Outros elos pessoais

31 março 2014

Situações maduras

Adenda: sobre os mais recentes acontecimentos concernentes aos acordos Governo/Renamo, confira o portal da "Rádio Moçambique" aqui.
Adenda 2 às 19:51: entre várias perguntas cujas respostas serão certamente dadas no futuro, está esta: com tanto rigor, com tanta paridade nos "Acordos de Maputo" (prolongamento dos Acordos de Roma de 1992), com tanta despesa a fazer, o que sucederá depois das eleições presidenciais e legislativas, nas quais só pode haver um vencedor?

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Géneros facebookistas

O facebookismo é, provavelmente, uma maneira de fugir ao anonimato e à solidão, na multidão de internautas. Há vários géneros facebookistas, mas coloco a hipótese de poderem ser divididos em quatro grandes categorias:
1. O diário confessional. Aqui, as pessoas dão conta da sua vida, remontam à infância, mostram fotografias, assinalam o que amam e desamam, dizem ostensivamente que existem, apelam ao contacto.
2. O diário fotográfico. Aqui, num ligeiro banho de linguagem do tipo "axo pá que...bjos...kkkkk", a incidência é na fotografia, na pose, jovens fazem o “v” rapista com os dedos, raparigas mostram suas virtudes corporais, pessoas mostram-se em festas.
3. O diário de combate. Aqui, o conteúdo tem a ver com os pontos de vista dos autores, com o debate, com a veemência declarativa, frequentemente de teor político, havendo especial saliência para os feitos pessoais.
4. O diário mestiço. Aqui, os géneros anteriores e outros que é possível considerar, podem combinar-se numa rapsódia, num caleidoscópio. (imagem reproduzida daqui)

No "Savana" 1055 de 28/03/2014, p. 19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do semanário "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.

30 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Qualidade do ensino

Quando falamos de alunos ou sobre eles escrevemos, quando falamos de aproveitamento, de reprovações, de qualidade do ensino, etc., ou sobre isso escrevemos, invariavelmente partimos do princípio de que lidamos com entidades e com quantidades neutras. Por outras palavras, o ensino e todo o seu complexo processualismo são por nós colocados em gavetas tecnicamente tratadas, independentemente das relações sociais e das desigualdades nas quais alunos, ensino e resultados estão insertos. E, em seminários, em debates, em bula-bula informal, com os nossos pontos de vista e com as nossas análises, mais raramente com as nossas pesquisas, decidimos que as coisas estão más ou boas, que as coisas más podem ser resolvidas com determinadas soluções. A psicologização permanente e tecnificada de seres e situações, colocando na penumbra as relações sociais que produzem e reproduzem situações sociais assimétricas, são, quanto a mim, uma das razões, se não a principal razão, por que nós - os analistas, os estudiosos - reprovamos em nossas análises, por que não sabemos ler.

Inscreva-se, participe, divulgue

Amplie clicando na imagem com o lado esquerdo do rato. Confira a página da Conferência aqui.

29 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

A real culpa

Doze pessoas morreram e 18 ficaram feridas no mais recente e trágico acidente envolvendo chapas na Avenida de Moçambique, cidade de Maputo. De acordo com a polícia, citada pela "Rádio Moçambique", "o excesso de velocidade e a falta de perícia por tarde dos condutores das viaturas são as prováveis causas do acidente". Esse é um exercício de imputação causal simples e provavelmente correcto, mas que esconde a real imputação. Todos os dias, centenas de chapas - muitas deles em péssimas condições técnicas - circulam nas nossas cidades com condutores persistentes na contravenção rodoviária. A continuidade desse duplo estado de coisas tem a ver com o ilícito culposo de quem permite que ele se mantenha e se reproduza. A real culpa é, afinal, do Estado.

"À hora do fecho" no "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1055, disponível na íntegra aqui:
Notas: de vez em quando um leitor queixa-se de não conseguir baixar o semanário "Savana" neste diário. Só tem de executar os seguintes três passos: clicar no "Disponível na íntegra aqui" da postagem, a seguir no "Baixar" do programa 4Shared e, a terminar, no "Baixar grátis" também do programa. Por outro lado, de vez em quando também me perguntam por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.

28 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Existe imprensa independente?

Em epígrafe, o tema-pergunta de mais um número em construção da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" (por mim dirigida), da Escolar Editora, com trabalhos dos jornalistas Ethel Correa do Brasil, Tomás Vieira Mário de Moçambique e Nuno Ramos de Almeida de Portugal. Estão no prelo os números com os seguintes temas-perguntas: "O que é racismo?" (autoria: Jaqueline de Jesus e Rosália Diogo do Brasil, Paulo de Carvalho de Angola e Paulo Granjo de Portugal), "O que é saúde mental? " (Bóia Júnior e Narciso Mahumana de Moçambique, Jaqueline de Jesus do Brasil) e "Que arquitectura para os países em desenvolvimento?" (Júlio Carrilho de Moçambique, Niara Palma do Brasil e António Baptista Coelho de Portugal). Na imagem, as capas dos três primeiros volumes, à venda em Maputo a preços acessíveis.
A coleção "Cadernos de Ciências Sociais", editada pela Escolar Editora, pretende dar respostas a perguntas simples sobre temas complexos da vida social, com textos combinando simplicidade e rigor de autores de vários quadrantes do imenso mundo falante de português. Nela apresentarei alguns dos grandes cientistas e intelectuais de ramos diversos que escrevem nessa língua no planeta, inscritos num fórum da coleção que cresce dia após dia.

27 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Mais pode tolerar na periferia

Quanto mais sólido e maior for o partido político (controlando regularmente as malhas da extensão), mais pode tolerar na periferia (secções mais fracas e distantes do centro decisional) os elementos hesitantes ou propensos aos compromissos com adversários.

26 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Teria saído mais barato pagar à Renamo

Com o título em epígrafe, um comentário de Joseph Hanlon no Mozambique 247, com data de hoje: "O recrutamento de três mil pessoas indicadas pelos partidos para a máquina eleitoral vai custar 35 milhões de dólares, afirmou o diretor de Orçamento, Rogério Nkomo, ao programa "O país económico" da STV ("O País" de 24 Março). O maior interesse da Renamo também tem sido garantir emprego aos seus membros e os seus líderes deixaram claro que querem uma parte do dinheiro do gás e do carvão. Se há um ano o governo tivesse oferecido 35 milhões de dólares à Renamo, isso provavelmente teria gerado negociações e Afonso Dhlakama e os seus generais poderiam acomodar-se por 100 milhões de dólares. Isso teria sido barato. A mini-guerra e o reassentamento posterior certamente custarão mais do que isso (tradução minha do inglês, CS)." Recorde o "O País" aqui e ainda Hanlon aqui.

Partido dos Distritos para Todos

-Boa noite, Senhores Telespectadores. Temos hoje conosco o Sr. João Sebastião SaTengo, presidente do Partido dos Distritos para Todos. Muito obrigado por ter aceite o nosso convite. Sr. João SaTengo. Como nasceu o vosso partido?
-Boa noite, meus Amigos de todo o país! O nosso partido nasceu necessariamente da necessária vontade do povo carente da verdadeira luta contra a pobreza absoluta e contra a pandemia do século, o HIV/Sida. Como sentimos essa necessidade necessária, criámos o Partido, o PDPT.
-Mas por quê esse nome?
-É fácil, queremos que os distritos do país sejam de todos e não apenas de alguns. Os ambicionistas querem ficar com tudo e por isso nós nascemos para equilibrar o barco distrital. Temos de saber que o carvão, o petróleo, as areias pesadas e leves, o ferro, o ouro, as pedras preciosas, as madeiras e todas as outras coisas mais, são de todos nós, os distritos são nacionais e não distritais.
-E quando nasceu o vosso partido, Senhor SaTengo?
-Nasceu há dias, como sabe, pusemos anúncio nos jornais.
-E quantos membros esperam ter no futuro?
-No futuro? Mas nós já temos um milhão de membros e vamos abrir delegações em todos os distritos. Nós já existíamos antes de existirmos, somos a voz do povo distrital dos recursos minerais e naturais.
-E quais as vossas expectativas para as eleições de Outubro?
-Nós já ganhámos, vamos só carimbar o pleito. A vitória aguarda-se, a vitória aproxima-se. Viva o Partido dos Distritos para Todos! Vote no carvão, símbolo sagrado do nosso glorioso partido!
-E prontos, Senhores Telespectadores, assim terminamos o nosso programa distrital de hoje, até ao próximo programa. Boa sorte, Senhor João Sebastião SaTengo.

25 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

24 março 2014

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (14); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Espírito do deixa-falar (13)

Membros da equipa, da esquerda para a direita nas caricaturas em epígrafe: Sónia Ribeiro, moçambicana, professora de Biologia, Bairro Sansão Muthemba, cidade de Tete; Carlos Serra, moçambicano, coordenador, Bairro da Polana, cidade de Maputo; Geraldo dos Santos, moçambicano, historiador, Bairro da Malhangalene, cidade de Maputo; Félix Gorane, moçambicano, advogado, Bairro do Macúti, cidade da Beira; Joseph Poisson, francês, farmacêutico, Rue des Écoles (quarteirão latino), cidade de Paris.
Carlos Serra: Bem, Colegas, prossigamos o debate. O Félix e a Sónia deixaram perguntas no encontro anterior. Estou certo de que o Geraldo procurará responder-lhes. Mas, já agora, aproveito a oportunidade para vos colocar a seguinte questão: é legal a apresentação pública de Filipe Nyussi como candidato presidencial da Frelimo? Abraço. Carlos
Geraldo dos Santos: Sobre a pergunta do Félix, é evidente que nunca saberemos por que razão o Comité Central da Frelimo escolheu Nyussi e não Luísa Diogo. Provavelmente a escolha tem muito a ver uma preferência genuína por um candidato que parece reunir as qualidades de um líder ligado ao passado e ao futuro, um líder geracional que vai para a frente e mantém o cordão umbilical com o passado. O facto de se ele ser oriundo de Cabo Delgado, berço da luta de libertação nacional, é um dado importante a esse respeito. Provavelmente, também, contou muito na escolha a propaganda pré-eleitoral, a cadeia de alianças e ofertas estratégicas feitas no seio das diferentes alas da Frelimo. Agora, entro nas duas questões da Sónia. Sobre a primeira: se tivesse havido processos eleitorais na Renamo e no MDM certamente que isso seria motivo de debate aqui. Acredito que o nosso partido aqui é, unicamente, o da busca da verdade. Por outro lado, seria irrealista deixarmos de lado um processo histórico que diz respeito a quem dirige há muito tempo o poder político no país, gostemos ou não dele. O grande problema de muitos de nós é tomarmos certas ideias por ideias a favor ou contra certo partido ou certos partidos, é pensarmos que as nossas ideias favorecem X e não Y, que as nossas ideias são de pregação política. Respeitosos cumprimentos. Geraldo
Félix Gorane: À luz da lei, é manifestamente ilegal o Sr. Filipe Nyussi estar a ser apresentado como candidato presidencial de um partido, na circunstância da Frelimo. Uma viagem de Estado, com recurso a todos os meios do aparelho de Estado, está a servir para promover um partido. Há vários items legais que interditam a propaganda política fora dos períodos eleitorais. Por exemplo, o artigo 27 da Lei da Probidade Pública de 2012. Tenho dito por agora. Cumprimentos. Félix
Joseph Poisson: Mes amis, vocês tous estão gravemente depéndants d´un sédatif chamado partis politiques. Vocês não são capazes de penser fora dos partis politiques? Uma autre chose: como a dit o meu compatriota Michel Cahen, tous les partis politiques du Mozambique sont de la droite, a única chose que querem é favorecer la bourgeoisie nationale. Então vocês tous estão inclinados para esse lado comme la limaille para o fer? Morbleu! Amitiés. Joseph
(continua)
Adenda: a série pode também ser consultada na minha página da Academia.edu, aqui; sobre como nasceu este deixa-falar, confira um texto do Geraldo dos Santos, aqui.

23 março 2014

Hanlon sobre apresentação pública de Nyussi

No Boletim sobre o Processo Político em Moçambique (8), com data de hoje, leia um comentário de Joseph Hanlon sobre a apresentação pública de Filipe Nyussi como candidato presidencial da Frelimo, aqui.

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Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Culto aos presidentes (8); Espírito do deixa-falar (12); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (17); Propaganda eleitoral pelo vestuário (8); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (29); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (78); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

No "Savana" 1054 de 21/03/2014, p. 19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do semanário "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.