Fantástica a apetência de muitas pessoas pelos 4x4. E quanto maiores, melhor, lotando estradas e passeios. A cidade de Maputo está cada vez mais 4x4. Talvez nem seja apenas um exercício vigoroso de estatuto social, talvez seja também, em alguns casos, um mecanismo de compensação simbólica de alguma coisa, de alguma carência. Enfim, provavelmente um dia teremos um refrão do género: não ter 4x4 é não ser gente.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
Sobretudo quando nao nos custa nada... é da empresa ou do Estado... é facil ter e manter(?) um 4x4!
Também pode ser a resposta ao tipo de desenvolvimento urbano de Maputo: Buracos na maior parte das estradas do centro da cidade para onde se dirige a maior parte da população activa todos os dias úteis da semana. E onde vive essa população? Na periferia onde o Estado ainda não chegou com estradas, agua, saneamento, energia de qualidade, esquadras, jardins públicos, bibliotecas, campos de desporto etc. etc.. Aí, um 4x4 é uma ferramenta, não uma ostentação. E bairros há em que veículos anfíbios seriam a mais acertada opção.
Peguemos em nós um Domingo como hoje e passeiemos por Matendene, Boquisso, Mapsanpsene (?), khongoloti, Tsalala... lá onde a função do Estado terminou na demarcação de terrenos, se tanto.
Para usar uma brincadeira à moda do Professor, qualquer dia o bolsa de valores do lobolo exigirá esses carros.
Previsao.Quando as estradas maputenses desaparecerem, os 4x4 torna-se-ao helicopteros...
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