Outros elos pessoais

28 fevereiro 2007

Milhares de médicos e de enfermeiros africanos trabalham fora do continente


Milhares de médicos e de enfermeiros trabalham fora do continente onde nasceram. Confira aqui o resumo do fenómeno, depois leia o texto inteiro aqui e, finalmente, veja o quadro por países, incluindo Moçambique.

"Nós ainda não vimos o crescimento económico" - Francisco Mazoio da OTM ao "Canal de Moçambique"


“Os privados têm o conhecimento da situação real do desempenho da economia, mas optam por se guiarem pelos dados do Governo. Nós ainda não vimos o crescimento económico de que o Governo fala com insistência” – Francisco Mazoio, porta-voz da OTM-Central Sindical ao "Canal de Moçambique".

Florestas e madeira em Moçambique: estrangeiros, "pessoas bem posicionadas" e chefes tradicionais envolvidos na ilegalidade (afirma um relatório)


O relatório de Alan Ogle e Isilda Nhantumbo, citado na entrada anterior, para a CTA, confirma o de Catherine Mackenzie aqui:

". Estrangeiros, particularmente compradores chineses de toros, exploram fraquezas na implementação de lei local. Financiando e monopolizando o mercado de exportação de toros, eles tem manipulado vários operadores de colheita (particularmente os detentores de simples licenças anuais) de modo a operar fora da lei.
. Influência política e poder são usados para subverter a legislação. Interferência de pessoas bem posicionadas mina a aplicação da lei nas províncias.
. A não ser que a capacidade do governo melhore, os concessionários continuarão a colher em demasia as espécies valiosas o mais rápido possível para posteriormente abandonar largas áreas de floresta improdutiva." (p. 35)

E o relatório acrescenta este dado em relação aos chefes tradicionais:

". Na Zambezia, em Cabo Delgado e em Manica chefes tradicionais em algumas comunidades estão envolvidos na promoção da colheita ilegal e vendem toros a operadores seleccionados." (p. 38)

Um ponto capital no relatório é a atenção a prestar ao reflorestamento, num país onde poucos são aqueles que efectivamente estão no terreno para vigiar o que se passa (leia a p. 34).

27 fevereiro 2007

Florestas e madeira em Moçambique: um relatório para a CTA


O relatório, em língua inglesa e com data de Outubro de 2006, chama-se "Improving the Competitiveness of the Timber and Wood Sector in Mozambique" (Melhorando a competividade da Madeira e do Sector Florestal em Moçambique), é da autoria de Alan Ogle e Isilda Nhantumbo trabalhando para a USAID e foi destinado à Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

Ele fornece o quadro geral da exploração de madeira em Moçambique e mostra os pontos fracos, que não são poucos, dessa exploração.

Não se trata, creio, de um relatório destinado a estudar as nossas florestas do ponto de vista do "risco humanitário" da desflorestação, mas do ponto de vista da exploração e da competividade comerciais. Mesmo assim, vale a pena ponderar nos pontos fracos.
O relatório de Catherine Mackenzie e agora este poderão ser prioritários na agenda do novo ministro da Agricultura.

Nas próximas horas, aparece aqui novo relatório sobre a situação florestal no país


Nas próximas horas, um novo relatório sobre a situação florestal no país será dado a conhecer aqui. Aguardem.

Fugir da gaiola comum


Mais do que a nenhuns outros, a inveja atém-se
Aos que por si mesmos levantaram voo
Fugindo para longe da gaiola comum
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Di lor par più, che d´altri, invidia s´abbia,
Che per stessi son levati a volo,
Uscendo fuor della commune gabbia

O grande informal desmoçambicaniza-se?


O "Canal de Moçambique" afirma que refugiados dos Grandes Lagos controlam não apenas o mercado do Estrela na cidade de Maputo, mas, também, os mercados Patrice Lumumba e o T3 no município da Matola, a poucos quilómetros de Maputo.

Mas se formos à cidade da Beira, por exemplo, Nigerianos e Zimbabeanos controlam literalmente o mercado informal do Goto, como já tive ocasião de estudar.

E se formos para o grande mercado informal junto à arquidiocese de Nampula, veremos que os refugiados também têm uma palavra a dizer.
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Foto do "Canal de Moçambique"
Mensagem para Gabriel Muthisse: ó Gabriel, diga lá como explicar este fenómeno, você que é economista....

Moçambicana exibe riqueza, Moisés chora de raiva e repulsa


Confrontado com uma exibição despudorada de riqueza oferecida por uma moçambicana num supermercado de Nelspruit, África do Sul, junto a Ressano Garcia, Albino Moisés escreveu ter chorado "de raiva e repulsa" perante esta "oposição de contrários em que alguém com dinheiro à farta, compra carne e champôs para cachorros de estimação quando um outro semelhante ao lado, nem pão sequer tem para “enganar” o estômago". Pede agora para "incutirmos nas nossas crianças, o espírito de simplicidade e modéstia". Tarefa árdua, ó Moisés, mesmo árdua!

26 fevereiro 2007

As posições de Elikia M' Bokolo


O mundialmente famoso historiador Elikia M´Bokolo, de origem congolesa, director de estudos na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Paris), sustenta que em Moçambique existem técnicos do saber e da cultura, mas não existe necessariamente uma intelligenzia. A Frelimo teme as ciências sociais e isso reflectiu-se e reflecte-se ao nível da extinta UFICS e do Centro de Estudos Africanos. A UFICS, por exemplo, deveria voltar a ser o que já foi e tornar-se facilmente um dos mais famosas unidades científicas africanas (leia o "Savana" de 23/02/07, pp. 16-17).
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Tenho o prazer e a honra de ter tido Elikia M´Bokolo, meu amigo, como presidente do júri que me outorgou o grau de doutor lá onde ele é director de estudos.

Os Africanos segundo Fodé Diawara e Gabriel Simbine


"A emoção é negra, como a razão é helénica" (Léopold Sédar Senghor)*

Nos anos 70, o jovem maliano Fodé Diawara escreveu um livro com o título "Manifesto do homem primitivo", tentando provar que a "raça branca", que ele situou no "estado protozoário da espécie humana", tinha enveredado pela construção de uma civilização material, com prédios, para compensar o seu permanente nervosismo, a sua solidão e a sua insatisfação sexual, enquanto a "raça negra", raça avançada, se desenvolvera harmoniosamente, feliz em seus impulsos naturais, em suas danças, em sua actividade puramente muscular, em sua liberdade anímica e sexual. Isto, claro, até ao dia que os colonizadores chegaram e estragaram tudo com os seus vícios**.

Entretanto, em resposta a um trabalho do jornalista Lázaro Mabunda publicado na edição de 19/o1/o7 (pp. 10-11) de "O País", tentando mostrar quão antiga a homossexualidade é, o Sr. Gabriel Simbine, conceituado cronista local, redarguiu que África nunca soube o que era homossexualidade até os colonizadores europeus para aqui a exportarem, concentrando-a nas cidades. A actividade sexual dos africanos em geral e dos "afro-moçambicanos" (sic) em particular, é tão natural que não fazia nem faz sentido pensar-se que eles podiam algum dia abandonar a heterossexualidade, salvo, claro, se corrompidos pelos hábitos dos europeus colonizadores.

Segundo o Sr. Simbine, o europeu "tem um organismo frio, resultante do clima temperado, e não encontra satisfação quando pratica exo normal e natural entre homem e mulher. Na falta do melhor o pior serve e ele tem de recorrer às experiências, ora praticando a homossexualidade, ora praticando sexo oral".
A natureza residual da pequena homossexualidade urbana, introduzida pelos europeus, não justifica a sua legalização, uma legalização, afinal, de uma prática anti-africana, segundo Simbine ("O País", edição de 16/02/07, p. 9).
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*Liberté 1, Négritude et humanisme. Paris: Éditions do Seuil, 1964, p. 102.
**Paris: Éditons Grasset et Fasquelle, 1973.

Circuncisão masculina e mutiliação feminina ampliam HIV/SIDA


Uma nova pesquisa contradiz as conclusões de certos relatórios recentemente publicados de que a circuncisão masculina protege contra o HIV/SIDA. Com efeito, estudando a circuncisão masculina e a mutilação genital praticadas no Quénia, no Lesoto e na Tanzania, cientistas mostraram que os casos de HIV/SIDA estavam a aumentar entre os adolescentes. Leia aqui em língua inglesa.

O que se passa na Matola-"golhoza"?


Leia aqui a notícia de que crianças são raptadas em três zonas no município da Matola e depois abandonadas no "golhoza", distrito da Matola, sem sinais de maus tratos.

Ó Mc Roger-patrão, oiça o Bossac-farto-de!





O MC Roger ocupa hoje as seis colunas das centrais do semanário "domingo". Lá ele fala do seu muito ouvido "patrão". Patrão é patrão. Sempre. Patrão atrasa salário? É patrão sempre e atrasar a pagar salários é apenas "ligeiro atraso". Enfim, ser patrão e aceitar patrão é coisa natural para o rapista moçambicano, um dos mais paradigmáticos reverenciadores deste país (edição de hoje, 25/02/07, pp. 14/15).
Mas, claro, nem todos cantam a mcrogerada patronal.
É o caso do Bossac, rapista português. Leiam as letras das três canções que aqui reproduzi, extraídas do seu mais recente trabalho, no topo dos hits portugueses.
Aproveite, ó Mc Roger!

Reitor Filipe Couto da UEM e comentários no "imensis"


Eis, extraídos na íntegra do imensis, comentários a propósito da nomeação de Filipe Couto para reitor da Universidade Eduardo Mondlane:

"Nhancalise - 2007/02/24 - 13:50 ora bem,vejamos depois adquelas lufalufas todas eis que aparece um homem integro para acabar com professores turbos. Se for aqule F.Couto que conheci na Beira Os professores que se cuidem. disso que a universidade precisava. Avante
Vilas - 2007/02/24 - 11:50 A UEM precisava mesmo de um Homen de principios e amor pelos Mocambicanos como e o Pe. Couto. Ele demonstrou na UCM que e capaz de fazer o ensino superior chegar a muitos Mocambicanos e a regioes desfavorecidas. Esta de parabems o Pe. Couto e a UEM, esta tambem de parabens a UCM que ve o seu antigo reitor a assumir uma responsabilidade muito grande
genitho - 2007/02/24 - 11:29 na verdade,os dois compatriotas nao estao a ser esclarecidores,o que o novo reitor fez na catolica e o que fez em nachingwenya,e a partir deste dados avancem-nos com analises sobre o que fara na UEM,haja saude
Malavi - 2007/02/24 - 09:28 Esta é o erro mais grave cometido pelo PR desde que foi eleito.Couto, é um radical e autoritário que nem no Quartel deveria ter lugar.O maior mentiroso que já vi em Moç. aquele que sobre a catolica falava uma coisa publicamente e fazia outra aos estudantes.falo de uma pessoa que conheço bem, pois fui um dos 1ºs 40 estudantes a matricular-me na Fac de Economia(Beira-1996). É um homem sem sensibilidade social,que pode pôr em causa os reais objectivos da UEM(formação de quadros independentimente das suas condições econóicas). Assim o estado não está a cumprir com o que a nossa constituição estabelece(responsabilizar-se pela formação dos seus quadros)Até quando? Até Quando?Até quando seremos enganados pelos nossos proprios irmãos compatriotas?...esse País é nosso apenas no papel....UEM NÃO SE PODE TRASNFORMAR NUM NEGÓCIO....GUERRA AO ANALFABETISMO
Domingos Simbine - 2007/02/24 - 06:58Porque é que o Dr. Filipe Couto foi isonerado da UCM? Quem o exonerou? Será que a sua exoneração tinha a ver com a sua recente nomeação ao cargo de reitor da UEM? Aquele abraço
Junior - 2007/02/24 - 03:10 Definitivamente, o PR anda desnorteado. Com este andar nao sei onde vamos chegar, vejam que ainda faltam os 3 anos do seu mandato. Estamos entregues..............
Antonio Aljofre - 2007/02/23 - 22:29 Acredito que o presidente Armando Guebuza tomou a sua decisao de nomear o padre Filipe Couto tendo em consideracao os desafios que Mocambique enfrenta. Pessoalmente, pouco sei do padre Filipe Couto. Todavia, em funcao da pouca informacao que tenho, sei que o padre e' implacavel. Penso que nao cabe, neste momento, descutir os nomes. A UEM, como instituicao de ensino superior e mais antiga, tem responsabilidades preementes que nao devem ser adiadas. Queremos uma Universidade capaz de contribuir eficazmente para o desenvolvimento do pais. Queremos uma Universidade que produza o suficiente e que extenda esse conhecimento para os lugares mais reconditos deste pais, por exemplo, Comua,na Zambezia. Os desafios que a UEM tem sao muito mais importantes que os nomes. Mocambique passa neste momento por um periodo de transformacao iniciado pelo presidente Guebuza, em que os nomes ja nao contam. O que conta e' o profissionalismo e a vontade de vencer. A UEM deve continuar com as reformas profundas e adaptacao constante ao contexto actual. A UEM deve profissionalizar-se cada vez mais e propor solucoes para alguns problemas que do nosos pais. A UEM deve produzir quadros com qualidade. A UEM deve combater o plagio fortificando o cumprimento escrupuloso da postura cientifica. A UEM deve impor-se em Africa como uma Universidade de excelencia, puramente Mocambicana. Vamos aguardar os resultados dessa nomeacao. Como disse, o importante e' o futuro da UEM e nao as pessoas em si. O presidente Guebuza conhece muito bem os caminhos que Mocambique deve trilhar para vencer os seus multiplos desafios, por isso acredito que a sua escolha baseou-se num conjunto de principios, valores e indicadores objectivamente verificaveis. Forca UEM!!
Unknown - 2007/02/23 - 18:10o pais nao vai para lado nenhum quando a ciencia continuar sob alcada da politica. Pirre Bourdieu e grande exemplo. Leiam por favor. A nomeacao de couto e marcadamente politica e nao vejo o principio do pensador frances a vingar. Ao senhor anonimo que me antecede nao deve ser conhecedor pleno das sociedades democraticas. Mozambique perdeu, recuou 30 anos. Viva a ciencia!!!
Dedede - 2007/02/23 - 16:43 Meus senhores, com assuntos académicos só brincam os académicos. Bom, quero dizer, por exemplo, que aos meus 36 anos, nunca tinha ouvido falar desse senhor Dr, aliás só soube da sua existência pelos contornos que o removeram da Universidade Católica. Pois é, se é um camarada de Nachingueia, então continuemos a brincar à Nachingueia. Será ele um académico ou político? A Universidade Eduardo Mondlane deve ser exemplar no país, pela história e tradição. Espero que tenha sucessos em frente da minha querida Universidade e faça dela dum Polo de conhecimento diversificado e que dignifique aos moçambicanos que de capa negra lá saem.
El Pibe - 2007/02/23 - 10:07 è uma vergonha, depois do que aconteceu na Univ, Católica, este senhor devia ir para o Seminário... aonde pertence! Nunca para UEM!
Anónimo - 2007/02/23 - 09:38 O Dr Filipe Couto conhece muitíssimo bem Nachingueia dos tempos da Luta de Libertação Nacional contra o colonialismo português, por isso é dos nossos e de muita confiança. "
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Foto reproduzida do semanário "domingo" de hoje (25/02/07), última página

危机 (perigo e oportunidade)



Em língua chinesa, o termo crise tem dois caracteres: . O primeiro, , significa perigo e o segundo, , significa oportunidade.
Essa a matriz dialéctica do livro de Al Gore com a capa em epígrafe.
Essa deve ser também a matriz de pensamento no nosso país face às nossas florestas. E de forma urgente. Para que a nossa alma não fique desflorestada. Vamos a ver a actuação do novo ministro da Agricultura.

24 fevereiro 2007

A heroicidade


As cheias são um drama para milhares de pessoa neste momento no país, como são os efeitos do ciclone Fábio, como são as consequências da seca em vários pontos, em meio a tanto contraste.
Sucedem-se as visitas dos governantes às zonas afectadas.
Ouvindo a Rádio Moçambique, sucedem-se, também, os seus discursos.
E o mais chocante é que os que sofrem têm existência radiofónica quase exclusivamente nesses discursos. Eles são o que os discursantes querem que sejam.
Os afectados pelas cheias sofrem? Os governantes dizem que eles sofrem e que eles, governantes, estão preocupados.
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Foto do "Notícias".

Cheias, ciclone e visitas/gastos múltiplos


Cheias e efeitos do ciclone Fábio. Multiplicam-se as visitas: presidente da República, presidente da Assembleia da República também quis ir mas "problemas organizacionais" não identificados impediram-no, ministros de várias pastas, incluindo o da Juventude e Desportos, deputados, fora representantes de organizações diversas, todo esse mundo realiza ou quer realizar ou vai realizar ou esteve para realizar visitas aos locais problemáticos, lá onde há governadores, admistradores, chefes de postos administrativos, secretários permanentes, directores provinciais, chefes de serviços, etc.
Para todo esse mundo visitante, é necessário pagar os séquitos que viajam em aviões e helicópteros, a hospedagem, a alimentação, o combustível em terra, mais as ajudas de custo, etc.
Uma visitação sem fim, um gasto múltiplo sem fim.
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Foto do "Notícias".

Aforismos preversos


1. Quanto mais uma sociedade faz apelos aos chefes, menos ela é e nela pensa.
2. Quanto mais uma sociedade tem quem diga "a sua opinião não é a verdade do mundo" mais ela é adulta e democrática.
3. Quanto mais uma sociedade quer respostas, menos ela quer a democracia das perguntas.
4. Se o "sim" é o acto terminal da tirania, o "não" é o acto inaugural da democracia.
5. Se o "e" é um acto de compromisso, o "ou" é um acto de exclusão.

Reitores: endogenia, eleições e mandatos


Aqui ficam algumas notas para eventual discussão e debate. Acho que chegou a altura (atrasada, claro) de reflectirmos no que se segue.

I
O matemático Filipe Couto é o quinto reitor da Universidade Eduardo Mondlane. Se exceptuarmos o historiador Fernando Ganhão, o primeiro desde Maio de 1976, apenas Narciso Matos, químico e terceiro reitor, era da nossa universidade. O segundo reitor, Rui Baltazar, jurista, tinha sido Ministro das Finanças. Depois de Narciso Matos, chegou Brazão Mazula, educador e ex-presidente da Comissão Nacional de Eleições. E agora é a vez de Filipe Couto, ex-reitor da Universidade Católica e ex-assessor do Ministério da Educação.
Por que razão não deve ser prática nas universidade públicas os reitores serem "nossos"?

II
Os nossos reitores são designados pelo presidente da República após proposta do Conselho Universitário.
Mas não é o presidente da República eleito, legitimado pelo voto popular? Por que razão os nossos reitores não são eleitos por nós, professores, estudantes e funcionários? O princípio da elegibilidade devia ser extensivo a directores de faculdade e de centros e chefes de departamento.

III
Os reitores estão na UEM (mas não só, veja-se o caso da Universidade Pedagógica) um tempo sem tempo. Por exemplo, Fernando Ganhão foi reitor durante 11 anos, alguns meses menos do que Brazão Mazula.
Não tem o presidente da República um limite no seu mandato? Por que razão não há limite no mandato dos nossos reitores salvo aquele que o presidente da República decidir?
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O colega Calane da Silva, da Universidade Pedagógica, escreveu recentemente no semanário "meianoite" justamente sobre a elegibilidade dos reitores das universidades públicas.
Entretanto, siga este debate aqui, no imensis.

Os terríveis problemas organizacionais


A vida tem - vejam lá que doce sabedoria -problemas incontroláveis. E, também, pontos de interrogação insolúveis. A responsabilidade pode ser imputada aos arreliadores "problemas organizacionais".
Eis um exemplo:
"O presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim Mulémbwè, já não vai ver o drama das cheias nas províncias da Zambézia e Sofala, contrariamente ao que havia sido veiculado. Fonte da AR disse, ontem, à reportagem do “Notícias” que problemas organizacionais no terreno estão por detrás da não deslocação de Mulémbwè àquelas províncias."

23 fevereiro 2007

Experimentem procurar


No Google (o maior motor de busca da internet) escrevi "político honesto", accionei a busca e olhem o que encontrei:

"O político que você estava procurando não pode ser encontrado ou não existe! É uma lenda, trocou de nome ou está eternamente fora do ar."

Espírito samoriano: ministra pune funcionários faltosos


Segundo a STV no noticiário das 20 horas de hoje, a ministra do Trabalho, Helena Taipo, chegou hoje de surpresa à Direcção Provincial do Trabalho da província de Maputo e apenas encontrou dois funcionários sonolentos. Resultado: um dia de salário descontado para os faltosos, incluindo o director.

Primeira chicotada samoriana de Guebuza

O presidente Guebuza exonerou Tomás Mandlate do cargo de ministro da Agricultura e nomeou Erasmo Muhate para o seu lugar.
Está feita a diferença em relação ao reinado chissaniano.
Acredito que a partir de agora veremos uma velocidade de intervenção e de profundidade social bem maior.

Brazão Mazula


Vou dividir esta breve texto em duas partes. Na primeira falarei do Mazula cientista; na segunda, do Mazula gestor e, aqui, apenas farei referência ao dossier UFICS.

I
Na história da Universidade Eduardo Mondlane, Mazula ficará certamente registado como professor e, em particular, como cientista que escreveu livros. Nos anos 90 eu disse publicamente que ele era o único reitor que se afirmava escrevendo livros. Não me enganei, ele continuou a escrevê-los. E certamente continuará a escrevê-los. Merece, por isso, o nosso profundo respeito, respeito dos colegas, dos funcionários e dos estudantes.

II
No seu papel de gestor (palavra provavelmente inadequada), várias coisas podem ser tidas em conta. Mas aqui apenas me vou referir ao dossier UFICS em 1999/2000.
Quando, no bojo do conflito que opôs direcção e docentes da ex-UFICS ao reitor Mazula (excluo considerar as causas do fenómeno), aconteceram dois fenómenos para mim muito penosos.
Por um lado, uma forte campanha racial contra vários docentes dessa então faculdade, com o Sr. Wehia Ripua, presidente do partido PADEMO, salientando-se, a esse propósito, no semanário "Demos", semana após semana. Professores, dos mais antigos da UEM, foram sistematica e humilhantemente atacados sem que Mazula fosse capaz de ir em seu socorro.
Por outro lado, um amplo investimento no tratamento da imagem pública de Mazula, com o boletim BIUEM servindo de veículo regular e regularmente distribuído por toda a comunidade universitária.
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Tentarei ainda esta noite escrever aqui sobre eleições e mandato dos reitores.

A propósito de Filipe Couto


Temos um novo reitor: Filipe Couto, matemático.
E, tal como ocorreu em 1995 com Brazão Mazula, ele veio de fora da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Gente havia que esperava que o presidente Guebuza nomeasse um académico da UEM. Assim não aconteceu.
Pode acontecer que a exterioridade de Couto tenha a ver com dois aspectos: (1) uma melhor e mais rápida adequação da pesquisa universitária ao figurino político actual e (2) selecção de um perfil reitoral (a) adequado ao figurino e (b) exterior aos hábitos adquiridos e às alianças estruturadas.
Uma espécie de terapêutica de choque no molde de um perfil "operário", espartano.
Julgo não me enganar sobre algumas coisas da forma de ser de Couto: não tem a síndrome da exibição e do luxo ostentatório, é exigente e, vamos lá, não fica envergonhado por andar a pé ou por beber um café informalmente com um de nós.
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Voltarei à universidade ainda hoje escrevendo sobre Brazão Mazula e sobre coisas que acho serem merecedoras de debate.
Adenda posterior na data: foto reproduzida do "domingo" de 25/02/07, última página.

Filipe Couto, novo reitor da UEM

O novo reitor da Universidade Eduardo Mondlane chama-se Filipe Couto, matemático e ex-reitor da Universidade Católica.
Reina a estupefacção em vários círculos académicos.

Lançamento hoje


O escritor e professor universitário Calane da Silva recitará alguns dos poemas do "almadiando".

Sobre Brazão Mazula


Nas próximas horas postarei aqui uma opinião minha sobre o reitor Brazão Mazula.
Ao fazê-lo, de alguma forma escreverei sobre a Universidade Eduardo Mondlane. De forma breve.

22 fevereiro 2007

Beira: "supostas madrastas envenenam filhos das suas rivais"


Segundo o jornal "O autarca", uma nova forma de vingança feminina nasceu na Beira. Um fenómeno merecedor de estudo em profundidade. Importe e leia.
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Foi o Egídio quem me alertou para isso e me enviou o jornal em formato pdf.

Desespero e pedido de socorro em Chupanga neste momento!


"Vamos para 7000 [pessoas, C.S.] , ameaça chuva. Deus nos livre. Temos bichas enormes à procura de água. Crocodilo levou uma mulher."
Esta mensagem chegou-me há momentos via celular, depois de enviada de Chupanga, província de Sofala, a cerca de 70 km da vila de Marromeu e a cerca de 280 km da cidade da Beira. Efeitos das cheias e, agora, ameaça de efeitos da depressão Fábio.
Que este blogue possa ser lido por quem de direito. E seja quem for que o leia em Moçambique, que passe a mensagem a quem ache que pode socorrer.
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Acabei de enviar uma mensagem a um jornalista da RM na Beira.
Leia, entretanto, em língua inglesa, este despacho do dia 12.
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Adenda (19:58): um amigo da Beira, bem informado, acabou de me dizer o seguinte: em Chupanga havia cerca de sete mil pessoas num centro de acomodação, oriundas de sete comunidades. Cada família recebeu comida para uma semana. A água estava a ser clorada. Porém, começaram a chegar mais pessoas, de Marromeu e mesmo da Beira, que não são deslocadas das cheias e que quiseram e querem receber o que os deslocados receberam. A água começou a esgotar. Surgiram desmandos, o que levou ao reforço de segurança da área. Entretanto, cada família deixou ficar um parente nas áreas afectadas pelas cheias, para contrabalançar a acção dos ladrões.

Cientistas sociais: engajados ou desengajados? [3]


Recordo aqui e aqui as entradas anteriores antes de prosseguir o tema em jeito de notas, de hipóteses simples.

I
O cientista asseptizado, confortavelmente instalado no seu recanto científico institucional, se é e continua a ser muitas vezes real, não é, porém, frequentemente, menos enganador. E isso pode verificar-se quer no trabalho científico estritamente considerado, quer no trabalho científico conjugado com uma actividade política directa ou indirecta.

II
O trabalho científico pode frequentemente esconder uma intensidade de luta política muito grande. Entre muitos outros casos, considere-se o trabalho de Max Weber e de Émile Durkheim. Toda a vida científica de Weber foi pontuada por um acirrado combate contra as ideias de Karl Marx. Mesmo o seu trabalho metodológico mais aparentemente neutro, é uma crítica ao engajamento político de Marx, é um aguilhão político mergulhado numa carne científica só na aparência isenta. Por outro lado, toda a vida científica de Durkheim foi uma luta política permanente contra a revolução, contra o medo dos operários, contra o que chamou desordem social. Ao fim e ao cabo, uma luta contra o legado político-científico de Marx (naturalmente que toda a vida científica e política de Marx só tem sentido se considerermos o seu combate contra as ideias de Adam Smith, Ricardo, Proudhon, Malthus e Hegel).

III
O trabalho científico conjugado com uma actividade política directa tem vários expoentes de prestígio na história. Aqui a militância política aparece a descoberto, não se esconde, não se disfarça em nobres manifestos de neutralidade axiológica. O caso mais emblemático foi e é, para mim, o de Karl Marx. Economista, historiador, sociólogo, antropólogo, filosofo, matemático, crítico literário, político, Marx era também um admirável polemista, um homem de jornais. Depois de Marx, creio que uma parte significativa das ciências sociais consistiu e continua a consistir em (1) aproveitá-lo; (2) reelaborá-lo e (3), mais frequentemente, combatê-lo. Além de Marx, outros dois grandes cientistas devem, em meu entender, merecer atenção: Pierre Bourdieu e Noam Chomsky.

O político dos turbantes sempre de vento em popa


Yá-Qub Sibindy, o vistoso político do turbantes e das capulanas jamais vistas iguais, continua de vento em popa. Agora vai disseminar a ideia da construtiva oposição pelo estrangeiro.
Será que aquela nossa gente que habita as savanas saberá algum dia disso?

Benigna Zimba ou Orlando Quilambo? A posição do "Canal de Moçambique"


"Se a ideia de equilíbrio de género, muito evocada pelo partido Frelimo, nortear a decisão de Armando Guebuza, Benigna Zimba deverá ser a próxima reitora da Universidade Eduardo Mondlane. Contudo, caso o presidente da República ignorar as evocadas questões de equilíbrio de género, o nome de Orlando Quilambo poderá passar a ser o próximo Reitor da UEM."

Do "tenho dito" ao "estou a dizer"


Com alguma e salutar frequência, autores de cartas e de artigos terminam as suas intervenções como os discursadores de meados do século XX aqui faziam, com um belo "Tenho dito". A novidade agora está em que Baltazar Jorge Fael trouxe uma variação soberba, no fim de uma carta sua, a saber: "Estou a dizer".

O que é pobreza absoluta? António Eduardo responde


O país está numa "suposta viragem", o problema é que a pobreza está em todo o lado. Há quem diga que temos feito esforços assinaláveis para a vencer. Mas assim não pensa António Eduardo. Quando é que que se considera que a pobreza é absoluta? Resposta de Eduardo: "Considera-se absoluta a pobreza que não tenha nada nas mãos senão a miséria. O cidadão é pobre. Este é miserável. O miserável, por sua vez tem muita fome na barriga, uma fome de dias e nenhuma esperança para desalojá-la. Tem a pele e o corpo cheios de frio, um frio implacável de modo que ele respira um ar quase gelado, de morto, que ele quase que é. A sua habitação é um abrigo primitivo com ligeiras melhorias. O que ele chama de cobertura mete dó, tanto dó quanto mete o que ele chamaria de panela ou prato. Água não tem. Lume, quase que não tem. Não tem enxada."