Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
31 agosto 2006
Rizoma
Terrível pergunta disjuntiva, dramática maneira de separar o inseparável. Cada vez mais sei que não sei responder. E por isso ganho crescentes úlceras epistemológicas.
Nada no social pode ser entendido se não formos plurais em tensão, se não nos despirmos definitivamente dos compartimentos feudais que fazem a fortuna da ciência há séculos.
Sou quase definitivamente rizomático, transfronteiriço: estou em todas as trincheiras, sou-as todas. Deixem-me confessar-vos uma coisa: sou um bricoleur do espanto. Quando sinto que o espanto desapareceu, eu o reinvento.
Quem, realmente, em boa fé, pode estabelecer fronteiras no social?
Sou irremediávelmente mestiço, cada vez mais me penso na tensão cognitiva do entre-dois, estrangeiro às dicotomias cognitivas, às taxonomias do ser para mergulhar na vida do estar-a-ser.
Sou? Não, sinto-me ser. Melhor: estar a ser.
Cultura acústica e letramento em Moçambique
"Associação dos Desempregados de Moçambique" entra na política
Bicicletas-táxi
Popularmente acredita-se que nenhum homem o é se não tiver uma bicicleta.
Renamo e armas
Fonte: http://www.stop.co.mz/news/new.php?idnew=11184&idt=3025
Regra geral, notícias deste tipo surgem quando se aproximam as eleições no país.
"Associação de jovens desempregados profissionais de Moçambique"
"Associação de Jovens Desempregados Profissionais de Moçambique(AJODEMO)
SIGLA: AJODEMO NOME DA
ORGANIZAÇÃO (por extenso): Associação de Jovens Desempregados Profissionais de Moçambique
ENDEREÇO SEDE: FONGZA, Quelimane Telefone: (+258.4) 214498/212839
DELEGAÇÕES: Chimura-Mopeia, Alto-Molócue
NOME E CARGO DO RESPONSÁVEL: Lordino Mulemeia Pedro, Presidente
NOME E CARGO DA PESSOA DE CONTACTO: Lordino Mulemeia Pedro, Presidente
NATUREZA JURÍDICA: Associação sem fins lucrativos
FILIAÇÃO NOUTRAS ORGANIZAÇÕES: FONGZA
PARCERIAS: EDM - Quelimane
OBJECTIVOS: Desenvolvimento comunitário para desempregados
DOMÍNIOS DE ESPECIALIZAÇÃO: Contabilidade, pintura, construção civil, carpintaria, jardinagem
ÂMBITO GEOGRÁFICO: Provincial
GRUPOS SOCIAIS PARTICIPANTES: Desempregados de todos níveis
FONTES DE FINANCIAMENTO: Prestação de serviços, EDM"
Fonte: http://www.stop.co.mz/guia_das_ong/ong.php?iddetail=134&tipo=3387&page=
Negoceia-se aumento salarial de 27.7% para deputados
No leque das muitas regalias de que dispõem os deputados, o salário de um membro do CPAR é superior ao de um professor catedrático e o do simples deputado não está muito distante.
O que pensará o Povo (ainda acredito nas virtudes desta palavra) do pedido de aumento salarial? E, em particular, o que pensarão os professores, os operários?
T3: curandeiros chamados para descobrirem criminosos
(Recordo que existem neste diário várias entradas sobre o T3).
Em meio a um fenómeno complexo, interessante luta esta entre os gestores do visível (polícia) e os do invisível (curandeiros).
Novo blogue
30 agosto 2006
A "purificação" da viúva e o HIV/SIDA
O jornal assegura que as relações são mantidas sem protecção. Adquirido o vírus, as pessoas alegam sofrer não de SIDA, mas de "mbepo", uma doença que é suposta surgir da infracção das regras costumeiras, como, por exemplo, aborto, infedelidade conjugal, ausência de cerimónias para reverenciar os ancestrais, etc.
Entretanto, o jornal dá ainda conta de que o costume “passou a ser um verdadeiro negócio para os homens que são contratados e pagos para manter relações sexuais com viúvas”.
Porém, para se ter uma real dimensão do drama, teria sido importante conhecer o que se poderia chamar "taxa de mortalidade marital".
Riscos políticos de "baixa-média" intensidade para Moçambique
O relatório afirma que a pesquisa durou duas semanas e que foram ouvidas mais de 30 pessoas, dos mais variados extractos sociais, em Maputo e Beira (obra de monta esta!).
A metodologia utilizada não está à nossa disposição.
Os pontos de vista expressos são supostos não representar a posição do DFID.
Veja o relatório num meu outro blogue referenciado logo abaixo.
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http://relatoriosdiversos.blogspot.com
Um especial agradecimento ao Egídio Vaz, por me ter facultado o relatório.
28 agosto 2006
Seminários
Departamento de Arqueologia e Antropologia
SEMINÁRIOS DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA
I
METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTOS URBANOS
TERESA CRUZ E SILVA
Centro de Estudos Africanos
II
IDENTIDADES COSTEIRAS EM CABO DELGADO
RAFAEL DA CONCEIÇÃO
Dep. Arqueologia e Antropologia
Quinta-feira, 31/08/06, 10.00 horas
LOCAL: SALA CP 2501
Novo Complexo Pedagógico
Campus Universitário Principal
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Apoio: Kula – Estudos e Pesquisas Aplicadas
Eclipse preguiçoso das fontes
Muitos dos nossos jornais são exímios no eclipse preguiçoso das fontes netianas. A página internacional do Notícias é um exemplo flagrante e sistemático .
Proposta: camponeses accionistas de mega-projectos
"Ninguém sabe porque é que a nossa legislação não permite que os camponeses afectados por mega-projectos, em vários cantos do País, possam tornar-se accionistas desses mega-projectos, eliminando, de uma vez por todas, a sua pobreza secular. O que se assiste é um piedoso movimento de movimentação/deslocação e reassentamento, muitas vezes, em terras menos férteis e culturalmente desajustadas aos interesses das populações “donas” das terras cujos subsolos possuem minérios que cativam os mega-projectos.
Imaginem, compatriotas, as populações de Topuito como accionistas do mega-projecto de areias pesadas de Moma! Imaginem a revolução que isso não causava, não só nas suas vidas, como o seu efeito multiplicador no desenvolvimento de toda a costa de Moma até Angoche, alcançando Mogovolas e arredores! Imaginem que às populações de Chibuto fosse permitido pela lei, negociar, através do seu administrador distrital, acções no mega-projecto de areias pesadas do “Corridor Sands”! E imaginem o resto de mega-projectos deste País, os quais, apesar de serem projectos do primeiro mundo, possuem, nos seus arredores, cinturões de pobreza absoluta do quinto mundo. A enxada não será suficiente para mudar a face destas populações. É preciso que haja criatividade legislativa para se acelerar o passo!"
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http://www.zambeze.co.mz/zambeze/artigo.asp?cod_artigo=174500
Barómetro da liberdade de imprensa 2006
17 colaboradores mortos
131 jornalistas presos
3 colaboradores presos
57 cyberdissidentes presos pela sua actividade na Internet
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http://www.rsf.org/rubrique.php3?id_rubrique=20
27 agosto 2006
O drama das crianças-trabalhadoras em África
Segundo as Nações Unidas, em 2004 mais de 49 milhões de crianças com 14 anos ou menos trabalharam na África subsariana. Veja a seguir uma passagem em língua inglesa:
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By the United Nations’ latest estimate, more than 49 million sub-Saharan children age 14 and younger worked in 2004, 1.3 million more than at the turn of the century just four years earlier. Their tasks are not merely the housework and garden-tending common to most developing societies.
They are prostitutes, miners, construction workers, pesticide sprayers, haulers, street vendors, full-time servants, and they are not necessarily even paid for their labor.
Some are as young as 5 and 6 years old.
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http://www.nytimes.com/2006/08/24/world/africa/24zambia.html?_r=1&oref=slogin
Foto do New York Times
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O número é impressionante, mas certamente subavaliado. Com efeito, é quase impossível calcular o número de crianças que trabalham a coberto de laços parentais e que, portanto, não possuem visibilidade. Possuo alguma experiência nesse campo de impotência, após ter dirigido uma pesquisa sobre tráfico de menores em Moçambique.
Olhos e lupas
Claro, não se trata de um aforismo sociológico.
Masculinocídio
Fiz uma busca na blogosfera com a frase “blogues de mulheres”. Entre os vários surgidos, fixei um, gerido por três mulheres, um blogue de uma beleza sociológica ática, nascido o ano passado:
http://blogsbywomen.blogspot.com/
Lá é claramente afirmado que Blogs by Women é um pouco de tudo, que também é uma conferência. A segunda conferência ter-se-á realizado a 27 de Julho. Homens eram bem-vindos, mas apenas as mulheres poderiam ser oradoras, painelistas e líderes de discussão. Eis o texto em inglês:
BlogHer is many things to many women. It's a community, a conference, and since May, it'san advertising network. The second edition of the conference will be Friday and Saturday in San Jose. Camahort said Friday's sessions are sold out, and organizers are expecting at least 700 on Saturday, more than double last year's turnout.
Both men and women are welcome, but only women will take the stage as speakers, panelists or discussion leaders."We're focusing on what women are accomplishing," Camahort said.
BlogHer was born in early 2005, when Camahort and co-founders Lisa Stone and Jory des Jardins got fed up with males in the blogosphere asking, "Where are all the women bloggers?"
The question became a rallying cry.
The answer? They were everywhere, but it wasn't always that easy to find them.
26 agosto 2006
Proximidade
Pergunta
25 agosto 2006
T3: estrangeiros acusados de violar mulheres à distância
Criminalidade e uso excessiva de força pela polícia instalaram um clima de terror entre os moradores do bairro T3, município da Matola (vide minha entradas anteriores sobre o bairro).
A situação é tão grave, que se vive no bairro uma espécie de recolher obrigatório, com os comerciantes informais encerrando os seus estabelecimentos muito antes das 21 horas.
No que concerne à violação de mulheres, os estrangeiros ali residentes são o bode expiatório e acredita-se que introduziram uma magia capaz de fazer com que um homem possa violar uma mulher à distância.
Ali vivem Nigerianos, Etíopes, Ruandeses, Somalianos e Congoleses.
Os jornalistas Carla Lopes e Jaime Ubisse descreveram exemplarmente o mecanismo de imputação causal : “E, na procura de respostas fáceis, os residentes encontram nesta pequena comunidade de estrangeiros o elo mais fácil da cadeia.”
(“Savana” de hoje (25/08/06, p.4)
II
Eis uma forma de contar uma história certamente falsa (magia estrangeira) para sublinhar um problema real (intranquilidade social).
Numa situação clássica de imputação causal por transferência, o estrangeiro (o estranho, o distante, o desconhecido) surge como o vírus, a metástase perigosa, o agente patogénico que gera a anomia social.
24 agosto 2006
Da razão imperial às razões alternativas e populares [2]
Durante séculos, a razão imperial procurou desalojar de todos nós tudo o que era sentimento, sonho, arroubo, poema, horizonte.
Durante séculos, a razão imperial agiu como um fagócito, atacando e digerindo saberes tradicionais, cantonais, populares.
Um autêntico canibalismo epistemológico.
Esquecemo-nos nós, cientistas sociais, nós os sacerdotes da verdade imperial, nós em nossas togas de cardeais e nas nossas igrejas científicas, nós oficiantes dos templos dos congressos e dos seminários, esquecemo-nos de que se apenas existe uma fechadura social, várias são, porém, as chaves que a ela têm acesso, todas elas* legítimas, porque produto de construções sociais distintas.
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*Com excepção, claro, das chaves assassinas. Voltarei ao tema logo que possa. Escutem: desde o princípio que vos digo que este diário é construído como se numa oficina.
Na Catembe: 13 cadáveres exumados por causa da mansão de Chissano
A remoção foi precedida de uma cerimónia de apaziguamento dos espíritos dos mortos (quase todos pescadores), com recurso a vinho, frangos e uma vaca, disponibilizados pelo governo local aos parentes dos exumados. Cerca de 100 pessoas estiveram presentes.
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http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=7&idRec=845
Agradeço ao Egídio por me ter chamado a atenção para essa notícia.
Da razão imperial às razões alternativas e populares [1]
23 agosto 2006
Ciência, mitos
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Feyerbend, Paul K., Une connaissance sans fondements. Paris: Éditions Dianoïa, 1999, p. 74.
Mestre e curandeiro fala de medicina tradicional
Segundo Mahumana, citado pelo jornal, a medicina tradicional é tão moderna e curativa quando a biomedicina. Os seus médicos também investigam. Podemos ensinar que o HIV/SIDA se transmite por um vírus, mas também devemos ensinar que há formas de transmissão e contaminação espirituais e simbólicas. Uma pessoa que perdeu parentes está impura, uma pessoa exposta à guerra e à morte fica impura. A contaminação não é biológica, mas cultural, segundo Mahumana. Existem múltiplos modelos de eficácia. A eficácia não está apenas no hospital, mas também na medicina tradicional. As doenças são também sociais. A medicina tradicional não está a resolver problemas do século passado, está a resolver problemas actuais, por isso é moderna. Ela requer melhor integração social e deve jogar um papel político crescente.
22 agosto 2006
Sobre este blogue
oficinadesociologia.blogspot.com
Site Stats for blogger.com:
Average Traffic Rank: 19
Other sites that link to this site: 111,291
Speed: Slow (33rd percentile)
Online Since: June 22, 1999 (???????)
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O blogue é dado como tendo nascido em 1999, quando nasceu em Abril deste ano.
Gorongosa: seis detidos acusados de antropofagia
Segundo um porta-voz da polícia, uma das acusadas comia um dedo de uma mão do filho.
O mesmo porta-voz afirmou que os detidos confessaram o acto e argumentaram que o faziam por razões ligadas “a práticas tradicionais ou de curandeirismo”.
Ainda de acordo com o jornal, o porta-voz da polícia mostrou-se “alarmado pelo facto de, segundo as suas palavras, a quantidade de carne e ossos humanos descobertos desta vez ser superior ao que havia sido encontrado no primeiro caso”.
In http://www.jornalnoticias.co.mz/pt/topoption/55
Vejam, entretanto, uma recente entrada minha sobre o mesmo tema.
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DO LADO DIREITO CLIQUE EM "CAST YOUR VOTE" E PREENCHA O MEU QUESTIONÁRIO SOBRE ANTROPOFAGIA.
OU CLIQUE NO SEGUINTE ENDEREÇO:
http://pub15.bravenet.com/vote/vote.php?usernum=1255884103&cpv=2
MUITO OBRIGADO!
De novo sobre bloguismo
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Blogs Count
Jeffrey Henning
5/26/05 - 3:01 AM - The Wall Street Journal tackles the difficult issue of blog statistics: Measuring the Impact of Blogs Requires More Than Counting. Carl Bialik makes many good points, specifically as to why people are obsessed with counting blogs but not web pages:
First, let's step back and consider why we're counting blogs at all. You no longer see articles that attempt to demonstrate the legitimacy of the Web by stating how many Web pages there are. But blogs are still in the process of entering mainstream consciousness, so numerical credibility is important; bloggers themselves cite the statistics a lot.
It's a daily struggle for "numerical credibility", and Mr. Bialik has a great track record in his column, The Numbers Guy, yet in this case I'm not certain he's right:
No one has sole control of the definition of blog, but it seems to me that for the sake of counting, Technorati and BlogPulse are right to exclude the private blogs. That puts their estimates below those from some other analysts, but the companies are focusing on what they can directly count, and relying less on estimates.
I told Mr. Bialik on the phone that I didn't have a firm estimate of private blogs--which I defined as blogs that are visible only to the author's friends--but if I had to guess I told him it was less than 5% of the blog population we were reporting. Since I told him that on the record, I'm certain he defines "private blogs" differently than I do, since not only does no one have sole control of the definition of "private blog", it's not even a common distinction.
Perhaps Mr. Bialik is defining "private blog" as blogs with few readers. If that is the case, Technorati and BlogPulse don't exclude such blogs at all; they both index many LiveJournal accounts, even though LJ accounts have a median of five defined friends. Hardly "public" blogs. Since the indexing services include these, that's probably not his definition.
More likely, as I think about it, he is defining "private blogs" as "blogs that don't ping anybody". Since the blog-indexing services, and let's include IceRocket here, each report 10 to 11 million blogs, that appears to be a solid estimate of the number of "pinging blogs". As Mr. Bialik explains:
It turns out that counting blogs isn't as hard as counting Web pages. When writers who use common blogging software want their blogs to be publicized, they choose to automatically "ping" computer servers for companies like Technorati Inc. (www.technorati.com) and Intelliseek's BlogPulse (www.blogpulse.com), whose goal is to measure and index blogs.
Oh, wait. We've just defined blogs as blogs that tell index services they exist. Convenient for the indexing services! But web pages don't have to tell anyone they exist to be considered web pages.
OK, I honestly have no idea yet what Mr. Bialik means by "public blog" vs. "private blog". I respect Mr. Bialik, and anyone who tries to explain statistics, as he does in his regular column, and I look forward to his response to better understand how he defines blogs and private blogs.
Quick aside: I find that many disagreements come from failure to define terms, as when I attended BlogNashville and heard Dave Winer say the economy is bad and heard Stan of Two Minute Offense say the economy is good and neither could believe the other. I believed them both; over dinner that night, Dave defined the economy to us as foreign exchange rates, stock market performance and the rise of offshoring, while Stan later posted defining the economy as current unemployment, inflation, and interest rates. It's easy to instinctively dismiss comments you disagree with. As a survey researcher, I was trained to assume respondents are telling the truth and figure out how what they are saying is true from their perspective. I've found it a useful exercise outside surveys.
After first talking with Mr. Bialik, I was feeling rather blue about the direction our conversation went, and on a lark I grabbed sixty blogs we had found that had the word "blue" in them. Here's what I e-mailed him:
Out of 60 blogs in the subsample we checked, here are 47 that aren't in Technorati:
http://blueapple.diaryland.com/
http://bluec.blogspot.com/
http://bluee.blogspot.com/
http://blueg.typepad.com/
http://blueink.typepad.com/
http://bluen.blogspot.com/
http://blues.pitas.com/
http://blues.typepad.com/
http://bluesea.pitas.com/
http://blueshoe.diaryland.com/
http://bluespots.diaryland.com/
http://bolt.com/journals/page/bluegirl
http://bolt.com/journals/page/bluemind
http://bolt.com/journals/page/bluesun
http://deadjournal.com/users/bluecat/
http://deadjournal.com/users/bluedog/
http://deadjournal.com/users/bluee/
http://deadjournal.com/users/bluerat/
http://spaces.msn.com/members/bluecat/
http://spaces.msn.com/members/blueday/
http://spaces.msn.com/members/bluefox/
http://spaces.msn.com/members/blueh/
http://spaces.msn.com/members/bluem/
http://www.blurty.com/users/bluec/
http://www.blurty.com/users/blues
http://www.blurty.com/users/bluesun/
http://www.blurty.com/users/bluex
http://www.greatestjournal.com/users/bluec/
http://www.greatestjournal.com/users/bluee/
http://www.greatestjournal.com/users/blues/
http://www.livejournal.com/users/bluecat/
http://www.livejournal.com/users/blueh/
http://www.livejournal.com/users/bluem/
http://www.livejournal.com/users/bluex/
http://www.xanga.com/home.aspx?user=blueb
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluec
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluee
http://www.xanga.com/home.aspx?user=blueg
http://www.xanga.com/home.aspx?user=blueh
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluem
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluen
http://www.xanga.com/home.aspx?user=blues
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluesea
http://www.xanga.com/home.aspx?user=blueu
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluew
http://www.xanga.com/home.aspx?user=bluex
The way to check is to go to Technorati, copy and paste in the URL. If it displays the page title and the time last updated, it's in its database.
Now, presumably Technorati uses search submissions to expand its directory, so some of these may end up in the index in the coming week.
I think Technorati, BlogPulse and IceRocket have done a great job at indexing the blogs most frequently linked to, but they are missing the long tail.
I have a lot of admiration for all three indexing services and use them regularly. That said, I know they aren't counting all the blogs, especially old blogs and one-post wonders. Indexing firms are of course not trying to prepare an estimate of blog population: they are just trying to find, count and index as many recently updated blogs as they can, and do it faster than their competitors.
Google, for its part, tells you how many pages it's indexed: 8,058,044,651 web pages, at the moment. It doesn't tell you how many web pages exist, because it follows a whole protocol of excluding web pages you don't want indexed. If Technorati is to blogs as Google is to web pages, then Technorati shouldn't be used as an estimate of worldwide populations.
Nor should Perseus numbers be used to estimate the worldwide population of blogs. I originally did a random sample of hosted blogs because I noticed nobody else had, and I wanted to have something interesting to talk about at Dave Winer's first Bloggercon. Further, I've specifically stated again and again that we are not trying to count all the blogs in the world, only those blogs on hosting services.
Why limit ourselves? Because we can apply a form of random sampling to those blogs by randomly generating blog URLs. Random sampling is not foolproof--no research method is, and random sampling of blog account names is less reliable than random-digit dialing--but random sampling is a lot more reliable than choosing a self-selected audience, as George Gallup definitively demonstrated in 1936. (Blogs that ping are a self-selecting audience.)
What, gentle reader? You don't trust samples? OK, next time you're at the doctor's office, tell them you don't trust samples and that you'd like them to take all your blood instead!
How many blogs are there worldwide? Certainly more than the 10-11 million that have been indexed, and more than the 31.6 million hosted blogs we've estimated exist. Maybe as many as BlogHerald's estimate of 60 million. Whatever the number is today, the key point is that it is growing rapidly.
So, finally, let's step back and consider why we are counting blogs at all.
Because millions of people finding a new way to communicate and connect is exciting and empowering!
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http://www.perseus.com/blogsurvey/blog/050526blogscount.html
Bloguismo nos Estados-Unidos
American readers say blogs are mainstream
UNITED STATES: Steve Rubel summarizes a key finding from a recent survey of the general public:
30% of those surveyed read blogs. That's a lot, people.
The majority, 52% of those surveyed, said bloggers should have the same rights as traditional journalists, while 27% did not express an opinion. Whoa!
A minority, 39%, said that they found blogs less credible than newspaper articles. However an additional 32% said they either did not know or had no opinion. To me, this means that there is an opening for bloggers to be respected.
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http://dijest.com/bc/
70 milhões de blogs em Julho
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Blog Count for July: 70 million blogs
Tagged:
General
Jul 19 at 9:23 am by Duncan -
Duncan Riley> A little late this month with the monthly blog count due to the overwhelming responses of many readers with contributions of figures, coupled with emerging reports in the press to compile. As always I’ll qualify that the Blog Count is about counting blogs, not active blogs or bloggers. There a lots of new countries this month but I’ve limited the list to get it published, it’s going to take me a few more weeks to get a bigger list together yet again. Tomorrow I start next months list and there are plenty of extra countries to survey and some good leads I need to run through the online translator. As always if anyone has any stats they’d like me to add email me, phone me (if I’m not online voice mail is always on) (347)427-9299 or leave a comment.
Conclusion for July: there are now at least 70 million blogs in existence with 63 million blogs having been created on 8 leading blog hosting sites that host 1 million or more blogs alone.
By country:
Australia: approx 400,000based on report in the Australian Newspaper 19 May 05 and allowing for growth since. Like other members of the Anglosphere though its hard to quantify blog numbers due to the dominance of US blogging firms
Austria: approx 20,000Ref: Loic Le Meur
Belgium: approx 100,000Skynet: 60,000, Loic suggests more again. There are problems with a definite Belgium count because of the split between French and Dutch speakers. It’s likely that some Belgium bloggers use services in the Netherlands and France, + naturally the Anglosphere offerings.
Bosnia and Herzegovina: less than 3,000LJ: 1200. Rest unknown
Brunei: less than 3,000LJ, Blogshares and others.
Canada: approx 700,000approximation, difficult to ascertain due to the Anglosphere problem, LJ shows 260,000
China: 5 million and growingref: South China Morning Post.
Croatia: approx 40,000Hugo Martin points to blog.hr which now has just short of 30,000 blogs + a little more for other sites.
Czech Republic: approx 5,000LJ and others.
Denmark: approx 5,000Loic Le Meur
Finland: approx 100,000Media=blogi
France: approx 3 millionLoic and others. Skyblog has nearly 2.5 million alone.
Germany: 280,000Hugo Martin
India: approx 100,000Financial Express
Ireland: approx 75,000Loic says 9,000, I don’t believe the figure could be low considering the “Irish economic miracle” of the 1990’s and Irelands continued status of growth and IT friendliness, although the population of just over 4 million people is always going to produce a fairly low figure. Problem again that most Irish bloggers would use Anglosphere blogging sites.
Israel: approx 100,000thanks Jariv
Italy: approx 200,000Loic Le Meur, Hugo
Japan: approx 4 millionOriginal link lost but as per my report here + allowed for some growth. Joi Ito has some interesting general stats here.
Malaysia: approx 10,000The Star (thanks Colbert)
The Netherlands: approx 600,000Loic Le Meur + comments to previous blog counts here indicating similar figures on Marketing Facts (although there is some suggestion that it may be closer to 750,000 but I’m going with Loic’s figure for now)
Philippines: approx 75,000LJ + Pinoy (thanks Vix)
Poland: approx 1.4 millionI started at Loic but a quick look at the leading Polish blogging sites onet.pl (700k+), Tenbit (200k+) , Blog.pl (100k+) and Mylog (100k+) gives at least 1.1 million (Loics figure) + ad in minor services and Anglosphere services to 1.4m. The figures also indicates Poland is one of the fastest growing blog markets in Europe
Russia: approx 300,000source: Mosnews refers to LJ as the most popular Russian service with around 185,000 users. Add figures from other sources. Loic claims 800,000 then provides evidence for 250,000. There is probably more than 300,000 but I’m yet to find some decent evidence.
South Korea: approx 15 millionThere is little dispute that there is at least 15 million blog like sites in South Korea, the only question is whether they all count as blogs: Joi Ito doesn’t think they do, and states that there are 10 million “hompy” sites which “are personal home pages with photo albums, guest books, avatars, background skins, and background music” and 5-6 million blogs. However The Korea Herald reports (no longer available) have previously included these “hompy” sites as blogs. BlogCount.com reports on the same Korea Herald report here back in January but calculates 11.9 million blogs. The IHT refers to the Cyworld service as hosting “mini-blogs” in December. I’m siding with the MSM on this one, but have decided to note that there may be some doubt to the figure based on format. It should also be noted that at least 3 million are hosted on Yahoo! Blogs Korea and another 6 million on Planet Weblog Service (as at Jan 05)
Spain: 1.5 millionTerra.es reports 1 million MSN Spaces blogs in Spain alone, but no figures are available for Blogger. Loic reports 1.1 million but you’d have to think there would be blogs of Spanish origins on Blogger and other sites as well.
Ukraine: 50,000Loic
United Kingdom: 2.5 milliondifficult to count because of the Anglosphere problem with tracking country of original but we know there are 1.5 million UK residents using Spaces as of the end of June (Terra.es ). We know there are 200,000+ UK users on Live Journal. Traditionally Anglosphere blogs have flocked to Blogger as well so lets say at least 200-300,000. Thats 2 million. Then there’s the DIY bloggers and those using smaller services including Xanga, MySpace….could be more again. I also don’t think the British will like being beat by the French so expect more growth here.
United States: approx 15-30 millionIts impossible to put an exact figure on the number of US based bloggers because, lets face it, US based blogging services have members from all around the world, and there are thousands of them at that. There are 3.7 million on Live Journal, and other sites would be dominated by US blogs. US bloggers would also be more likely to have multiple blogs and abandoned blogs as well mainly due to the length of time the US has been blogging.
By host (over 1 million)Note: these are based on known and rough figures based on media reports and other sources. If you are a blog hosting company and are not included here please send me your user data and I’m happy to add it.
Xanga: 40 millionsee note at the bottom
MSN Spaces: 15 millionTerra.es including 1 million users in Spain, at least 2.5 million US and approx 1.5 million in the UK
Blogger: 14 million +total registered blogs: Blogger gives a unique indexed number for every new blog, the latest one I’ve observed is over 14 million.
Cyworld: 11 million
SixApart (Live Journal/ TypePad, MT): 9.5 millionI reported 8.7 million at the end of May and LJ has grown by 0.5 million in that time. I’m guessing again on the final figure because MT installs are hard to track, and SixApart haven’t release user numbers on TypePad as far as I’m aware
Planet Weblog Service: 6 millionLeading South Korean blogging provider
Yahoo Blogs Korea: 3 million
Skyblog: 2.5 million
Greatest Journal: 1 million
Other US Live Journal clones: 1 millionref: Perseus
Update 22 July: I now have a report that Xanga.com has 40 million users. Given that Xanga is a “Weblog Community” it would be safe to presume that most, if not all of the 40 million users has blogs. I’ve updated the list to reflect these figures.
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http://www.blogherald.com/2005/07/19/blog-count-for-july-70-million-blogs/
Bloguismo
http://metablogue.webblog.com.pt
21 agosto 2006
Atenção: portais importantes sobre bloguismo!
http://www.metablogue.weblog.com.pt/
http://www.socioblogue.weblog.com.pt
http://www.it.rit.edu/~ell/blogresearch/
Este recado vai também para o meu assistente, Teles Huo, e para os meus nove estudantes que começaram hoje a pesquisa sobre blogosfera em Moçambique.
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Egídio Vaz
http://ideiasdemocambique.blogspot.com
20 agosto 2006
Blogs e mundo corporativo
* Thalula Begara
Blogs são descritos como diários virtuais editados, em sua maioria, por adolescentes. No entanto, nos últimos anos os blogs têm ampliado suas possibilidades, se tornando ferramentas muito mais completas de comunicação e interação.
Formadores de opinião, especialistas em diversas áreas, jornalistas e educadores têm aderido cada vez mais a este veículo, que possibilita o diálogo direto e rápido com os leitores. Um exemplo disso é o blog do jornalista Ricardo Noblat, que de tão popular deixou de ser apenas um meio de interação com leitores e se transformou numa importante fonte para toda a imprensa nacional.
O principal motivo pelo qual o blog tem se tornado uma ferramenta cada dia mais popular em todo o mundo é a sua facilidade de publicação e atualização. Qualquer pessoa, sem conhecimento técnico nenhum pode publicar rapidamente seus textos, fotos e áudios, entre outros materiais, e disponibilizá-los para que milhares de outras pessoas comentem.
O termo weblog foi inventado em 1997, e logo em seguida, em 1999, ele foi resumido simplesmente para blog, quando começou a ser usado como substantivo e verbo. Depois de um lento início, os blogs ganharam popularidade rapidamente. Em março de 2003 o conceituado dicionário de Oxford incluiu os termos weblog, webloggin e weblogger em suas páginas.
O crescente número de blogs provocou uma revolução na Internet. Anteriormente a ele a rede mundial era vista apenas como uma biblioteca, onde eram publicadas as informações que podiam ser consultadas por qualquer pessoa conectada. Com a explosão dos blogs, essa realidade mudou bastante, fazendo com que a Internet se tornasse um veículo interativo e dinâmico, onde as pessoas não apenas absorvem, mas trocam informação. É como se o espaço virtual tivesse chegado à era da democracia, quando todos têm voz.
E a explosão do fenômeno que se deu no início do milênio continua até hoje. De acordo com o site Technorati, que rastreia o que está sendo publicado na blogosfera - o mundo dos blogs - existem atualmente 35,3 milhões de blogs no mundo. Este mundo dobra de tamanho a cada seis meses e está 60 vezes maior do que era há três anos. Ainda segundo o site, um blog é criado a cada minuto e mais de 1,2 milhão de posts são publicados por dia.
CONVERSANDO INFORMALMENTE
A simplicidade dos blogs está sendo descoberta agora pelas empresas, que podem utilizar esta ferramenta a serviço da produção, captura, organização e disseminação de informações e conhecimentos. Por ser um veículo mais informal do que os tradicionais sites corporativos, os blogs têm o importante papel de alavancar uma comunicação eficiente entre a empresa e seus colaboradores, clientes e fornecedores - é um meio natural de influenciar clientes, mas também ouví-los.
A linguagem menos sisuda que pode ser explorada nos blogs é uma maneira eficaz de atingir o mercado. O conteúdo e a forma menos tradicionais permitem uma interação melhor com o público e um melhor entendimento daquilo que a empresa deseja comunicar. O blog personaliza a comunicação e, por conseqüência, diminui o abismo entre a empresa e o cliente; ambos passam a falar a mesma língua.
A comunicação bilateral por meio de posts de clientes aproxima os dois e torna a organização mais transparente. As idéias e as informações trocadas num blog podem facilmente se tornar virais, atingindo um grande número de pessoas num curto espaço de tempo. Assim, a blogosfera se mostra útil no que diz respeito à propaganda boca-a-boca, só que no espaço virtual.
O impacto dessa rápida disseminação de idéias e opiniões pode ser encarado como um problema ou uma grande oportunidade para as organizações - basta apenas que a empresa esteja atenta ao que acontece na Internet, sem jamais ignorar seus eventuais pontos negativos. Os blogs corporativos são mais do que uma tendência; são uma realidade que chegou para ficar, assim como a necessidade das empresas se adaptarem à ela.
INTERAGINDO INTERNA E EXTERNAMENTE
Os blogs corporativos não se restringem apenas a um canal que a empresa abre aos seus clientes para ter uma comunicação mais informal e bilateral. Esta ferramenta pode ser explorada de diversas formas no mundo empresarial.
Potencialmente, existem dois tipos de blogs empresariais: os internos e os externos.
Os internos são geralmente utilizados pela empresa como uma ferramenta de interação entre os funcionários. É um meio muito eficiente de conduzir as bases de uma comunicação interna, gerenciando conhecimento e projetos e reforçando as iniciativas de recursos humanos.
Foi buscando essa comunicação direta com seus colaboradores que Emilson Alonso, presidente-executivo do HSBC, criou neste ano o "Blog do CEO", disponível na intranet da empresa e nas agências do banco. Em todas as terças-feiras, Alonso publica um artigo de sua autoria sobre o mundo corporativo para que seus mais de 28 mil funcionários deixem comentários, sugestões, reflexões e até mesmo reclamações sobre o assunto em pauta.
A iniciativa tem dado certo. O primeiro post recebeu um comentário por minuto e cerca de 14.800 acessos em apenas dez horas, o que representa um impacto de mais de 50% dos colaboradores do banco no Brasil.
Já no caso dos chamados blogs externos, o conteúdo fica disponível na Internet como um canal aberto de comunicação com qualquer pessoa. Esta interação externa tem muitos objetivos, dentre eles o reforço da marca, feedback para desenvolvimento de produtos, gerenciamento de crises, relações públicas e relacionamento com a mídia, posicionamento estratégico e, principalmente, um meio de ouvidoria da opinião dos clientes.
Também buscando esse diálogo direto com seus clientes, a Catho Online lançou recentemente o seu blog corporativo - o Catho Blog. Nele, usuários da Catho Online (assinantes ou não) podem ler artigos sobre mercado de trabalho, carreira profissional, tendências empresariais, atualidades e acontecimentos do dia-a-dia corporativo. E como em qualquer outro blog, o leitor pode deixar comentários, opiniões, sugestões e críticas.
Além de aproveitar uma tendência mundial cada vez mais presente no Brasil, a Catho pretende, por meio desta iniciativa, estreitar os laços com seus clientes, interagindo de forma rápida e transparente. A empresa não deseja apenas um canal de divulgação da marca, mas principalmente um meio de dialogar com seu público, falando sua língua e permitindo que todos se expressem.
* Thalula Begara é jornalista do Grupo Catho e coordenadora do Catho Blog. Tel.: (11) 3177-0700 ramal 474."
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In http://www.catho.com.br/estilorh/index.phtml?combo_ed=119&secao=181
"Blogs e a Fragmentação do Espaço Público" - tese de mestrado apresentada em Portugal
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"[Por] Eduardo Alves
Enquanto se lê este texto nascem mais umas dezenas de blogs um pouco por todo o planeta. Um exemplo claro da dimensão do mais recente fenómeno que está a atravessar a Internet e, por conseguinte, todo o mundo da comunicação. Na “Aldeia Global” onde a informação ganha cada vez mais valor, comunicar e marcar presença são também factores importantes. Os blogs ou páginas pessoais onde cada um coloca o que quer começaram a surgir há pouco mais de meia dúzia de anos. Segundo dados do Technorati, actualmente existem cerca de 50 milhões de blogs no mundo.
Por todo o ciberespaço podemos encontrar páginas com textos pessoais, dedicadas à política, ensino, cultura, tecnologia, humor, arte e a toda uma panóplia de temáticas. Analisar e tentar dar algum sentido à dimensão e importância deste fenómeno foram duas premissas da dissertação de mestrado apresentada por Catarina Rodrigues, esta segunda-feira, 17 de Julho, na UBI.
Um estudo que dá pelo nome “Blogs e a Fragmentação do Espaço Público” apresenta um conjunto diverso de novas abordagens. A autora sublinha que “os blogs multiplicaram-se nos últimos anos a um ritmo alucinante, um pouco por todo o mundo”. Um factor que associado à facilidade de utilização prática da Internet fez regressar “em força”, a subjectividade do autor, “perdida com a profissionalização do jornalismo”. Esta nova ferramenta está a mudar os actuais meios de comunicação e da Net sopram agora ventos de mudança. A “indústria do comentário”, como a certa altura se pode ler na tese apresentada “produz divergências, novas perspectivas e olhares frescos sobre as temáticas que giram em torno da sociedade”.
Outro dos aspectos muito em voga neste estudo é a relação entre os blogs e os media. A autora do estudo analisa vários casos de relações entre a blogosfera os tradicionais meios de comunicação. Neste sentido, um dos avanços desta tese é o de classificar os blogs não como uma alternativa, mas “como uma complementaridade dos actuais meios de comunicação social”. Os blogs “alargam os horizontes permitindo novos pontos de vista e não podem ser ignorados pelos media tradicionais”, sublinha Catarina Rodrigues. A mesma defende no seu trabalho que não pode haver jornalismo sem jornalistas, mas “a participação dos cidadãos é importante e não pode ser ignorada”. Uma tese que fala também no conceito de “cidadão-jornalista”, desenvolvido através do carácter interventivo dos cidadãos. A aproximação entre bloggers e jornalistas “pode suscitar oportunidades interessantes para a dinamização da esfera pública”. A blogosfera, que segundo Catarina Rodrigues, “se apresenta como um espelho da sociedade”, cria novos espaços de informação e comunicação, mas também espaços de observação da actualidade e do papel desempenhado pelos media. Os blogs constituem mais uma forma de aproximar os cidadãos das causas públicas, que em vez de meros espectadores podem participar de forma activa. Catarina Rodrigues conclui que “com os blogs, o espaço público já não é o mesmo”.
Esta tese foi classificada com a nota de Muito Bom por um júri constituído por António Fidalgo, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, Jorge Pedro Sousa, professor associado da Universidade Fernando Pessoa e João Carlos Correia, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior.
[ 2006-07-18 00:10:37 ]"
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In http://www.urbi.ubi.pt/_urbi/pagina.php?codigo=452
19 agosto 2006
A guerra dos chefes e das bandeiras
Romances
Já tenho o modelo do segundo.
Estranha sensação. Bela sensação.
O meu cérebro de estudante cartesiano do social está muito reservado. Mas a minha alma de candidato a poeta sabe que as fronteiras são para ser transgredidas.
Poliédrica vida a minha, rizomáticos caminhos percorro neste infinito percurso para me compreender através dos outros.
Hoje comecei a reinventar os deuses no meu nomadismo cognitivo.
18 agosto 2006
75 mil blogues por dia
O sistema de busca de blogs Technorati publica pesquisas periódicas com números envolvendo uma das mais utilizadas ferramentas de criação de sites da Internet. O mais recente estudo indica que a rede já conta com cerca de 27,2 milhões de sites desse tipo e que esse número dobra a cada cinco meses e meio. São 75 mil blogs criados por dia. É como se um novo blog fosse criado a cada segundo. E, para assustar ainda mais, são aproximadamente 1,2 milhões de textos novos por dia, o que dá um total de 50 mil "posts" por hora.
Logicamente, alguns desses blogs se tornam inativos depois de um determinado tempo mas, de acordo com a empresa, 13,7 milhões de donos de blogs continuam escrevendo e atualizando seus sites depois de três meses que eles foram criados.Há não muito tempo os blogs eram encarados como "pragas virtuais", com a qualidade de seu conteúdo amplamente questionada e eram freqüentemente alvo de pouca credibilidade. Mas com o crescente uso da tecnologia, impulsionada pelo Blogger em 1999, mais e mais adeptos de peso surgiram.
Hoje, jornais e colunistas famosos apostam nesse tipo de tecnologia, já que provê a agilidade necessária para espalhar informações e, o mais importante, permite um retorno rápido por parte do leitor, que pode incrementar depois a nota comdados adicionais.
A história dos blogs pode ser acompanhada em um artigo, em inglês, na Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Blog). A pesquisa da Technoratti pode ser lida, também em inglês, no endereço www.technorati.com/weblog/2006/02/81.html. Notícia retirada do site: Terra
São Paulo, 08 de janeiro de 2006"
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In http://www.wline.com.br/html/noticias.html
Dois blogues por segundo em Julho
Por Redação do IDG Now!
Publicada em 07 de agosto de 2006 às 19h04
Atualizada em 08 de agosto de 2006 às 00h10
São Paulo - Sistema de buscas aponta que, no mesmo mês em que "blogosfera" ultrapassou 50 mi de blogs, número de endereços criados duplicou.
No mesmo mês em que a "blogosfera" ultrapassou a barreira dos 50 milhões de endereços, o ritmo de crescimento de novos blog dobrou em comparação a meses convencionais, como mostra o estudo "State of the Blogosphere", divulgado nesta segunda-feira (07/08) pelo Technorati.Segundo dados do sistema de buscas para blogs, foram criados cerca de 175 mil novos blogs diariamente durante julho, o que corresponde a, em média, dois novos diários por segundo no período.O número é o dobro em comparação à taxa registrada pelo mesmo levantamento do Technorati referente ao mês de abril."
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In http://idgnow.uol.com.br/internet/2006/08/07/idgnoticia.2006-08-07.0196424221/IDGNoticia_view
Os duendes do juiz filipino
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Juiz que consultava duendes é afastado nas Filipinas
da BBC, em Londres
Um juiz filipino que dizia tomar decisões com a ajuda de duendes foi definitivamente afastado da magistratura pela Suprema Corte do país, informou o jornal Philippine Daily Inquirer.
"Terminou sem final feliz a conto do juiz e os três duendes", brincou o jornal.
Florentino Floro, 53, havia sido afastado em março depois de revelar ter feito um pacto com três duendes – Armand, Luis e Angel – para ver o futuro.
Ele acrescentou que escrevia em transe e que havia sido visto por várias pessoas em dois lugares distintos ao mesmo tempo.
Matérias na imprensa filipina afirmaram que toda sexta-feira o juiz trocava a beca azul por negra, para "recarregar os poderes psíquicos".
Mas os argumentos não comoveram a Suprema Corte, para quem tais poderes "não têm lugar" no Judiciário.
"Fenômenos psíquicos, mesmo assumindo que existam, não têm lugar na determinação do Judiciário de aplicar apenas a lei positivista e, na sua ausência, regras e princípios igualitários para resolver controvérsias", diz a sentença.
Durante as audiências do processo, os médicos da Suprema Corte e do próprio juiz haviam afirmado que o réu sofria de problemas mentais.
Imortal
Ao saber da decisão, o juiz Floro declarou que o tribunal o havia tirado da obscuridade e projetado para “imortalidade”.
"Não apenas neste país ou em redes internacionais de notícia, mas, antes de tudo, na indelével memória da história mundial do Poder Judiciário."
O caso foi discutido em mais de mil blogs e suscitou mais de 10 mil respostas em todo o mundo, inclusive de apoio de praticantes de magia e ocultismo, disse o juiz.
Na visão da Suprema Corte, a aliança de Floro com duendes "coloca em risco a imagem de imparcialidade judicial, e mina a confiança pública do Judiciário como guardião racional da lei, isto é, se não torná-lo objetivo do ridículo".
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In http://noticias.uol.com.br/bbc/2006/08/18/ult2363u7712.jhtm
O meu obrigado à Resaly, por me ter chamado a atenção para esta notícia.
Tribos, sub-tribos, etc.
Etc.
Índex 2006: como 21 países ricos auxiliam os países pobres
Rich and poor countries are linked in many ways—by foreign aid, commerce, migration, the environment, and military affairs. The Commitment to Development Index (CDI) rates 21 rich countries on how much they help poor countries build prosperity, good government, and security. Each rich country gets scores in seven policy areas, which are averaged for an overall score.
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Veja http://www.cgdev.org/section/initiatives/_active/cdi
Soluções informais: recordando Carlos Cardoso, jornalista assassinado em 2000
O jornalista Carlos Cardoso foi assassinado em 22 Novembro de 2000 quando investigava casos de corrupção em Moçambique. Dois anos antes, em 1998, pedi-lhe um texto para um livro meu. Carlos tinha regra geral pouco tempo para escrever fora do seu Metical. Mas escreveu o texto. Por continuar exemplarmente actual, o faço recordar aqui:
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Soluções informais
Por Carlos Cardoso
Sumário:
1.Introdução
2. Comecemos pela Procuradoria-Geral da República
3. Solução para isto
4. Queixa pública
5. Entremos agora no sistema político
6. Recurso à gestão forma, legítima, justa, sã
7. Um modelo de financiamento institucional
8. A privatização do Estado
1. Introdução
Primeiro, queria dizer que, por ser jornalista, tenho o privilégio de poder arriscar umas asneiras. Os académicos não podem fazer isso. O direito ao erro, para mim, é um método que utilizo para tentar chegar a algum conhecimento. Para mim é extremamente importante. Funciono assim.
Exemplo disto: cresci no jornalismo a aprender que era preciso saber ler e escrever para se ser jornalista. Abandonei esse requisito. Um bom jornalista não tem que saber ler ou escrever, particularmente num país com um índice de analfabetismo superior a 70%. Um jornalista é aquele que sabe recolher factos e transmiti-los fielmente e que sabe, de alguma forma, enquadrar esses factos. Se transmite esses factos pela palavra escrita ou falada, pouco importa. O jornalismo está na comunicação desses factos, e não no meio escolhido para o fazer.
Aprendi isto na prática ao produzir um jornal extremamente pequeno chamado mediaFAX, na companhia de muito pouca gente. Para vender um jornal pequenino, um jornal que não contém aquelas informações úteis para o dia a dia dos leitores - farmácias de serviço, cinemas, necrologia, etc - informações essas que ajudam, e muito, a vender jornais, é preciso que ele tenha qualidade jornalística. Um jornal com muita informação útil daquele género, mesmo que não seja nada de especial jornalisticamente, vende-se. No caso do mediaFAX a sua sobrevivência teria que depender da qualidade do seu material informativo e opinativo. Então, tive que pôr de lado meia dúzia de critérios que aprendi no jornalismo “formal” em que cresci. Um deles foi esse.
Por outras palavras, passei a trabalhar com colegas que estavam muito longe de saber escrever bem, ainda por cima numa língua, a portuguesa, que, na maioria dos casos, era segunda língua. Quando passavam para a escrita, regra geral, complicavam tudo. Enquanto estavam na expressão oral eu, editor, entendia muito melhor o que diziam. Então, na pressão do dia a dia de ter que produzir um diário, foi acontecendo normalmente: A pouco e pouco comecei a funcionar mais e mais como editor do que eles me contavam. O repórter vinha de algum trabalho. Sentava-se ao meu lado e, a pouco e pouco, íamos construindo um artigo. Ele falava, eu escrevia e fazia-lhe perguntas; depois, no fim, punha “recolha por”. Quando aparecia apenas o nome de alguém era porque esse alguém tinha sido o autor completo da peça, sem o método que descrevi.
Foi assim no mediaFAX, e é assim no “metical”. Ao fim de cinco anos e tal nisto, verifico que, talvez por causa da pressão, do cansaço, ou mesmo por causa do excesso de confiança na experiência acumulada, eu, jornalista da velha escola de ter que saber escrever para se trabalhar num jornal, acabei por dar mais erros factuais do que a maioria dos meus colegas. Falo de informações falsas; não propositadas, obviamente, mas falsas.
Em suma, isto corresponde àquilo que escrevi aqui nas notas que preparei: “Soluções informais”. No mediaFAX tive que informalizar o universo formal do jornalismo em que cresci. E devo dizer-vos que estou a gostar dos resultados.
Tendo dito isto, e tendo-vos preparado para a meia dúzia de asneiras que vos quero dizer, ei-las. E oxalá sejam úteis.
Como é que o sector formal se pode informalizar para resolver alguns dos seus problemas de sector formal?
2. Comecemos pela Procuradoria-Geral da República
Temos uma coisa chamada Procuradoria-Geral da República. Está lá ao fundo da Julius Nyerere. Aquilo não serve rigorosamente para nada. Não estou a exagerar. É isso mesmo. Não tem utilidade pública. O dado que reputados juristas me dão é este: A PGR não está presente em mais de 95% dos casos que chegam aos tribunais.
Temos uma procuradoria que não investiga, que não procura. Vejamos alguns casos.
Ainda há três meses a PGR disse que queria investigar três parlamentares. Ela recebeu a autorização da Comissão Permanente da AR no dia 27 de Junho último. Estamos todos à espera.
O Ministro do Plano e Finanças acaba de cometer uma ilegalidade daquelas inesquecíveis, uma ilegalidade ainda por cima profundamente injusta - falo do Diploma de 10 de Junho - e a PGR não faz nada. Provavelmente nem sequer ousa pensar em mexer-se, apesar de a lei orgânica da PGR ser muito clara quanto à obrigação de agir mal tome conhecimento, por qualquer via, de uma ilegalidade.
Portanto, temos um problema. Temos uma instituição que consome recursos do OGE, dinheiros dos contribuintes, e que não serve rigorosamente para nada. Faz promessas de luta contra a corrupção mas nem age nem quer agir. Não há sinal nenhum de que esta PGR vá fazer qualquer coisa, porque para fazer tem que dar a cara. Nunca deu. Não era agora que iria começar. Obviamente, qualquer procurador vos dirá que o problema é também o facto de o Governo, até hoje, não organizar a defesa física dos procuradores e juízes. O compromisso do Governo com a legalidade e com o sistema formal que é suposto sustentá-la é, pois, isento de vigor. O Governo proclama a intenção da legalidade mas, em inúmeros casos, não a pratica. Os canais formais da Justiça, assim, impõem, por necessidade, soluções informais.
3. Solução para isto?
Já o disse e escrevi em várias ocasiões: Sou a favor de se fechar esta PGR, sem eliminar o procurador. Dizem-me juristas amigos que isto é possível pela lei em vigor. Trata-se de o Estado, caso a caso, mandatar qualquer advogado devidamente reconhecido como procurador. Em qualquer caso que seja do interesse do Estado, poder-se legalmente delegar os poderes de procurador em qualquer advogado, e ele, no caso concreto em que está a trabalhar, poder comandar a investigação da Polícia. Numa fase de modelos esgotados como a nossa, há que procurar flexibilizar as coisas de tal maneira que, por exemplo, neste campo, se possa ir construindo uma jurisprudência em torno de práticas destas. Sem a pressa de se atingir uma coerência legislativa absoluta para tudo. Há que informalizar um pouco o edifício formal da Justiça para podermos voltar ao seu propósito: Fazer justiça.
Juristas e empresários, neste momento, estão a discutir a arbitragem, a mediação, a reconciliação. Tenho amigos no sistema judicial. Discutimos esse assunto. Tenho-lhes dito que sou contra a tendência de se tentar fazer um enquadramento todo legal para a arbitragem. Tem de haver margem para erros. Senão a arbitragem não será a procura que tem de ser. Em suma, não se pode fechar a justiça na legalidade, pelo menos neste momento. Aguardemos para ver o que a equipa da arbitragem vai propor. Mas, cá por mim, já um ou dois juízes do sistema deviam ter saído de lá há muito tempo para começarem, cá fora, sem preocupações de enquadramento legal, a fazer arbitragem. Por outras palavras, começar a prática disso e ir corrigindo, e mais tarde preocuparmo-nos com leis para essa actividade. Enfim, escolheram primeiro ver o enquadramento legal para depois passarem à prática - a carroça à frente dos bois. Obviamente quando começar a prática, vai abaixo o edifício legal porque a prática da arbitragem vai impor outras soluções legais fora do actual figurino jurídico.
Ainda na área da Justiça.
Há dias, o Presidente do Tribunal Supremo, o Dr Mangaze, falou numa taxa de corrupção “insignificante” no sistema. Um colega meu, o Marcelo Mosse, fez uma pequena investigação, e chegou à conclusão de que mais de 10% dos juízes ou foram expulsos, ou suspensos, ou qualquer outra coisa do género, devido a práticas de corrupção. Ora, 10% não é uma taxa “insignificante” em nenhuma parte do mundo, particularmente num sistema de Justiça. E há juízes seniores deste país que dizem que é preciso multiplicar por dois porque há uma série de outros casos sob investigação e que só não redundam em sanção passada pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial porque não há dinheiro para acabar as investigações. Depois, se a isso somarmos aqueles casos que não chegam a investigação nenhuma, teremos possivelmente mais uns 10% a 20%. Temos, enfim, um sistema judicial, neste momento, altamente corrompido, numa época histórica em que há muita justiça suspensa por causa da lei. É uma fase difícil. Hoje, em Moçambique, infelizmente, no sector formal a lei está a ser usada cada vez mais pelos “gangsters” para manietarem os sectores honestos e trabalhadores da sociedade.
Portanto, sou a favor de uma atitude muito crítica, muito aberta, pragmática, relativamente às leis. Temos que voltar a colocar a lei ao serviço da justiça. Olho para a arbitragem com um passo na direcção de uma solução, pelo menos para ajudar a descongestionar o sistema na área do litígio comercial. Há que abrir caminho, deixar funcionar, deixar fazer algumas asneiras, abrir campo empresarial no ramo da mediação.
Eu vi nascer isso na África do Sul. Era a geração dos anos 70-73. Começaram as grandes greves, os grandes movimentos sindicais. Muitos problemas começaram a ser resolvidos por métodos de arbitragem. Hoje, já há na África do Sul um considerável aparelho civil de resolução de muitos litígios.
Neste momento, quem faz justiça em Moçambique? Fazem alguma, pouca, este e aquele tribunal. Faz alguma, pouquíssima, o Supremo que tem tido um ou dois gestos de dignidade e que tem conseguido manter alguma relevância da lei na justiça. E é tudo. Em última análise, a corrupção leva à falência a própria ideia de Estado de Direito. As últimas vítimas da corrupção no sector judicial são a própria lei e os advogados que nessa altura deixam de ter emprego porque não são necessários. Não defenderam a legalidade, não batalharam por ela, não lutaram pela sua profissão. Não têm, portanto, por este andar, emprego garantido no futuro. Há algumas boas excepções, mas estão a remar contra a maré.
As pessoas, então, fazem recurso à Liga dos Direitos Humanos, às igrejas, e muito à imprensa. O meu colega que está no Xai Xai, o Carlos Mhula, recebe um, dois casos por semana. São problemas de injustiça do e no Estado, roubos de dinheiro no aparelho de Estado, disputas de terrenos. As pessoas, ao invés de irem ao tribunal, vão ter com ele. Portanto, esperam que a pressão da opinião pública resolva os seus problemas. A opinião pública é, pois, uma outra área informal que ainda não foi utilizada formalmente entre nós. Explico-me.
4. Queixa pública
Lembram-se do caso das 40 toneladas de haxixe? Lembram-se do Ikbal? Sugeri ao advogado dele, o Dr Albano Silva: Não chega a caução do Supremo; vai para uma queixa pública, vai para o anfiteatro da faculdade de Medicina e, naquele ambiente sóbrio, perante personalidades respeitadas do país e perante as câmaras de TV, fazes a tua queixa pública contra os que andaram a utilizar os seus postos de governação para perseguir o teu constituinte. Não é preciso tribunal nenhum. O único e verdadeiro tribunal neste caso é a opinião pública. É ela que tem de ficar elucidada sobre o cortejo de injustiças praticado neste caso. Enquanto não fizeres isso, enquanto não convenceres a opinião pública do que está por detrás de todo este caso, a opinião pública vai pensar que o Ikbal estava metido no assunto e que se safou porque tem dinheiro.
Não foi essa a escolha. E assim, hoje em dia, aqui e acolá, ouço regularmente pessoas a falarem do caso das 40 toneladas como se o seu dono verdadeiro fosse Mahomed Ikbal da Gani. E essa opinião pública, disso convencida, pode, muito bem, um dia, ser usada para um novo assalto à família Gafar.
Mas o que leva as pessoas a procurar a imprensa? Simples: É o facto de ela estar a trabalhar e a ajudar as pessoas a resolver problemas. Se a nossa imprensa não estivesse, de facto, a ajudar a resolver problemas não teria hoje o considerável grau de liberdade de movimentos e de expressão de que já goza. Na ausência de alguma grande utilidade concreta, o pendor para o secretismo na nossa sociedade já teria dado cabo das margens de liberdade de expressão consagradas na Constituição.
Será o recurso ao informal sempre moralmente defensável? Não. Veja-se o que se passa na educação. Uma percentagem enorme dos professores aumenta o seu salário vendendo provas, exames e notas.
O certo é que vivemos numa sociedade que, grosso modo, não se rege por imperativos formalizados, mas por imperativos em fluidez permanente. A economia reflecte isso muito bem. O PIB per capita deste país, dizem os documentos oficiais do banco central e do Banco Mundial, ronda os 90 USD/ano. Pois bem, o Dr Pinto Abreu disse há dias na TVM que o banco central tinha estado envolvido num estudo há uns anos e que o cálculo de per capita real a que chegou estava entre os 170 e os 240 USD. Portanto, estamos perante um universo “oficial” e um outro paralelo. Já para não falar do universo clandestino dentro do informal; as alterações clandestinas de governação que acontecem para beneficiar este ou aquele, como na operação Shoprite, feita nas costas do empresariado nacional, nas costas das leis, dos tribunais, tudo clandestino e a PGR e o Tribunal Administrativo nem esboçaram qualquer gesto de interesse. Enfim, o espelho das estatísticas oficiais não reflecte se calhar nem 30% do verdadeiro rosto da nossa economia.
5. Entremos agora no sistema político
Temos a parte formal do sistema político: Partidos, eleições, parlamento, etc. E temos uma parte informal, aquilo que por vezes chamo de democracia executiva, não partidária ou pós-partidária. Falo do diálogo empresariado-Governo de 95 e 96. Os partidos, os parlamentares, nem por lá apareciam. Estavam à espera que a sociedade fosse ter com eles. Resultado: A nova pauta aduaneira, aprovada em finais de 96, foi feita praticamente em diálogo, por vezes duro, entre o sector formal da economia e uma parte do Governo. Foram dias muito interessantes. Estava ali a nascer um modelo de democracia ajustado às nossas fragilidades económicas e orçamentais. Informalmente, sem grandes preocupações de institucionalização do debate, as empresas iam tendo um debate extremamente rico com o ministro Tomaz Slomão, com a vice-ministra Luísa Diogo, com o Governador do banco central, Adriano Maleiane. Debatia-se e decidia-se. Desse debate até nasceu uma instituição, o Comité Nacional de Facilitação do Comércio e Transportes (CNFCT), e uma outra rejuvenesceu, o Conselho Superior Técnico Aduaneiro (CSTA). Ambas ajudaram a resolver muitos problemas de equilíbrio entre comércio e indústria.
Tragicamente, o Governo autorizou o debate apenas até Novembro do ano passado, e o empresariado ainda não arranjou forças e capacidade de coordenação para o (re)impor. Uma vez aprovada a nova pauta aduaneira, nunca mais se passou à fase seguinte do debate fiscal. Hoje re-instalou-se um ambiente de intensa desconfiança das praças em relação ao Governo, incluindo em relação à equipa económica em cuja independência de juízo as empresas tinham depositado tanta esperança depois das eleições de 94. Hoje, nós nas empresas que pagam impostos, não sabemos se algum membro do Governo representa os nossos interesses. Durante aqueles longos meses do diálogo aduaneiro, apesar de alguns sinais pouco abonatórios quanto à genuinidade da entrega do Governo ao método do debate, continuava-se a acreditar que ali estava uma equipa económica decidida a batalhar pelos interesses da economia formal no tocante ao alargamento da base tributária - essa lenta entrada do informal no formal - acabando-se com os excessos de governação clandestina que tivemos especialmente após a proclamação do PRE em 87.
Chegou Dezembro do ano passado, e nada. Continuavam as empresas à espera da continuação do debate fiscal. Chega Janeiro de 97, Fevereio, Abril. Nada. Chega o 10 de Junho e o ministro Salomão assina aquele despacho hediondo autorizando aquele carnaval de isenções ao Projecto “Propco Moçambique”. O empresariado nacional, os mineiros, as ONGs, as igrejas, todos viram as suas isenções eliminadas a partir de finais de 95, por acordo entre o Governo e o FMI, ficando apenas as isenções dos bens de capital. Mas vem a Shoprite e todos os que abrem loja ali têm direito a “primeiros lotes” isentos de direitos aduaneiros. Hoje, pergunto-me: Porque é que ainda não vieram as reduções do IRT prometidas para muito breve? Porque de algum lado tem de vir o dinheiro para tapar o buraco que as isenções à Shoprite abriram no erário público. Por outras palavras, neste caso o Governo utilizou o recurso ao informal/clandestino para enfraquecer ainda mais o sector formal nacional - e o informal também - em vez de, informalmente, abrir caminho para sinergias nacionais na área do comércio.
Neste momento, portanto, não há debate nenhum. Está todo o mundo meio desentusiasmado. A adrenalina foi metida na gaveta. Estamos todos à espera para ver no que isto vai dar. Pior: Com que moral vai o Governo retomar o debate connosco depois de tirar o pão ao retalho nacional para o dar ao já de si riquíssimo retalho sul-africano?
Mas a coisa mais notável de tudo isto, é isto: Apesar de tudo, até este momento em que falamos, o nosso retalho formal e informal ainda não foi abaixo por causa da Shoprite. Os seus preços continuam a ser competitivos apesar de a Shoprite ter toda a estrutura de apoio que tem. Ou seja, o nosso comércio formal, ao longo de 20 anos de crescimento do sector informal, foi-se adaptando e sobrevivendo no que podia. E ao longo dos anos foi nascendo uma engenharia de equilíbrios que até deram para as finanças, no reino do ministro Magid Osman, aumentarem substancialmente as receitas aduaneiras entre 89 e 91 sem precisarem de ir contratar empresas estrangeiras para gerirem as nossas alfândegas. E o nosso Governo, perante este invejável património de co-existência entre formal e informal, escolhe o empedernido - mas muito lustroso - retalho formal sul-africano que só agora começou a apanhar com o caos de África. Estamos 20 anos à frente da África do Sul em termos de gestão do caos, já nos adaptámos a uma vida marcada por um grau extremo de imprevisibilidade, o futuro dos sul-africanos é o nosso passado, e o nosso Governo escolhe a miragem Shoprite, o recurso ao retalho formal por vias clandestinas.
6. Recurso à gestão formal, legítima, justa, sã
Queria, agora, dar-vos um exemplo contrário vindo de Tomaz Salomão, um caso em que ele utilizou o recurso ao informal de uma forma legítima, sã e benéfica para muita gente. Nos finais de 95, querendo uma quadra festiva sem a inflacção desvairada dos nossos Dezembros, ele chamou a União Geral de Cooperativas e disse-lhes mais ou menos isto: meus amigos, nestas festas o frango no país tem de ser barato. Não pode subir por aí acima como nos anos anteriores. E entregou à UGC o monopólio da importação de frango para o período da quadra festiva mas pôs como condições que a UGC não utilizasse a sua própria rede de retalho para distribuir o frango importado mas sim a restante rede, e que não vendesse aos retalhistas o frango importado a mais do que 29 000 Mt/Kg. A UGC aceitou, o Governo cumpriu e, como todos vocês estão recordados, tivemos um natal e um fim de ano de 95 com frango barato. Era um momento de grande confiança das praças nele e em toda a equipa económica do Governo. E ele, nessa altura, tomou algumas decisões informais bastante acertadas.
7. Um modelo financeiramente insustentável
Passemos agora à municipalização. O parlamento aprovou este ano um pacote legislativo autárquico que nos lega um modelo de municipalismo tipicamente ocidental e de custos insustentáveis.
Quanto custa montar o sistema? Segundo dados fornecidos pelo Governo, as eleições autárquicas nos 33 locais escolhidos vão custar, em números redondos, 20 milhões USD. Ou seja, uns 600 mil USD por município. Há 411 locais passíveis de autarcização no país. Ora, isso dá 250 milhões USD só para montar o sistema. Suponhamos que uns 100 milhões têm de sair da equação porque a maior parte do recenseamento eleitoral fica coberto pelo exercício relativo aos primeiros 33 locais. Sobram 150 milhões USD. Na embaixada portuguesa informaram-me que em Portugal, para um universo de 8.7 milhões de eleitores, as autarquias custam, a realizar, 3 milhões USD. Isto espelha eloquentemente a nossa taxa de incompetitividade.
Agora, quanto custará manter o sistema?
A lei das finanças autárquicas aprovada pelo parlamento, se não estou em erro, permite que o Concelho Municipal (CM) eleito chame a si até 30% das receitas próprias da autarquia para “ajudas de custo”. Vejamos Maputo. Vamos eleger um presidente camarário que terá uns 13 “ministros” - o seu corpo executivo - mais uns 70 autarcas para o parlamento da cidade (o Conselho Municipal). Serão 84 salários mais os tais 30%. Quanto é que isso dá?
Segundo alguns dados fornecidos pelo actual CM no primeiro trimestre deste ano, em 1996 o CM arrecadou, em receitas próprias, 80 milhões de contos, metade do seu orçamento (o resto vem do OGE). 30% disso dá 24 milhões de contos. Primeiro resultado previsível: Muitos dos 11 700 trabalhadores municipais vão deixar de ter salário ou, então, se a opção não for o despedimento, haverá uma deterioração ainda mais acentuada da qualidade dos serviços camarários por falta de dinheiro para os sustentar, ou, 3ª hipótese, haverá uma pressão fiscal cada vez maior sobre as empresas, acentuando o ambiente de sufoco de tesouraria em que funcionam. Por outras palavras, um dos resultados deste modelo de municipalismo será o aumento do desemprego e da criminalidade, ou uma aceleração da descapitalização empresarial por via fiscal.
Agora, vejamos quanto custa o sistema político no seu todo. São os tais 150 milhões USD municipais, mais os 100 milhões USD que custaram as eleições de 1994, mais uns 5 milhões USD/ano para manter a Assembleia da República, mais, digamos, uns 20 milhões USD/ano para manter todos os locais autarcizados. Tudo somado dá 275 milhões, a dividir por cinco, igual a 55 milhões USD/ano. Por outras palavras, o sistema político custa-nos um quarto das nossas exportações de mercadorias e passa a ser o principal custo já que, por ano, em serviço da dívida, pagamos uns 50 milhões USD. Para um país pobre como o nosso, que devia estar a investir todas as poupanças na criação de mais capacidades produtivas, este tipo de democracia representativa é uma receita para o desastre.
Dir-me-ão: Os dinheiros para as autarquias não são empréstimo, são donativo e, por isso não temos que pagar. É mentira. Pagamos. Pagamos tudo. Em primeiro lugar, pagamos com perda de soberania. E depois pagamos através de custos de manutenção que não serão sustentados pelos doadores mas sim directamente por nós. E pagamos com a pilhagem a que o nosso país é submetido por sermos financeiramente demasiado frágeis - e corrompidos - para nos defendermos.
Sou, pois, contra um sistema político de economia desenvolvida aplicado automaticamente a um país de economia sub-desenvolvida. Não temos dinheiro para isso. Prefiro, de longe, um período longo de erros nossos, cometidos por nós, para aprendermos. O Banco Mundial recusa sistematicamente autorizar Moçambique a fazer os seus próprios erros e, assim, estamos sempre a apanhar com os erros deles. Acertam em muito pouco. A vice-ministra Luísa Diogo disse no último sábado, no “Linha Directa”, que a taxa de falhanço do Banco Mundial nos seus projectos atingia, nalguns casos, mais de 50%. Nenhum banco comercial poderia sobreviver com uma taxa de falhanço dessas.
Pois bem, nisto de sistema político, sou a favor, uma vez mais, de uma solução informal. Sou a favor de algo que já foi feito neste país com sucesso retumbante pela FRELIMO quando era frente de libertação: Aprendeu a fazer, fazendo. Ganhou-se a luta armada assim e, nos primeiros cinco, seis anos, da nossa independência, com esse método foi-se corrigindo muito do que estava mal na opção socialista - como a privatização da rede comercial rural a partir de 78/79. E foi durante esse curto período que se atingiu o mais elevado grau de esperança no nosso país. Por um breve instante pareceu possível milhões de pobres, eventualmente, deixarem de o ser. Por pressão militar externa e por processos de corrupção internos esse processo foi interrompido e hoje estamos amarrados a mecanismos formais de governação que, no último ano, até já abandonaram o mais rudimentar dos requisitos de uma democracia: O debate, a consulta detalhada, o diálogo institucionalizado com as praças.
Por esta razão, no tocante à municipalização sou a favor de muita acção e poucas leis, e de uma grande variedade de modelos. Deixemos que cada município vá escolhendo o modelo de governação municipal que melhor lhe convem. Em Maputo já elegemos duas assembleias de cidade e nenhuma delas jamais esboçou qualquer sinal de relevância. Não temos razão nenhuma para concluir que a próxima será mais relevante. Temos apenas a garantia de que será imensamente mais cara.
Em Maputo, que é onde vivo, parece-me ser muito mais útil e racional eleger apenas um presidente camarário que tenha a liberdade de escolher a sua equipa de trabalho, e que, depois, monte um sistema de eleição de um presidente por cada bairro, e os 50 chefes de bairro mais o presidente camarário formam o CM. E chega. A eleição do presidente camarário e dos presidentes de bairro estabelece a dimensão democrática do sistema. Ou seja, deixam de ser escolhidos por meios não eleitorais (e, já que estamos com a mão no assunto, sou a favor de, nas eleições autárquicas, aqueles cidadãos que não precisem de votar secretamente om possam fazer de mão no ar ou por qualquer outro método mais rápido e mais barato).
Por estes métodos, temos uma hipótese muito melhor de eleger pessoas e não partidos, e assim garantimos uma taxa de erro bastante mais baixa do que no tiro no escuro que é quase sempre a votação em partidos.
Quanto ao acto eleitoral, ele pode dar dinheiro em vez de custar dinheiro. Creio que muito poucos residentes de Maputo rejeitariam pagar 2 ou 3 mil Mt no momento da votação. Uns bairros poderiam pagar mais do que outros. E, para conduzir o acto eleitoral, poderíamos ter as igrejas que, hoje, incutem muito mais confiança nos cidadãos do que os partidos políticos. Não estou a dizer que as igrejas estão isentas de imoralidade política. Mas a sua frequência seria insignificante comparado com o que pode acontecer com partidos. E não é só igrejas. Trata-se, no fundo, de mobilizar o concurso das instituições e indivíduos ainda honestos da nossa sociedade para podermos prescindir do caríssimo policiamento eleitoral feito pelos chamados “observadores internacionais” e, no processo, recuperarmos a nossa postura de não precisarmos de ninguém de fora que nos venha dizer se nos portámos bem.
Para se fazer tudo isto, obviamente, é preciso suspender o pacote legislativo autárquico. E isso, por seu turno, só se deve fazer se houver um forte consenso dos munícipes em relação a um modelo alternativo. Caso não haja tal consenso, obviamente não devemos destruir o que a AR aprovou. Mas insisto que devemos começar a lutar por uma alternativa financeiramente viável (idem para 99). A meu ver, a AR devia aprovar duas ou três coisas básicas para os municípios, arranjar uma instituição para arbitragem em litígios municipais e deixar um campo muito amplo para o primeiro presidente eleito ir adaptando o regime municipal às realidades do município, especialmente no tocante a impostos. Como as coisas estão, o presidente eleito, se for pessoa honesta e trabalhadora, vai estar amarrado a um conjunto de leis que o forçarão a tentar enfiar a realidade no modelo aprovado pela AR.
Vejamos a realidade. Os vendedores do Xipamanine pagam diariamente à câmara uns 10 a 12 mil contos em taxas. Mas quando aquelas 150 barracas arderam não houve nem um Mt para os ajudar a reconstruir as suas vidas. Isto significa que estamos num período de gestão camarária altamente corrompida. E não é por falta de leis. Leis é o que há mais. É por falta de gente honesta e trabalhadora a conduzir os destinos camarários. Pois bem, só podemos dar o salto para esse tipo de gestão se as pessoas honestas e trabalhadoras que não se importam de voltar a servir o Bem Comum tiverem campo para agir. Daí a informalização de que falo.
Se não arranjarmos uma solução no plano institucional, é óbvio que, com o aumento da degradação do município, os munícipes, mais cedo ou mais tarde, vão ser empurrados para uma gestão completamente paralela ao CM. Por exemplo, o jornal em que trabalho está no bairro da Polana. Se as coisas chegarem a níveis insustentáveis de degradação não duvidarei em juntar-me a um processo popular de bairro do qual saia uma pessoa bem paga pelo bairro encarregue de tomar conta das coisas, digam o que disserem os funcionários camarários, os parlamentares e os “peritos” da democracia. Trata-se de, pela via informal, arranjar soluções para os problemas criados ou não resolvidos pelas estruturas formais do poder camarário. Ao longo da História, as sociedades foram sempre empurradas para situações dessas durante as fases de falência dos modelos.
8. A privatização do Estado
Hoje, em Moçambique, o Estado está em processo acelerado de privatização por dentro. Centenas dos seus funcionários, com salários miseráveis, cobram taxas paralelas, vendem exames e notas de fim de ano, exigem somas avultadas para fazer andar a papelada, etc. Por outras palavras, o aparelho de Estado - salvo honrosas excepções - já não representa o Bem Comum. Fatias cada vez maiores deste aparelho são clandestinas nos seus actos e privadas nos seus objectivos. O Bem Comum, hoje, um pouco em todo o mundo, está melhor representado pela imprensa, por igrejas, ONGs, clubes desportivos, em suma, pela chamada sociedade civil. Aqui e um pouco por todo o mundo (a transição é global). Até no Benfica, essa capital da frescura financeira e futebolística dos anos 60, há uma profunda crise económica e de valores.
Ora bem, em períodos de ordem a mais, as pessoas começam a sentir-se claustrofóbicas e, mais cedo ou mais tarde, estoiram. Não aguentam a ditadura da ordem a mais. Idem com a desordem. Também tem dimensões de ditadura. É nisso que hoje estamos, em grande medida, como humanidade. Uma enorme e destrutiva desordem que tudo arrasa. Por isso, começa um desejo profundo de alguma ordem, de um regresso de taxas elevadas de previsibilidade. Os valores que ontem eram conservadores - ter uma escola para os miúdos, um hospital onde ser tratado humanamente, poder andar na rua sem ser assaltado, ter alguma segurança financeira para a velhice - tudo isto eram valores conservadores. Eu próprio pertenço a uma geração que tratou todos esses valores como “quadrados”. A desordem de hoje tratou de elevá-los a valores quase revolucionários, capazes de unir as mafias deste mundo contra os pequenos exércitos da honestidade e do trabalho árduo como única fonte legítima de enriquecimento.
É nesta transição que é preferível gastar algum dinheiro, metê-lo sem receio no “luxo” de uma procura nacional, com o correspondente grau de informalidade nas decisões, do que estarmos a importar modelos formais de fora que só nos levam a ficar dependentes deles. Vejam o que se passa nas alfândegas. Quantos anos andou a opinião pública a dizer ao Governo e ao Banco Mundial que os salários do pessoal das alfândegas tinha que aumentar. Os técnicos nas fronteiras tinham que ter acomodação decente. Etc. Não podia ser, diziam eles. Não havia dinheiro. Não havia dinheiro para testarmos um modelo nacional, feito por nós para o período pos-guerra, mas já temos dinheiro para pagar 19 milhões USD/ano a duas empresas de controlo aduaneiro estrangeiras. É absurdo. Ainda por cima, entre 89 e 91, em plena guerra, e com a prata da casa, o ministro Magid Osman aumentou substancialmente as receitas aduaneiras. Estas coisas dão-nos a volta ao estômago, estarmos a entregar o coração aduaneiro do Estado a empresas estrangeiras quando está plenamente ao nosso alcance fazer quase tudo sem necessidade de irmos lá fora.
Enfim, passemos à ponta final desta improvisada introdução ao tema.
Este ano, a propósito de arranjar dinheiro para cobrir os prejuizos causados pela liberalização às fábricas de cajú, ocorreu-nos sugerir à Suécia que metesse 7 milhões USD nessas fábricas, ajudando-as a recapitalizar depois do golpe do Banco Mundial, e, em troca, as empresas construiriam uma série de benefícios para os seus trabalhadores e comunidades em que estão inseridas, como escolas primárias para os filhos dos trabalhadores, subsídios na compra de novas árvores, etc. Tais benefícios, provavelmente, custariam muito mais a construir através do actual modelo de cooperação com um doador com a Suécia. Seria uma poupança para os contribuintes suecos. Pareceu-nos, e continua a parecer-nos, uma área informal de utilização dos dinheiros da ajuda externa que devia ser seriamente explorada. Desconhecemos se a ideia deixou marcas do outro lado. Ouvimos dizer que a associação das indústrias da Suécia lhe achou utilidade e anda a ruminar no assunto. A ver vamos. Mas aí estaria, sem dúvida, uma forma de cooperação não geradora de dependência. Tratava-se de, informalmente, sem burocracias, com percepção política ajustada aos momentos difíceis que atravessamos, e num moldelo assente em resultados, colocar o dinheiro dos contribuintes suecos a um nível de aproveitamento multifacetado, via sector produtivo. Era uma solução informal para um objectivo formal: Consolidar o sector formal da indústria para dele continuarmos a extrair todos os seus ímpetos de estabilização, desde mão de obra fixa aos impostos para o Estado.
O mesmo raciocínio têm-no pessoas tão diferentes como o eng. Lemos Brito e o eng. Amad Momad. Vindos de berços completamente diferentes, ambos dizem ao Governo: Façam um ROCS com mais pessoal de cá, com mais cimento e menos asfalto (senão para que é que andámos a dar à CIMPOR a ilusão de uma tonelagem idêntica à de 73?), utilizem algum do dinheiro para financiar a recapitalização de empresas nacionais, ressuscitem o LEM. Tudo isto são áreas que têm de ter algum grau de experimentação. O dinheiro gasto aí será sempre mais útil do que o dinheiro que continua a ir para fora, para consultores, à razão de 30% do que o mundo nos entrega anualmente para fazer andar a máquina da nossa economia. Estamos a endividar-nos para enriquecer os outros. Não faz sentido nenhum.
E o exemplo mais eloquente de todo este apelo a uma fase de informalidade investigativa aí está, no prolongamento da Av Vladimir Lenine, até ao Xiquelene. Foi feita de tijolo-cimento, com muita mão de obra local, com cimento local, com equipamentos que já cá estavam e conhecimentos que sempre foram locais. Segundo o representante do Banco Mundial, Roberto Chavez, que batalhou por ela contra colegas dele no Banco e até contra a ala pro-asfalto do Governo, e que queria uma avenida mais exposta à elite como a Mao Tse Tung, segundo ele, aquela avenida ficou 10% mais cara do que na opção asfalto. Mas nos 6 anos que se seguiram, portanto, até hoje, não se gastou nem um Mt, nem um dolar, em manutenção. Na opção asfalto, mais barata no papel, gastar-se-iam menos 10%. Mas na opção asfalto, onde ela foi aplicada, o dinheiro foi quase todo para fora e os custos de manutenção são altíssimos. Na opção cimento (obviamente estou a falar exclusivamente de estradas urbanas) quase todo o dinheiro ficaria cá dentro e os custos de manutenção são extremamente baixos. E em 4 ou 5 anos disto, as empresas reacordadas do ramo passariam, com a prática, a custos de execução ainda mais baixos que os da opção asfalto.
No Peru, lá para o final dos anos 80, um ex-governador do banco central do país, de nome Hernando de Soto, meteu-se no informal, arranjou-lhe impostos formais mais baixos do que os que pagava no paralelo. Em cinco anos entraram no sector formal mais de 200 mil empresas e 1.5 biliões USD/ano no OGE. Diz quem conhece o Perú que por causa disto Fujimoriu ganhou as eleições. E ainda lá está.
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In Serra, Carlos, Estigmatizar e desqualificar/Casos, análises, encontros. Maputo: Livraria Universitária, 1998, pp. 27-44.