Outros elos pessoais

31 agosto 2011

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
* Genéricos: Dossier "Savana" (2) (Edição de 26/08/2011); Série Tete em fotografia - Boroma (19)
* Séries pessoais: Violentos e calmos (4); E se os Moçambicanos fossem Chineses? (13);  Fio de Ariadne das manifestações mundiais (5); Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (18); Por que brilha o capitalismo? (5); Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (24); Ditos (18); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (60); África enquanto produção cognitiva (31); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Série Tete em fotografia (18) - Chifunde

Prosseguindo esta série fotográfica sobre Tete, da autoria do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr, agora com registos do distrito de Chifunde, baseados no dia-a-dia com pessoas e coisas. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (17)

A política é uma guerra sem derramamento de sangue; a guerra, uma política com derramamento de sangue (Mao Tse Tung)
Um pouco mais da série, com mais algumas hipóteses.
Prossigo no sexto número do sumário, a saber: o conflito enquanto campo de socialização política, tendo em conta a primeira das três preposições indicadas no número anterior, a saber: quanto mais intenso for o conflito político, mais intensa é a busca de coesão interna nos partidos.
Um partido que controla o Estado tem uma evidente superioridade sobre os adversários. O elemento fundamental dessa superioridade reside na possibilidade de poder distribuir e redistribuir recursos de poder (por exemplo, postos governamentais). Por outras palavras, o partido no poder pode assegurar redes clientelistas a todo o momento. Cada membro, cada beneficiado é um potencial ampliador dessas redes através da família, dos amigos, dos vizinhos, dos subordinados, etc.
Mas não só.
Prossigo mais tarde. Sobre Clausewitz, confira aqui.
(continua)
Nota: pode acontecer que eu modifique algo no texto.
Adenda às 8:36: na versão digital do "Canal de Moçambique" de hoje e sob o embrulho de um discurso extremamente castrense, belicoso - como se de um Marte moçambicano -, o Sr. Dhlakama aparece claramente a exigir partilha imediata de recursos de poder, independentemente de eleições. Aqui.

Ditos (17)

Décimo sétimo dito.
Nenhum colonizador o é se não tiver o préstimo do colonizado, seja quando este se cala, seja quando é um servidor interessado. No fim de contas é o colonizado que reproduz o colonizador.
(continua)

Moçambique (2003/2011)

Aqui. Para comparação, aqui. Para ampliar a imagem, clique sobre ele com o lado esquerdo do rato.
Pergunta: qual, em particular, a opinião dos especialistas informáticos moçambicanos? Obrigado pela colaboração.

Violentos e calmos (3)

"Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertolt Brecht).
Progredindo um pouco mais na série.
Então, temos da violência, por um lado, uma concepção imediata, instantânea, visível, quer dizer uma concepção não processual, daquela processualidade que, agindo por acumulação progressiva de causas e de contextos, explode um dia.
Prossigo mais tarde com mais algumas ideias.
(continua)

Influência

Confira aqui. Para traduzir, aqui. Talvez outras variáveis pudessem ser enquadradas e então Moçambique poderia constar. Se quiser ampliar o mapa, clique sobre ele com o lado esquerdo do rato.

Fome provocada pela especulação financeira

"Não é a seca, mas sim a especulação financeira nas bolsas a causa mais profunda do drama humanitário existente hoje no Chifre da África, em especial na Somália. A análise é do professor Ladislau Dowbor, (...) um especialista em questões africanas e desenvolvimento econômico." Aqui.

"Não existe jornalismo independente"

Entrevista com Pascual Serrano (na imagem), jornalista, autor de vários livros sobre desinformação. Na entrevista, analisa as práticas hegemónicas, o papel das audiências e os desafios para sustentar modelos alternativos aos grupos dominantes. Em espanhol aqui. Para traduzir, aqui.

Dossier (1) (Edição de 26/08/2011)

Queira conferir a primeira parte de um dossier com peças do semanário "Savana" datado de 26/08/2011, aqui.
(continua)

Dez

Entre a meia-noite e vinte e a uma da madrugada, hora local, entrarão dez postagens neste diário, com informação, fotografia e análise a nível nacional e internacional. Desejo-vos boa leitura e uma óptima quarta-feira.

Crença

Um dia hoje mais frequentado na cafeteria onde bebia um café, cidade de Maputo, 18:30: vejo sobretudo senhoras, fixo a indumentária, túnica, icharb, aqui e acolá xador, elegância, reencontros, beijos, alegria: terminou o jejum ritual islâmico.
Comentário: fascinante e milenar esta maneira de os humanos se imporem restrições para reforçarem a crença no sentido da vida e dos deuses. 

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
* Genéricos: Dossier "Savana" (1) (Edição de 26/08/2011); Série Tete em fotografia - Chifunde (18)
* Séries pessoais: Violentos e calmos (3); E se os Moçambicanos fossem Chineses? (13);  Fio de Ariadne das manifestações mundiais (5); Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (17); Por que brilha o capitalismo? (5); Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (24); Ditos (17); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (60); África enquanto produção cognitiva (31); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

África do Sul, ANC, Zuma e Malema

Manifestações na África do sul, um eventual teste para a coesão do ANC e para a sobrevivência política do presidente Jacob Zuma face ao aparente ganho de popularidade do presidente da ala juvenil do partido, Julius Malema, entretanto a contas com um processo disciplinar. Confira aquiaqui e aqui. Para traduzir, aqui.

Série Tete em fotografia (17) - Chifunde

Prosseguindo esta série fotográfica sobre Tete, da autoria do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr, agora com registos do distrito de Chifunde, baseados no dia-a-dia com pessoas e coisas. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

África enquanto produção cognitiva (30)

Mais algumas ideias nesta série dedicada a mostrar como, através das posições de Hegel no seu livro oitocentista A razão na história - amplamente aqui mostradas -, operou e continua a operar um certo tipo de produção ideologizada sobre África, encaixando os Africanos num molde comportamental generalizado, rígido, imutável e absolutamente desqualificante.
Mas como já escrevi, existe uma africanização de Hegel - neo-hegelianismo africanizado, expressão que propus -, na qual o método consiste em atribuir sinal positivo à matriz daquilo que tinha sinal negativo no colonizador em geral e em Hegel em particular.
Esse processo de africanização, espécie de desforra histórica, tem curso através de dois movimentos racializados, de per si ou combinados: hipervalorização identitária e supremacia institucional.
Prossigo mais tarde.
(continua)

O novo colonialismo

No últimos anos, grupos de investimento, fundos soberanos de países ricos e empresas do agronegócio iniciaram uma verdadeira corrida às terras do planeta, negociando o arrendamento ou a compra de milhões de acres de terras agrícolas em África e na América do Sul. O jornalista Stefano Liberti desvenda essa nova forma de colonialismo. Confira o resumo aqui. Para traduzir, aqui.
Observação: penso que teremos de retomar a epistemologia samoriana para sabermos o que está a suceder, mesmo entre nós, à sombra do doce qualificativo desenvolvimento.

Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (23)

Desinstalemos os mitos (Sebastião Alba)
O vigésimo terceiro número da série, suscitada por textos aqui e aqui.
Prossigo no quarto ponto do sumário que vos propus, intitulado Ritos de iniciação na Zambéza: nluga e muáli.
A terceira parte da iniciação consiste na aprendizagem de regras cívicas. Por exemplo, regras a observar nas relações com os maridos, com os visitantes, nas viagens, com adultos e hóspedes, etc., de permeio com o aprendizado dos interditos a ter em conta quando dos períodos mentruais.
(continua)

Fio de Ariadne das manifestações mundiais (4)

"Todas as relações fixas e enferrujadas, com o seu cortejo de vetustas representações e intuições, são dissolvidas, todas as recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que era das ordens sociais e estável se volatiliza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por fim obrigados a encarar com olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas."
O quarto número da série.
Com um bocado de atenção à morfologia e às causas dos diferentes tipos de manifestações que têm ocorrido no mundo, verificamos que as diferenças são várias.
Parece não ser viável encontrar um denominador comum nas manifestações, parece não ser possível encontrar o fio de Ariadne.
Todavia, há quem ache que ele existe, não nas manifestações, mas nos espaços urbanos em que elas têm decorrido.
Prossigo mais tarde.
(continua)

Capitalismo de desastre: abutres sobre a Líbia

Com o título em epígrafe, um trabalho de Pepe Escobar, em inglês aqui, em português aqui.
Nota: para saber o que é capitalismo de desastre, confira uma postagem neste diário datada de Setembro de 2008, aqui.

Cabora-Bassa (1971-1995)

Recolha documental com o título em epígrafe consultável no Mozambique History Net, portal regularmente referido neste diário, pertença do historiador Colin Darch, aqui. Para traduzir, aqui.

Mudar sem mudar (13)

Décimo terceiro e último número da série.
Durante algum tempo deixei-vos aqui algumas ideias sobre o que, no número anterior, chamei aspirina homeopática.
Espero que essas ideias tenham podido ser úteis para os vossos caminhos analíticos.
(fim)

Dossier (7) (Edição de 19/08/2011)

Queira conferir a sétima e última parte de um dossier com peças do semanário "Savana" datado de 19/08/2011, aqui.
(fim)
Nota: amanhã inicio o dossier da edição de 26/08/2011.

29 agosto 2011

Dez

Entre a meia-noite e vinte e a uma da madrugada, hora local, entrarão dez postagens neste diário, com informação, fotografia e análise a nível nacional e internacional. Desejo-vos boa leitura e uma feliz terça-feira.

Líbia

Prossegue, em jornais digitais, redes sociais e blogues, a espantosa redução da Líbia a Kadafi e sua família, com Kadafi diariamente convertido ao mal e ao horror absolutos pela NATO e pelos opositores locais que usam uma bandeira monárquica, enquanto as bombas da mais moderna tecnologia militar mundial destroem um país de pouco mais de seis milhões de habitantes, desértico mas rico em petróleo, anteriormente possuidor do maior índice de desenvolvimento humano de África e esperança média de vida entre 72 e 76 anos, mas onde a água é - e será cada vez mais - um bem difícil de obter.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
* Genéricos: Dossier "Savana" (7) (Edição de 19/08/2011); Série Tete em fotografia - Boroma (17)
* Séries pessoais: Violentos e calmos (3); E se os Moçambicanos fossem Chineses? (13);  Fio de Ariadne das manifestações mundiais (4); Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (17); Por que brilha o capitalismo? (5); Mudar sem mudar (13); Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (23); Ditos (17); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (60); África enquanto produção cognitiva (30); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Moçambique: mais "telegramas" no WikiLeaks

O WikiLeaks vazou a 26 do corrente mais telegramas dados como enviados desde 2002 pela embaixada norte-americana em Maputo e versando sobre os mais variados temas referentes ao nosso país. Aqui. Duas anteriores referências ao portal neste diário, aqui e aqui. Para traduzir, aqui. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
Adenda a 31/08/2011: o portal acima deixou de operar e creio que os telegramas mostrados em postagem anterior aqui sumiram, confira agora aqui.
Adenda a 02/09/2011: os telegramas sumidos podem ser lidos aqui (há constantemente portais a ser desactivados ou hackeados).

Belluci, nossa terra, mitos e prejuízos

De um trabalho de Beluce Bellucci sobre as terras moçambicanas alegadamente oferecidas para cultivo a farmeiros brasileiros de Mato Grosso, com sublinhados meus: "No mesmo artigo, um consultor indaga, arrogante e desrespeitosamente, “Quem vai tomar conta da África? Chinês, europeu ou americano? O brasileiro que tem conhecimento do cerrado”, responde ele apressadamente. A intenção explicita de colonização nesta passagem não foi contestada pelo jornal ao longo do artigo.(...) Não são as terras fartas que chamam a atenção dos nossos fazendeiros, mas a existência de uma mão de obra que pode trabalhar a baixíssimos salários. (...) O contexto para um novo colonialismo está preparado, e a sua repetição transformará o que foi o drama colonial numa farsa liberal.(...). Dizem que as terras em Moçambique estão ociosas. Na verdade, estão ocupadas há séculos por populações que a cultivam com tecnologias específicas, para a sobrevivência, num sistema que exige grande reserva natural e rotação." Aqui.
Adenda: foi lendo a versão digital do "Canal de Moçambique" de hoje que descobri o texto. Neste diário já dei a conhecer um trabalho de Bellucci em Janeiro do ano passado, aqui.

Série Tete em fotografia (16) - Chifunde

Prosseguindo esta série fotográfica sobre Tete, da autoria do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr, agora com registos do distrito de Chifunde, baseados no dia-a-dia com pessoas e coisas. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)

Frelimo e Partido Frelimo (1962/1991)

Recolha documental com o título em epígrafe consultável no Mozambique History Net, portal regularmente referido neste diário, pertença do historiador Colin Darch, aqui. Para traduzir, aqui.

Lixeira de Hulene na fotografia de José Ferreira

Editados pela CNN, vários trabalhos do fotógrafo José Ferreira feitos na Lixeira do Hulene, a cerca de sete quilómetros do centro da cidade de Maputo, aqui. Agradeço ao leitor Ricardo de Paris o envio da referência. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
Adenda: com os meus assistentes, trabalhei alguns anos pesquisando a lixeira e os lixeiros que lá vivem. Confira, por exemplo, neste diário, aqui.

E se os Moçambicanos fossem Chineses? (12)

"Espere o melhor, prepare-se para o pior e receba o que vier." (provérbio chinês)
Prossigo a série, terminando o ponto 4 do sumário, a saber: representações de Chineses sobre Moçambicanos, com a contribuição de João Feijó, que tem estudado as relações sino-moçambicanas em contexto laboral na cidade de Maputo (vide texto citado mais abaixo na leitura recomendada):
"Já em relação ao trabalho lento, (...) para alguns trabalhadores constitui uma estratégia de resistência passiva, através da qual conseguem recuperar de certa forma o controlo sobre o ritmo de trabalho num contexto laboral adverso. Dos moçambicanos diz-se que são pouco confiáveis em resultado de inúmeros roubos detectados no local de trabalho (cimento, tinta, grades de cerveja...)."
Prossigo mais tarde.
(continua)
Leitura recomendada: Feijó, João, Relações sino-moçambicanas em contexto laboral - uma análise de empresas em Maputo, in Serra, Carlos, A construção social do Outro, Perspectivas cruzadas sobre estrangeiros e Moçambicanos. Maputo: Imprensa Universitária, 2010, pp. 225-296.

Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (16)

A política é uma guerra sem derramamento de sangue; a guerra, uma política com derramamento de sangue (Mao Tse Tung)
Um pouco mais da série, sempre trabalhando com hipóteses num terreno temático pleno de intensos investimentos morais, pessoais e colectivos.
Prossigo no sexto número do sumário, a saber: o conflito enquanto campo de socialização política, tendo em conta a primeira das três preposições indicadas no número anterior, a saber: quanto mais intenso for o conflito político, mais intensa é a busca de coesão interna nos partidos.
Uma ideia eventualmente perturbadora: um partido que aspire a manter o monopólio do Estado fica satisfeito - tenha disso consciência ou não - quando tem de fazer frente a um adversário ou a vários adversários de vulto. Quanto mais decisiva for a luta a esse nível, mais esforços fará para assegurar e robustecer a coesão interna, tapando brechas, projectando sistematicamente no (s) adversário (s) as causas dos males sociais e eliminando quaisquer propostas que este (s) faça (m) para participar no ou para melhorar o funcionamento do Estado. O procedimento do (s) adversário (s) não será, na essência, diferente. Porém, há diferenças que importa ter em conta.
Prossigo mais tarde. Sobre Clausewitz, confira aqui.
(continua)
Nota: pode acontecer que eu modifique algo no texto.

Vassalagem (4)

O término desta atrasada série.
Durante algum tempo propus-vos algumas ideias sobre os cientistas sociais. Compete-vos, agora, saber se elas vos podem ser úteis, aceitando-as ou recusando-as.
(fim)

Destruindo a agricultura africana

Com o título em epígrafe, um trabalho de Walden Bello publicado em 2008, aqui. Para traduzir, aqui.

Dossier (6) (Edição de 19/08/2011)

Queira conferir a sexta parte de um dossier com peças do semanário "Savana" datado de 19/08/2011, aqui.
(continua)

28 agosto 2011

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
* Genéricos: Dossier "Savana" (6) (Edição de 19/08/2011); Série Tete em fotografia - Boroma (16)
* Séries pessoais: Violentos e calmos (3); E se os Moçambicanos fossem Chineses? (12);  Fio de Ariadne das manifestações mundiais (4); Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (16); Por que brilha o capitalismo? (5); Mudar sem mudar (13); Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique (23); Ditos (17); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (60); África enquanto produção cognitiva (30); Vassalagem (4); Moçambique dentro de 30 anos (série) (6) (recordar aqui e aqui)

Campos de produção de produtores moçambicanos

A vinda de farmeiros brasileiros tem suscitado muito interesse na imprensa local, vinda registada numa postagem deste diário aqui. Regresso brevemente ao tema, através do cabeçalho, creio que possuidor de algum humor, de um trabalho inserto no Financial Times, a saber: "O Brasil finalmente encontrou algo diferente do minério de ferro, da soja e do petróleo para exportar: farmeiros. No próximo mês um grupo de farmeiros brasileiros estará em Moçambique como primeiro passo do chamado negócio Pró-Savana assinado no final do ano passado." Aqui. Para traduzir, aqui.
Brasileiros? Ou Zimbabweanos, Sul-africanos, Nigerianos, Chineses, Vietnamitas, Mauricianos, etc.
Acho que é tempo de pensar em criar não apenas campos experimentais de produtos agrícolas, não apenas cursos para agrónomos e regentes agrícolas, não campos agrícolas para neles sermos apenas mão-de-obra, mas campos de produção e reprodução de produtores moçambicanos, com forte investimento em instalações e insumos, produtores que, depois, financeira e fortemente apoiados, por fases, sejam espalhados pelo país, produzindo e replicando experiências maquinizadas, adicionadas à pecuária extensiva.
Precisamos de um Ministério da Agricultura forte de sucro gástrico e capaz de pensar samorianamente, dentro e para dentro do país.
Adenda às 8:21: mais algumas ideias. Temos de saber desenvolver o campo não com as multinacionais, mas com os nossos farmeiros, especialmente com os farmeiros médios, libertos das rotinas e dos medos da imputação feiticista. Sim, imputação feiticista: a nossa história mostra que muita gente teme produzir mais do que outrem, pois produzir mais do que outrem equivale, nas percepções populares, a sugar o sangue e a vida desse outrem, viver à custa dele, viver à custa da comunidade através do feitiço. O capitalismo agrário é progressista e por isso devemos incentivá-lo, é aí que reside o nosso Mato Grosso, é na nossa alma, nos nossos agrónomos, nos nossos cientistas, nos nossos farmeiros. Mas o que aqui escrevo é apenas um conjunto pobre de ideias, é indispensável pesquisar de forma séria e aprofundada, testar as ideias intersectorialmente, com grande peso do sector da Educação (programas escolares podem favorecer ou dificultar as vias de desenvolvimento agrícola e pecuário). Muitos pensam que as ideias, só por serem suas, são boas. Este é um dos maiores vectores do nosso subdesenvolvimento, a confusão - aos mais variados níveis - entre ideias e realidade, entre boa vontade e conhecimento de terreno, entre demagogia e ausência de estudo, entre crónicas e seminários e pesquisa. Bem, pode ser que regresse com mais algumas ideias.

Violentos e calmos (2)

"Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertolt Brecht).
Um pouco mais desta série.
Creio ser legítimo defender que a nossa concepção de violência baseia-se na violência violenta, é uma concepção muito física, como que quinestésica: um tiro, uma agressão, uma ira sem fronteiras, um discurso, uma manifestação popular, uma carga policial. Quando isso acontece, de imediato salta um fusível perceptivo no comum de nós e dizemos algo como: eis a violência.
Prossigo mais tarde com mais algumas ideias.
(continua)