Durante alguns anos, o nosso Ministério do Interior foi literalmente pilhado em alguns milhões de dólares (220 biliões de meticais da antiga família) - dinheiro dos contribuintes, dinheiro dos doadores -, em mais um exemplo de como o Estado pode ser um veículo de acumulação, de formação e de concentração de renda e de riqueza. Perante uma realidade como essa, é sempre possível, porém, apresentar o Estado como uma organização técnica, colectiva, como algo independente de grupos sociais e de interesses, tal como está patente nesta bela e neutral definição do editorial do semanário "Domingo" de hoje, a propósito "da ordem de prisão a personalidades iminentes do Ministério do Interior" dada pela Procuradoria-Geral da República: "Estado mais não é, no fim e ao cabo, que uma organização obrigatória para criar condições a fim de que os interesses legítimos dos cidadãos, no seu conjunto, prosperem, em clima de paz e concórdia, rumo ao bem-estar. Estado é, por conseguinte, a organização democrática dos interesses dos cidadãos e não dos interesses individuais dos dirigentes do Estado." (p. 2).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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