Habana, Havana. Açúcar. Centenas de estudantes, batas brancas. Médicos, enfermeiros, chevrolets e fords dos anos 50. As palavras saem rudes e altas e agridem no trânsito quando uma transgressão surge às cavalitas de outras, que muitas são. Gente de múltiplas origens, cubanizadas, cubanas, mestiçadas. Nesta Cuba para onde vieram escravos de Moçambique, com os nomes da altura, os macuás, os mozambiques*. As calles, dança-se, eles com ar gingão, músculos à mostra, a garrafa de vodka perto. A fala é alegre, chistosa, calórica. Povo generoso. E corajoso. O mar é belo, sinto-me em Copacabana, mas faço questão de inventar uma diagonal directa para Bazaruto. Remoçambicanizo-me cubanizando-me.
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* Ortiz, Fernando, Los negros escravos. Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 1987, pp. 54, 74.
Comprei esse livro em Habana.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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