Com regularidade e confrontados com fenómenos que nos parecem estranhos, aberrantes, rapidamente e sem qualquer pesquisa séria, atribuímos a causa ou as causas a entidades comodamente próximas, de fácil consumo. Temos o hábito, já consolidado, de imputar a cérebros maquiavélicos externos a razão de ser dos nossos males. E agimos conforme, embarcamos em soluções sem solução, lamentando os feiticeiros. Ora, um dia, faz já muitos anos, Karl Marx escreveu o seguinte a propósito de um tema que agora não interessa aqui: "Nasce aqui a questão de saber se este problema não prenuncia já a sua falta de sentido e se a impossibilidade de solução não está já contida nas premissas da questão. Frequentemente a única possível resposta é a crítica da questão e a única solução é negá-la." Falta-nos, então, a vontade e o treino metodológicos, a capacidade de, perante o problema A, sabermos encontrar os caminhos adequados para a inteligibilidade B e a eventual solução C.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
concordo plenamente consigo professor...
realmente é sistemático essa nossa necessidade de rápida procura de bodes expiatórios quando nos acontece algo.
Parece lá nas familias, quando alguma desgraça acontece é porque alguem as encomedou... não será este um hábito cultural?
investimoes tempo e energia a procura de culpados e nunca em soluções.
Caro Danilo,
Então no vosso entender não importa a causa se não apenas a solução!
E eu que sempre julguei que o mesmo problema na Europa e África pode difererir das causas!... obrigado pelo contributo.
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