Outros elos pessoais

20 junho 2010

Os vasos capilares do poder político (16)

O término da série.
No número inaugural usei duas expressões: capital de dominação (conjunto de procedimentos que concernem à coerção física directa) e capital directivo (conjunto de procedimentos destinados a obter a adesão e/ou o amorfismo político dos cidadãos). Quanto mais investimento houver no capital directivo maior será a taxa de lucro político.
Ora, as igrejas, os curandeiros e os régulos (hoje chamados líderes comunitários) representam três importantes vias no sentido do incremento da taxa de lucro político, permitindo a economia no uso dos aparelhos repressivos estritos. Os gestores do poder estatal têm todo o interesse em assegurar esse incremento, seja indirectamente no caso das igrejas e dos curandeiros, seja directamente no caso dos régulos. As duas primeiras instâncias transferem para entidades sobrenaturais (diabo, espíritos) as causas dos problemas sociais; as segundas, com auxílio dos curandeiros (mas também há régulos-curandeiros), ao mesmo tempo que são um braço do Estado na cobrança de impostos, procuram assegurar o respeito pelas tradições e pela ordem costumeira, cumprindo o mesmo papel que o Estado colonial lhe atribuíra, não obstante o aparato no uso de símbolos da ordem estatal ao nível do vestuário.
Finalmente, recorde o meu texto com o título Triângulo ideológico das Bermudas, aqui.
(fim)

1 comentário:

  1. Tem que se dar um jeitinho nos nossos vasos capilares,

    Deus fica "chatiado", quando se comeca a venerar o diabo,

    O "chifrudo" 'e malandro, vive nos nossos vasos capilares,

    Vamos apanhar "ele", Deus esta conosco.

    Ja os regulos, sobrados do sistema colonialista escangalhado, havemos de nos entender com eles, de certeza, 'e uma questao de sentar e conversar com eles so.

    Temos apanhar o "chifrudo", o "malandro", o "chiconhoca", as vezes preto, as vezes branco, outras vezes amarelo, nas multiplas facetas e identidades, com discursos e sermoes, muitas vezes de batina e outras de cofio, outras ainda numa de cura-tudo e sabe-tudo, o mestre do disfarce e da mentira, 'e a esse que temos que apanhar,

    'E ele que 'e responsavel pela pobreza,

    Nao 'e ?

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