Multiplicam-se grandiosos apelos à paz, para que a Renamo páre com a guerrilha destruidora e letal. Urge que sejamos irmãos cordiais - pedem públicos dos mais variados extractos e matizes sociais. Só falta saber o que a paz pode significar em termos de redistribuição de poder político e se os crimes cometidos serão, uma vez mais, amnistiados, em prol da santa impunidade.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
O que me parece insensato nesses todos apelos é a falta de honestidade e frontalidade para analisar as razoes objectivas e as motivações do (actual) status quo.
Estes apelos perseguem a ideia simplista de uma Paz que é apenas a ausencia de Guerra . Não desejam perceber que a diabolização da Renamo pretende atingir a mobilização possível em torno da eliminação física desse partido para se instalar, de novo, a ditadura.
Este cenário reforça a ideia de a Democracia pode ser uma utopia entre os Bantus que têm já desenvolvido o conceito de inimigo mas nao de oposição o que faz com que ambos sejam tratados do mesmo modo . É assim que se oposição faz comícios muito concorridos os sistemas posicionam-se para eliminar a liderança. Se a oposição se defende então torna-se pária e todos os seus actos se tornam crime o que consolida a ideia de que sao o Inimigo.
Mas devia ser simples perceber que se o inimigo representa 40% da população com consciencia eleitoral e a essa porção de pessoas nacionais é sistematicamente negado ou difficultado o diireito de acesso pão e ao trabalho por via de politicas e praticas exclusoras isso significa dizer que 40% dos cidadãos ainda não beneficiam integralmente do advento da independencia assistindo-lhes o direito à luta pelos seus legitimos direitos.
É condenável a impunidade de quaisquer crimes numa sociedade de direito. Se em 1992 tivessemos optado pela operacionalização de uma comissão de Paz e reconciliação talvez hoje já não nos assustasse tanto a ideia de uma rua Uria Simango, compatriota combatente pela liberdade e independencia de Moçambique, fuzilado pelo crime de pensar um rumo differente para o país. Com o agravo de que talvez hoje estejamos justamente a seguir alguns troços dessa rota.
Viva a boa Paz.
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