Outros elos pessoais

29 março 2014

A real culpa

Doze pessoas morreram e 18 ficaram feridas no mais recente e trágico acidente envolvendo chapas na Avenida de Moçambique, cidade de Maputo. De acordo com a polícia, citada pela "Rádio Moçambique", "o excesso de velocidade e a falta de perícia por tarde dos condutores das viaturas são as prováveis causas do acidente". Esse é um exercício de imputação causal simples e provavelmente correcto, mas que esconde a real imputação. Todos os dias, centenas de chapas - muitas deles em péssimas condições técnicas - circulam nas nossas cidades com condutores persistentes na contravenção rodoviária. A continuidade desse duplo estado de coisas tem a ver com o ilícito culposo de quem permite que ele se mantenha e se reproduza. A real culpa é, afinal, do Estado.

6 comentários:

  1. Sim a culpa, a real culpa é do Estado. Também da pouca ou nenhuma indignação dos cidadãos que pagam impostos ao Estado e elegem os governantes desse Estado.
    A Engenharia de Transporte é um ramo especializado de engenharia e num país onde escasseiam quadros especialistas os ministros de cada pelouro deviam, no mínimo, ter noções básicas da área. O Ministerio dos transportes tem sido prejudicado pela indicação quase sistémica de timoneiros sem soluções nem ideias. É pouco provável que os mais exímios agrónomos, pateiros ou pescadores tenham sequer noção do que é uma rede de transporte para além da óptica de passageiro.
    O resultado desse deserto de estratégias são estas mortes todas a que cada um de nós está sujeito (Sim porque no choque entre dois chapas há-de haver um que estava a conduzir na faixa certa e nesse lugar pode estar qualquer um de nós).
    PS: Já é tempo da policia começar a fazer o seguimento das cartas de condução envolvidas nos acidentes: Seu portador, registo criminal, ficha médica, o responsavel pela validacao da carta no INATER, examinador, instrutor, escola,duração do curso, etc. O resultado pode ser espantoso, pois que não admira se houver por aí bancas de venda de cartas de condução.
    Quanto ao transporte publico insisto que há nas instituições do Estado muito transporte colectivo "privatizado" e ocioso.Se percebermos que este investimento é, afinal, do mesmo Estado que se mostra incapaz de melhorar o transporte público através de entidades especializadas teremos demonstrada grande incompetencia de quem de dever gerir este sector.

    ResponderEliminar
  2. O Jornal "O Pais" de hoje, 31 de Março de 2014, noticia na pag. 12 que 100% da frota dos Transportes Publicos de Inhambane está paralisada. Os autocarros encontram-se parqueadas no Municipio por falta de manutenção.

    ResponderEliminar
  3. Quando morre um rinoceronte vemos membros do Conselho de Ministros e membros da Assembleia da Republica a apelarem para o agravamento de penas contra o caçador furtivo mesmo quando a motivação basica deste é sua fome e a dos seus devida à falta de trabalho que a sociedade devia garantir para toda a gente em idade produtiva.
    Durante a semana passada, só em Maputo,morreram 7 PESSOAS em 19 acidentes de viação onde também sairam feridas com gravidade 34 pessoas. Não foi das piores semanas.
    Como habitualmente a comunicação foi feita pelo Sr Orlando Mudumane, porta-voz da polícia o qual alega irresponsabilidade dos automobilistas como a razão de tanto sangue nas nossas estradas.
    A ninguem ocorre que o que está a acontecer nas nossas estradas é motivo para medidas excepcionais de verificação e controle. Aqui proponho:à semelhança do que se faz com o recenseamento eleitoral, a reciclagem de raiz de todas as cartas de condução profissionais e de serviço público perante um júri multisectorial(Justiça, Interior,Transportes e Comunicaçoes, Saude), extensão do requisito de atestado médico para exames psicotécnicos e saude mental.
    E não é porque os moçambicanos não estão em extinção que merecem menos protecção que a ponta de um corno, Exmos Senhores governantes e legisladores.
    O que esta acontecer nas nossas estradas é um crime da sociedade contra os seus membros por se encontrarem corrompidos os principios de gestão do bem comum.

    ResponderEliminar
  4. Os motoristas dos chapas deviam ter simultaneamente a idade mínima de 30 anos e experiencia de condução de 10 anos.

    ResponderEliminar
  5. Mais um morto por acidente de viação e vários feridos hoje, as 05:30 h em Maputo.
    Devemos estar a caminhar para uma média diária de 2 a 3 mortos em acidente rodoviário por dia no nosso país. Se atentarmos para o facto de haver menos de meio milhão de viaturas no país , não será deslocado pensar que os acidentes estão a matar mais do que os milhões de mosquitos que transmitem a malária. Que o Homem é o predador número um da espécie humana em Moçambique.
    Não é este motivo bastante para a instituição do Estado de Sítio adoc para a Segurança Rodoviária?
    Eu apelo pela intervenção do Governo ao mais alto nível, presidente da República.

    ResponderEliminar
  6. Mais 5 hoje em Morrumbene e 3 em Manica.
    Os carros estão a matar mais do que os homens armados da Renamo.
    Há que repensar na nossa carta de condução. Com urgência

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.