O presente texto foi escrito em 1997, mas creio que o seu conteúdo permanece actual.
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O nosso ser[*] parece ser assim feito que sempre que surge o mais pequeno indício que lembre ou ratifique algo sucedido no passado, ele é induzido a concluir que tudo se vai repetir. Se, em Moçambique, houve uma guerra no passado e se hoje há partidos em luta, é «evidente», defende a sabedoria espontanea retroactiva, que vamos regressar à guerra. Este é o efeito Hume, afinal banal e quotidiano.
O segundo fenómeno, o do efeito Gandhi, concerne à convicção de muitos de que o conflito deve ser evitado. Na verdade, face a qualquer tipo de conflitualidade, induzimos que isso põe em perigo a ordem social. Este é um temor muito frequente na doxa, seja esta comum ou douta.
O terceiro fenómeno, o do efeito ethnos, refere-se a todos aqueles que vêem em qualquer conflito africano o exercício de uma etnicidade primordial conducente à guerra.
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[*]Estou consciente do peso deste tipo de formulações metafísicas.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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