Outros elos pessoais

27 março 2014

Como mostrar que sou puro poder?

Não me interessa aqui o poder motorizado particular do gestor do poder político, o uso privado de viaturas. Interessa-me, sim, a espectacularidade do poder motorizado oficial, desse espantoso poder a grande velocidade que abre caminho através do carro policial da sirene, acompanhado pelas luzes de aviso, protegido pelos agentes de segurança, servido pelas ordenanças. Quanto mais importante o cargo do chefe, mais aparatoso é o poder motorizado. Mas a alma do aparato ultrapassa, afinal, as regras da hierarquia. Mesmo se numa capital provincial de pouco tráfego, mesmo se na sede distrital, o chefe e o sistema tudo fazem para se anunciarem, a visibilidade é de regra. Quanto mais aparato, mais poder genuíno exposto. É imperativa a velocidade, há tenebrosos inimigos à espreita? Creio que o fundamental do poder a expor não reside nessa pergunta, mas nesta: como mostrar que estou em primeiro lugar, que sou elite, que sou puro poder, poder absolutamente não miscível, poder fundador, poder infinito?

3 comentários:

  1. Moçambique deve ser o único lugar no mundo em que as sirenes policiais nunca soam para perseguir e apanhar malfeitores mas apenas para abrir alas para o chefe passar.
    Mas o que mais preocupa não é esse desvio de aplicação dos recursos policiais que ao abrir a auto estrada para a estrutura motorizada têm de oprimir o cidadão para as laterais; O que mais preocupa é a aceitação- ou mesmo demanda- dos dirigentes por situações que exigem esta mais do que evidente diminuição dos direitos do povo, este apartheid rodoviário.
    Seu estiolados dirão: assim se faz em todo o mundo. Esquecem que na parte sã do mundo os impostos do cidadão se aplicam em infra-estruturas prioritárias e não em apitos e vuvuzelas para a polícia abrir caminho.

    ResponderEliminar
  2. "Seu estiolados" no lugar de "se questionados"

    ResponderEliminar
  3. O espectáculo é diário por exemplo na marginal de Maputo.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.