Aqui. E em primeira página aqui. Em Fevereiro deste ano escrevi neste diário o seguinte texto: "A grande criminalidade no país, especialmente a grande criminalidade na cidade de Maputo, desperta invariavelmente uma grande comoção. Os jornais reportam-na em grandes parangonas. Um assalto a um banco, por exemplo, merece imediatamente uma primeira página nos jornais, uma destacada manchete na televisão. Mas lá nos bairros periféricos das nossas cidades, por exemplo, o que é grande criminalidade? Aí, a grande criminalidade é o pequeno assalto, a intrusão do ratoneiro de esquina, o gang de subúrbio, um assassinato por desconhecidos, um corpo sem vida numa ruela, a insegurança amarrada à sobrevivência do dia-a-dia, coisas que aparecem normalmente diluídas na secção de ocorrências do "Notícias", juntamente com informaçcões sobre os asmáticos que procuram os serviços hospitalares. Nas zonas rurais, a grande criminalidade é, também, o roubo furtivo, mas também o mau olhado, o efeito malévolo do feiticeiro traduzido - acredita-se - na morte de alguém de cuja malária ninguém quer saber. Afinal, a vida parece ser como assim: a intensidade de um prisma."
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