Oslo, uma cidade linda, parece um poema geométrico, uma cidade onde a desordem se suicidou, onde tudo, mesmo o nada, parece regrado, sem as fissuras do acaso e do impoderado. Até as árvores têm consciência da vitória da razão sobre a emoção.
Mas falta-me a desordem, o não previsto, algo que seja a perversidade amiga e cúmplice da emoção.
Volto a Maputo, que prazer esta subversão do sempre organizado, este caos táctil, forte, esta vertigem de chapa-cem, esta ontologia xiquelenística.
Mas quando vejo as bases das acácias negras de urina imperial, volto a Oslo.
E assim estou eu entre Oslo onde procuro Maputo e Maputo onde procuro Oslo.
Apenas me dou bem nessa intemperança mestiça e em permanente bifurcação.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Que bonita y acertada descripción "poema geométrico".
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