Violência doméstica, era o tema esta manhã na Rádio Moçambique. Teses simples: urge punir a violência doméstica, violência que atinge especialmente as mulheres. Claro que também há violência feminina, mas a masculina é bem mais clara, severa e maioritária. Temos de fazer muito esforço para ensinar as pessoas a não serem violentas. Se o forem, temos de as punir. Etc.
Assim somos. Atribuímos aos seres humanos um fundo inato de violência, de religiosidade, de amor filial, de respeito, etc. Depois, por simples processo dedutivo, limitamo-mos a enumerar a sua morfologia, as suas características. Se atacarmos estas características, podemos atenuar os males, podemos mesmo sonhar que um dia viveremos num mundo impoluto, estrangeiro à maldade.
Por outras palavras, fazemos das consequências das relações sociais as suas causas.
Bem mais complicado é estudar (e aceitar como dado de partida) as condições sociais que geram os comportamentos que transformamos em consequências, bem mais difícil é transformar a violência não num fundo inerente aos seres humanos, mas numa consequência das relações nas quais estamos inseridos, relações que simultaneamente construímos e nos constroem.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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