A Escola Secundária Josina Machel é contígua às chamadas barracas do Museu e tem, num dos lados [através de um dos passeios e do bulevar da Rua dos Lusíadas], grande promiscuidade com chapas, desempregados e vendedores ambulantes de produtos de todos os tipos.
A interdependência entre esse mundo - do qual também devem fazer parte meliantes diversos - e os estudantes da Josina Machel é permanente e múltipla. Pode acontecer que a extrema agressividade do estudante da faca [recorde aqui] tenha raízes na interdependência zonal assinalada, tal como parecem testemunhar algumas passagens de um texto divulgado pelo matutino "Notícias" em sua versão digital de 29 de Julho deste ano:
"A falta de segurança no recinto da Escola Secundária Josina Machel, na cidade de Maputo, está a criar um ambiente de pavor entre alunos e professores, que com frequência são vítimas de assaltos e agressões por parte de marginais que transpõem a vedação. [Aliado a este facto, o consumo de álcool e drogas por parte de alguns estudantes está a tornar-se preocupante, o que tem concorrido para o aumento da insegurança, pois não raras vezes os protagonistas, na sua maioria adolescentes, depois de consumir estas substâncias são orientados à indisciplina e chegam a violentar os seus colegas.[Recentemente a Polícia da República de Moçambique (PRM) afecta à 2.ª esquadra foi solicitada pela Direcção da escola para repor a ordem, após um grupo de quatro alunos terem-se envolvido em cenas de pancadaria, paralisando literalmente o decurso normal das aulas. [Soubemos que na circunstância um dos agentes da Polícia foi vítima de agressões e sevícias quando tentava serenar os ânimos dos estudantes desordeiros. Em consequência, os alunos envolvidos, todos da 10.ª Classe, foram recolhidos para as celas da 2.ª esquadra." [aqui]
Se vos serve de testemunho, fui aluno da Josina nos anos 80. E devo dizer que sempre houve rixas naquela escola, particularmente, nos cursos vespertino e nocturno.
ResponderEliminarE certo que isso nao ocorria sempre no recinto escolar, mas sim, no jardim frontal ou mesmo nas paragens de machimbombo. Muitas vezes resultou em lesoes corporais permanentes, como pulsos deslocados, narizes quebrados ou cicatrizes no corpo. Ninguem se queixava.
E um facto que nao se usavam armas, nem brancas, nem de outra cor qualquer. Mas que havia sempre violencia, la isso havia. Tambem nao e menos verdade que uma vez o "dumba-nengue" instalado ali ao lado, o numero de casos aumentou. Assim como aumentou, o numero de acessos de estranhos ao recinto escolar, para vender qualquer coisa, ou talvez pior.
No meu tempo, o acesso a escola era restrito, pois havia guarda a porta. E houve ate um director chamado Possolo, que cogitou a exigencia de apresentacao de cartao de estudante. E a direccao da altura, andava armada, como era o caso do camarada subdirector pedagogico Muchanga que tinha uma PPSH no seu gabinete, que fazia questao de nos mostrar, em algumas rondas pelo corredor.
Mas sempre houve rixas de alunos la.
Por isso, o que assistimos recentemente foi a revisitacao de uma velha e problematica tradicao daquela Escola, cuja novidade e o tipo de arma usado e nao o acto de agredir em si, ja de si totalmente reprovavel. Logo, sejamos mais assertivos na interpretacao deste incidente, mesmo porque, foi a vitima, quem com o seu grupo criou uma situacao de bullying, consumada com uma tentativa de linchamento a paulada, que nao resultou por causa da dureza do craneo do agressor.
A vitima, que como percebemos, poderia ser a agressora, tambem deveria ser exemplarmente punida. E nao tratada com a benevolencia a que temos estado a assistir na media e redes sociais.
Uma reaccao que alias, tem similitude com a gestao mediatica do acontecimento com os filhos do embaixador iraquiano em Lisboa, eles tambem, vitimas de bullying sistematico por parte de um gang de lumpens sociais, mas que naquele fatidico dia se reduziu a um unico prevaricador, que arcou com todas as consequencias.