no número anterior que entre 2006 e 2010 viveram-se alguns momentos difíceis, em particular nas cidades de Maputo e Matola, com picos de revolta popular em 2008 (lembre aqui e aqui) e 2010 (aqui e aqui). Havia inquietação com os preços dos produtos, com a vida em geral, o futuro surgia sombrio. Em meio a uma multiplidade de fenómenos, sucedeu que em Agosto de 2006 residentes do Bairro T3 na Matola chamaram curandeiros para descobrir os assassinos que aterrorizavam o bairro, considerados serem estrangeiros dos Grandes Lagos e do Zimbabwe; em Março de 2007, foram reportados ataques a bens de cidadãos burundeses e congoleses em Nampula; em 2010, na sequência de uma má actuação da polícia, vendedores moçambicanos assaltaram as cantinas dos estrangeiros possuindo lojas no bairro do Xiquelene, cidade de Maputo. Misturando-se com a crítica à acção governamental traduzida nas revoltas de 2008 e 2010, juntou-se a busca de bodes expiatórios estrangeiros.
Adenda às 09:32: leia um trabalho de Xolela Mangcu, no Rand Daily Mail, aqui.
Pedalando: quadros de Gemuce (12)
Décimo segundo número da série. Identificação atribuída pelo pintor ao quadro em epígrafe: Sem título; Dimensões:70x100 Cm, Técnica: Aguarela s/papel, Ano: 2015. Recorde neste blogue uma série de 2008 sobre Gemuce, aí compreendidas uma biografia e uma entrevista, aqui.
Adenda: de uma postagem de 2006 neste diário: "Tenho para mim que existem duas linhas de força fundamentais na pintura moçambicana: a linha de Malangatana Ngwenha e a linha de Pompílio Gemuce, dois excepcionais pintores (esqueço aqui matizes, escolas intermediárias, bifurcações; e sei que não concordarão comigo, o que é salutar). No primeiro caso, penetro nas tradições densas: a figura sem anatomia precisa, o traço cheio, a máscara, a magia, o esgar, o medo, o terror do passado, a cor quente, grudante, como se o sonho fosse um pesadelo. No segundo caso, penetro nas tradições estilizadas, modernizadas, no traço aprendido na academia, leve como uma folha, nas cores frescas, nas figuras esguias, na expectativa de um sonho calmo que necessariamente acontecerá." Aqui.
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