Apos um belo cafe negro (desculpem, nao sei onde param os acentos neste teclado tenebrosamente chato e kafkeano), eis-me aqui de novo para mais uma curta nota.
Nao consegui encontrar um hotel duas estrelas no quarteirao latino, por isso estou a norte de Paris, territorio norte-africano. Um quarto pequeno, onde em cada gesto se choca com algo e que guarda a memoria de quem apenas por ali passa ficando sem ficar.Quem limpa os quartos? Como quase sempre nos hoteis onde tenho estado nestes parisienses anos todos, sao as mulheres da Africa Ocidental.
Conversei ha momentos com uma, dos Camaroes.
-Bom dia, Senhora.
-Bom dia, Senhor.
-Ca va?
-Ca va bien, merci.
-Senegal?
-Nao, nao, Camaroes. E voce?
-Mo (z) ambique....
-Ah bon...E o Senhor e portugues? Brasileiro? Argelino?
-Nao, nao, mozambicain.
-Mais....
-Sim, sou branco, mas enfim, tambem mozambicain.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
Esta questão da cor e nacionalidade parece que é aínda um trauma para muito de nós. Será o processo de socialização que está a falhar? Porquê é que um negro não pode ser russo ou um branco ser um ruandês?
Brilhante forma de essencializar a identidade...E como os sinais fenotípicos jogam papel.
CB
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