Há uma coisa deprimentemente bela, uma coisa que me dá o prazer de aumentar a colecção das minhas úlceras gástricas simbólicas.
Primeiro, são as infindáveis mesas-redondas televisivas nas quais vários ilustres depoentes nos dão o prazer de os ouvirmos dissertar com ar grave de tudo sem nada terem estudado nem investigado. Tudo isso, claro, polvilhado de fato, gravata, perna traçada e uma testa fremente de esforço criador.
Segundo, são os doutos analistas políticos que, diariamente, discutem na rádio a vida do país, dando-nos uma refeição suculenta e original: o conteúdo da edição matinal do “Notícias” temperado com uma maravilhosa colecção de lugares-comuns e de preceitos morais de almanaque. Aqui aparece, invariavelmente, um auto-intitulado sociólogo cheio de proteína opinativa.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
EhEhEhEhEH!!!!
Sonia
Basta ir à rádio ou à televisão, citar Weber ou Durkheim, sem sequer conhecer minimamente a sua vasta e riquíssima obra, já se é sociólogo! e q
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