Outros elos pessoais

09 setembro 2015

A encruzilhada da Frelimo e de Nyusi: entre dominação e direcção [10]

Quanto mais os gestores de um Estado investirem nos aparelhos repressivos e na repressão, mais alta será a composição orgânica da política e menor a taxa de lucro político, quer dizer, menor a legitimidade.
Décimo número da série. Finalizo o primeiro ponto sugerido aqui, a saber: 1. Estado, uso legítimo da força física e disputa. O que se passa, então, é que a Renamo contesta ao Estado o "monopólio do uso legítimo de força física", para usar os termos de Max Weber. Proprietário de um exército privado, com um presidente que se multiplica em comícios desafiando impunemente o Estado, esse partido guerrilheiro defende hoje o seccionismo regional e afirma pretender governar províncias do centro/norte do país. Esta situação é propícia à gestão política autoritária, portanto à dominação estatal de acordo com a definição dada nesta série. Um ambiente belicoso exacerbado pode contaminar consciências e decisões, não importa a que nível e esfera institucional do país, fazendo subir a composição orgânica da política. Quando a intolerância sobe, a legitimidade baixa, ampliando o desacordo em geral e o processo negocial para a distribuição de recursos de poder e prestígio em particular. As fardas e os clarins castrenses não moram na casa da democracia.
Nota: como tem sido meu hábito neste diário desde 2006, a qualquer momento posso modificar partes da série.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.