Outros elos pessoais

31 dezembro 2013

Desforra libertária

É sempre fascinante verificar quanto as mudanças de ano apelam a um vigoroso resgaste dos sentidos contra o império da razão disciplinadora. Comer, beber, dar curso ao excesso, fazer amor em cima das nuvens, romper as amarras da conveniência: eis a desforra libertária. É como se a razão precisasse de emoções anuais para dar aos carris da vida o sentido da normalidade educada.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Espírito do deixa-falar (3); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (12); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Vertical e corajoso

Quelimane ou Cálimane (escolham), a cidade-coco, de história anterior ao século XVI: os palmares encostam-na ao céu, o casario vetusto de alvenaria planta-a no passado, o mundo baixo e lodoso coberto de macubar na periferia espreita inquieto o futuro, as bicicletas originalizam-na em permanência. É aí que é produzido o "Diário da Zambézia" digital, propriedade do António Zefanias, um jornal vertical e corajoso. Confiram o número de hoje aqui.
Observação: quanto mais pequenas as terras, quanto mais pequenas as cidades, quanto mais distante se está do cosmopolitismo decisório de Maputo, mais difícil é ser vertical e corajoso.

O duplo constrangimento governamental

Apanhado por uma tempestade de neve quando dormia na sua cabana, o herói de um filme de Charlie Chaplin foi arrastado para a borda de um precipício dentro da cabana. Ao acordar, quis sair. Mas se avançasse para o lado do precipício, a cabana tombava; se recuasse e pretendesse sair, a tempestade aguardava-o. O herói de Chaplin não podia nem habitar a cabana nem deixá-la. Eis um duplo constrangimento.
Acontece que surgem regularmente notícias de acções militares no centro do país regra geral dadas a conhecer por este ou aquele jornal digital, esta ou daquela agência noticiosa estrangeira, por este ou aquele gestor de uma página numa dada rede social digital. Raramente há confirmação ou desmentido oficial.
Se o governo não dá conta com prontidão e regularidade do que verdadeiramente se passa no centro do país em termos da guerrilha que ali opera, dá azo ao diz-que-diz, ao bula-bula digital, ao boato. Consequências que, certamente, o governo não deseja.
Se o governo dá regularmente conta com prontidão e regularidade do que verdadeiramente se passa no centro do país em termos da guerrilha que ali opera, permite que se conclua haver efectivamente uma "guerra civil". Consequência que, certamente, o governo também não deseja.
Tenho por hipótese que este é mais um duplo constrangimento. Duplo, dramático e real.

O que é um herói?

O que é um herói? Um herói é a conjunção de dois fenómenos: os seus feitos reais ou imaginários e a nossa necessidade de feitos especiais. Frequentemente o peso da nossa necessidade (popular, religiosa ou política) de feitos suplanta os feitos reais ou imaginários do herói e consegue dar-lhes uma dimensão mais marcante, mais sonante ainda, quase divina ou integralmente divina.
Quando queremos reconstituir a unidade psíquico-comportamental de um herói, confrontamo-nos com inúmeros espelhos com ângulos de refracção diferentes. O herói foi, evidentemente, várias coisas na sua vida, mas as nossas necessidades (da gente comum, dos povos em luta, dos historiadores, dos políticos, dos chefes religiosos) podem sobrevalorizar - e frequentemente fazem-no - esta ou aquela característica, característica seleccionada que acaba por eclipsar as outras facetas do herói.
Isso é especialmente marcante na ocorrência da morte. Com efeito, a morte de alguém concorre para a criação ou para a ampliação das características do herói ou da característica central do herói. As representações sociais que as produzem ou a produzem acabam por diluir, por atenuar, por disfarçar e, até, por apagar, as facetas normais do homem comum, os seus defeitos, a aspereza do seu comportamento, etc. O herói surge, então, furtado à comezinha trajectória humana na sua qualidade mítica, sobre-humana, definitiva, eterna.
Adenda: recorde este meu trabalho intitulado O conflito na produção de heróis em Moçambique, aqui.

30 dezembro 2013

Problema

Quanto menos informação oficial actualizada houver sobre certos fenómenos graves, mais espaço existe para o diz-que-diz, o bula-bula digital e o boato.
Adenda às 20:20: leia amanhã neste diário um texto cujo título poderá ser "O duplo constrangimento governamental".

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Espírito do deixa-falar (3); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (12); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

No "Savana" 1042 de 27/12/2013, p. 19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do semanário "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.

Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (11)

Décimo primeiro número da série. Prossigo no segundo ponto do sumário proposto aqui. 2. Dois paradigmas de propaganda eleitoral. Ressalvei no número anterior que iria retomar os dois paradigmas de propaganda eleitoral, o paradigma do passado e o paradigma do futuro. Começo pela Frelimo. A propaganda eleitoral desse partido teve a marca habitual: tentar convencer os potenciais eleitores do seu poder, material e simbólico, através de uma vasta gama de mercadores indo dos cartazes aos espectáculos musicais, passando pelos desfiles motorizados. A colocação dos cartazes é, a esse nível, paradigmática. Tentarei mostrar mais tarde por quê.
(continua)

Falta de diálogo também é diálogo

Não são poucas as vozes a defender que verdadeiramente não tem havido diálogo entre governo e Renamo nas sessões semanais realizadas no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, cidade de Maputo. Sem dúvida que pela alma da lógica formal não há diálogo, aquele diálogo que gera resultados concretos, que gera frutos. Porém, pela alma da lógica dialéctica há diálogo, o diálogo das trincheiras e das guerrilhas simbólicas, com presenças e evitamentos, teses e antíteses. No primeiro caso mandam os discursos, no segundo mandam os recursos de poder.
Adenda às 07:48: confira aqui.

Um ecossistema político-empresarial

Para saber da íntima associação entre políticos, Estado e Capital em Portugal (1975-2013), explore este trabalho de Pedro Miguel Cruz, com o título em epígrafe, aqui.
Observação: o leitor atento bem sabe que a associação mostrada está globalizada. Para o nosso caso, confira aquiaqui, aqui e aqui.

29 dezembro 2013

Tese do suicídio posta em causa

Ouvido pela estação televisiva STV no jornal da noite das 20 horas, Alves Gomes, vice-presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique para a Área da Aviação Civil (na imagem), afirmou não haver provas que sustentem a tese do suicídio levada a cabo pelo comandante do avião TM 740 das LAM - caído na Namíbia -, corrente em alguns círculos de opinião do país. Mais: os investigadores podem ter ignorado o manual de instruções do avião. Finalmente, Alves Gomes disse que o comandante do avião não tinha problemas sociais.
Observação: recorde esta minha postagem aqui.
Adenda às 07:45 de 30/12/2013: confira no "O País" digital, aqui.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Espírito do deixa-falar (3); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (11); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Longo feriado

Um comunicado de imprensa dá conta de haver tolerância de ponto todo o dia nos dias 2 e 3 de Janeiro de 2014 para trabalhadores e funcionários públicos. Aqui e aqui. Tanto quanto me recordo, é a primeira vez que tão longo "feriado" ocorre na história do país (por favor corrijam-me caso esteja errado).

Credibilidade

Um jornal digital dá conta de ataques da Renamo no centro do país nos dias 24, 27 e 28 do corrente mês. Para 27 e 28, as notícias são dadas por um cidadão. Aqui. Tanto quanto pude investigar, mais nenhum jornal ou agência noticiosa digital reportou esses ataques. Para estudos sobre credibilidade informativa, confira aqui.

Espírito do deixa-falar (2)

Membros da equipa, da esquerda para a direita nas caricaturas em epígrafe: Sónia Ribeiro, moçambicana, professora de Biologia, Bairro Sansão Muthemba, cidade de Tete; Carlos Serra, moçambicano, coordenador, Bairro da Polana, cidade de Maputo; Geraldo dos Santos, moçambicano, historiador, Bairro da Malhangalene, cidade de Maputo; Félix Gorane, moçambicano, advogado, Bairro do Macúti, cidade da Beira; Joseph Poisson, francês, farmacêutico, Rue des Écoles (quarteirão latino), cidade de Paris.
Sónia Ribeiro: Uau!, cá estamos de novo, faz muito tempo que não nos falávamos, vamos a ver se agora não vamos ter de novo o "pneu" da boa-vontade furado... Não sou nada forte nestas coisas da política, mas sinceramente gostava de saber por que razão os camaradas são obrigados a ter que escolher um entre três que não escolheram. O comité central tem menos força do que a comissão política? Não têm os camaradas do comité central forma de proporem outros candidatos? Vamos a ver o que vocês, seus mandriões, respondem. Um beijinho do tamando do Zambeze. Sónia
Carlos Serra: bem-vinda, Sónia. Talvez não fosse má ideia consultarem este documento aqui. Enquanto isso, julgo saberem que foram abertas no facebook, sob proposta creio que de militantes anónimos da Frelimo, páginas de apoio às candidaturas presidenciais de Eneas Comiche, Luisa Diogo e Eduardo Mulémbuè. Abraço. Carlos
Geraldo dos Santos: cumprimento-vos com grande alegria. Olhem, quanto a mim não vejo qualquer inconveniente que haja três pré-candidatos, o número três até é o número do equilíbrio, o problema está em que parece não haver alternativas ao nível do comité central. Nos Estatutos da Frelimo existe o artigo 78 que especifica o seguinte: "Sem prejuízo das competências atribuídas nos presentes Estatutos, relativamente a Comissão Política, o processo e os critérios de selecção de candidatos da FRELIMO para cargos políticos e públicos é definida em directiva específica aprovada pelo Comité Central." Respeitosos cumprimentos. Geraldo
Joseph Poisson: alors, meus amis, anda por aqui muita chose étrange, je pense que há neste lieu muitos camarades fazendo propagande do seu partido. A madame Sónia par exemple, o cabotin do Carlos e essa habitual beurre que é o Geraldo. Alors, favor ficar alerte com os partisans. Para rapport ao que escreveu o Mr Gorane, há-de chegar a réponse. Amitiés. Joseph
(continua)
Adenda: a série pode também ser consultada na minha página da Academia.edu, aqui; sobre como nasceu este deixa-falar, confira um texto do Geraldo dos Santos, aqui.

28 dezembro 2013

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Espírito do deixa-falar (2); Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (11); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Espírito do deixa-falar (1)

Membros da equipa, da esquerda para a direita nas caricaturas em epígrafe: Sónia Ribeiro, moçambicana, professora de Biologia, Bairro Sansão Muthemba, cidade de Tete; Carlos Serra, moçambicano, coordenador, Bairro da Polana, cidade de Maputo; Geraldo dos Santos, moçambicano, historiador, Bairro da Malhangalene, cidade de Maputo; Félix Gorane, moçambicano, advogado, Bairro do Macúti, cidade da Beira; Joseph Poisson, francês, farmacêutico, Rue des Écoles (quarteirão latino), cidade de Paris.
Carlos Serra: Bom dia, caros amigos do deixa-falar. Decidimos, colectivamente, reactivar esta secção, desta vez aqui, no diário. Cada um de nós tem livre acesso à plataforma das postagens do blogue e por isso nada custa escrever e introduzir as contribuições. Ao Joseph: por favor procura escrever português que se perceba. E combinámos telefonicamente que eu daria o pontapé de saída. O pontapé de saída aqui vai: segundo certa imprensa, o candidato presidencial da Frelimo sairá obrigatoriamente dos três pré-candidatos há tempos indicados pelo partido. Segundo a "Agência de Informação de Moçambique", "Quem não é membro da Comissão Política não tem o direito de escolher os pré-candidatos. A Comissão Política já tem os três nomes. Entre estes três membros é onde vai sair o nosso candidato a Presidente da República. Como sempre este foi o nosso procedimento”, disse, Paúnde, em conferência de imprensa havida hoje, em Maputo." O que acham? Abraço. Carlos
Joseph Poisson: velho cabotin, caros amis, je pense que tudo isso é l´histoire habitual dos partis comunistas, voilà. Vocês sabem bien como as choses são, meia dúzia de tipos decidem que a laranja deve ser vert et tout de suite la plèbe deve aceitar. Morbleu! Amitiés. Joseph
Félix Gorane: Esse senhor Poisson continua o peixe habitual das águas turvas ocidentais. Mas quem lhe disse, caro cavalheiro, que se trata tudo de coisas de um partido comunista, hã? O seu ofício de farmacêutico não sabe estar mais perto da verdade? Mais perto da democracia? E faça favor de corrigir esse horrível "português". Cumprimentos. Félix
(continua)
Adenda às 08:45: a série pode também ser consultada na minha página da Academia.edu, aqui.
Adenda às 08:50: sobre como nasceu este deixa-falar, confira um texto do Geraldo dos Santos, aqui.

Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (10)

Décimo número da série. Permaneço no segundo ponto do sumário proposto aqui. 2. Dois paradigmas de propaganda eleitoral. Referi no número anterior que nada custa fazermos uso de explicações generalizadoras e imediatas do género o povo está cansado e o povo quer mudança. Mas não só: também nada custa sustentar que O MDM recolheu os votos da Renamo ausente ou que Não foi o MDM que ganhou foi a Frelimo que foi castigada. É possível encontrar outras posições do mesmo jaez especulativo. Ora, não há por agora estudos sobre a estrutura votal e suas configurações. Assim sendo, temos de ser muito cautelosos. O mais que devemos fazer é avançar algumas hipóteses. É a este nível que vou retomar os dois paradigmas de propaganda eleitoral, o paradigma do passado e o paradigma do futuro. Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)

27 dezembro 2013

Um deles será

Longamente citado pela estação televisiva STV no jornal da noite das 20 horas, o secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde, afirmou que o candidato presidencial do seu partido sairá dos três pré-candidatos indicados pela Comissão Política: José Pacheco, Alberto Vaquina e Filipe Nyussi.
Observação: por outras palavras, não haverá alternativas. Recorde neste diário aqui.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (10); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Brevemente

Aqui. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.

Previsão de regresso "Do espírito do deixa-falar"

Membros da equipa, da esquerda para a direita nas caricaturas em epígrafe: Sónia Ribeiro, moçambicana, professora de Biologia, Bairro Sansão Muthemba, cidade de Tete; eu, moçambicano, coordenador, Bairro da Polana, cidade de Maputo; Geraldo dos Santos, moçambicano, historiador, Bairro da Malhangalene, cidade de Maputo; Félix Gorane, moçambicano, advogado, Bairro do Macúti, cidade da Beira; Joseph Poisson, francês, farmacêutico, Rue des Écoles (quarteirão latino), cidade de Paris.

Três movimentos

A vida humana é, em grande medida, uma constante disciplina do pormenor, da incerteza e da dúvida. Essa disciplina opera, normalmente, através de três movimentos: o movimento do julgamento retrospectivo (do género "se assim foi no passado, sempre assim será"), o movimento da indução simplificadora (trata-se do "efeito do corvo negro": se encontramos um corvo negro, somos tentados a supor que todos os corvos são negros) e o movimento infra-intelectual da precedência afectiva (primeiro os nossos, depois os outros). É com esses três movimentos que naturalizamos o que é socialmente produzido. E fazemo-lo apenas com alguns indícios, com alguns dados. Com meia dúzia de fragmentos enfrentamos o futuro, com o que temos atrás vamos ao encontro do que está à frente. Os hábitos são a chave que abre e domestica o imprevisto. Na verdade, face às coisas novas, somos tentados a reconduzi-las, rapidamente, às coisas velhas.

A reter

O fundamental a reter é que não são os sentimentos em si ou supostas pulsões originais que estão na origem dos conflitos sociais de natureza racial e étnica, mas os fenómenos de posse e privação que irrigam a e são irrigados pela interacção social .

Soluções ganhantes

Quando está em causa a luta política imediata e o acesso privilegiado a recursos de poder, os exercícios identitários de categorização social tornam-se rapidamente estratégicos e agudos, ganham um corpo doutrinal acabado e visam deliberadamente o que Foucault chamou soluções "ganhantes". A alteridade do Outro surge como um alvo a atingir e a recusar.

26 dezembro 2013

De novo as misérias da vida

No dia 17 deixei aqui uma postagem, intitulada "Misérias da vida", alusiva à batalha entre descendentes de Nelson Mandela em torno do legado financeiro do falecido estadista. Aqui. Regresso ao tema agora em torno da pressão exercida sobre a viúva Graça Machel por causa da casa que habitava com o seu falecido marido, caso seja verídica a história contada pelo City Press. Aqui.

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (10); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Coleção "Cadernos de Ciências Sociais"

Os dois números com as capas abaixo já estão à venda em Maputo, Lisboa e Luanda:
Brevemente à venda o terceiro número da coleção com a capa abaixo:
Já no prelo o número com o tema-pergunta: Que arquitectura nos países em desenvolvimento? (arquitectos autores: Júlio Carrilho de Moçambique, Niara Palma do Brasil e António Baptista Coelho de Portugal). Números em preparação com os seguintes temas-perguntas: O que é racismo?, Literatura: neutra ou engajada?, Direito e Justiça: antónimos ou sinónimos?, O que é saúde mental?, O que é violência social?
A coleção "Cadernos de Ciências Sociais" pretende dar respostas a perguntas simples sobre temas complexos da vida social, com textos combinando simplicidade e rigor de autores de vários quadrantes do imenso mundo falante de português. Nela apresentarei alguns dos grandes cientistas e intelectuais de ramos diversos que escrevem nessa língua no planeta, inscritos num fórum da coleção que cresce dia após dia.

Por terras de Tete

Adenda às 08:37: recorde um texto de 2006 do brasileiro Beluce Bellucci,  aqui.

25 dezembro 2013

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (10); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)

Poucos estão dispostos

É muito frequente atribuírmos a entidades especiais a razão de ser das coisas boas e más da vida. Essas entidades especiais têm nomes sonantes como paz, guerra, violência, etc., com elas produzimos desejos fortes do género "queremos paz", "não à guerra", "basta de violência". Claro que essas entidades são habitadas por pessoas, mas estas são despojadas das relações políticas e feitas residências exclusivas de bons e maus comportamentos. Poucos estão dispostos a estudar as relações e os mecanismos de poder, a produção simbólica de poder, a conflitualidade embutida nisso tudo.

24 dezembro 2013

Postagens na forja

Eis alguns dos temas que, progressivamente, deverão entrar neste diário a partir da meia-noite local:
Séries pessoais: Politizar cientificando: autárquicas Moçambique 2013 (10); Propaganda eleitoral pelo vestuário (7); Discursos presidenciais e escritores-fantasmas em Moçambique (3); Da purificação das fileiras à purificação das ideias (4); Luta política: a Pasárgada da Renamo (21); A cova não está em Muxúnguè (28); Por que os médicos venceram? (21); Vídeosocial de Maputo (4); A raça das raças (7); Desunidos e unidos (5); O poder de nomear desviantes e vândalos (15); Sobre o 15 de Novembro (19); Produção de pobreza teórica (8); O discurso da identidade nacional (12); Como suster os linchamentos? (17); O que é um intelectual? (14); Democracia formal e prescrição hipnótica (9); A carne dos outros (23); A difícil fórmula da distribuição de consensos (49); Modos de navegação social (22); Ditos (74); O que é Moçambique, quem são os Moçambicanos? (102)