Outros elos pessoais

30 junho 2015

Nyusi inova

Segundo o jornal "O País" na versão digital, o Presidente da República, Filipe Nyusi, chegou a Quelimane num avião das Linhas Aéreas de Moçambique, abandonando o uso de helicópteros e recorrendo a viaturas para visitar distritos na província da Zambézia, em nome da austeridade do seu governo. Aqui.

Primeira prova editorial do número "Qual o papel da imagem na história?"

Recebi hoje da editora às 08 horas locais a primeira prova editorial do 15.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", intitulado "Qual o papel da imagem na história?"; entrego as eventuais correções próxima sexta-feira, às 08 horas locais. A autoria do número é de João Spacca de Oliveira do Brasil, Rui Assubuji de Moçambique, Osvaldo Macedo de Sousa de Portugal e Lailson de Holanda Cavalcanti do Brasil, de acordo com a sequência das fotos anexas.
Recorde a coleção aquiaquiaqui e aqui.

Brevemente segunda tiragem

A Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane colocará brevemente no mercado uma segunda tiragem do livro [2010] com a capa em epígrafe. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.

Matriz da luta antiracial

A matriz da luta antiracial consiste não em trabalhar sobre os mecanismos infra-estruturais do sistema social que produz e reproduz a visão racial – das relações de produção aos sistemas educativos -, mas em defender a paridade das raças, em defender que as raças têm os mesmos direitos. Diferentes, mas iguais - para usar um cliché da moda. Nesta óptica, o problema não está na raça em si, mas na distribuição desigual de direitos raciais. O antiracismo é, muitas vezes, infelizmente, um mero biombo do racismo, seja este ofensivo ou defensivo. Nesta óptica, o problema não está na raça em si, mas na distribuição desigual de direitos raciais.

O que significa proclamar o fim da ideologia?

São vários aqueles que decretaram o fim da ideologia, entre os quais Daniel Bell e Francis Fukuyama, em meio a impugnadores do Estado social como Von Mises e Friedrich Hayek, de defensores acérrimos do Estado liberal enquanto única e última trincheira de democracia como Norbert Bobbio e de produtores do fim da dicotomia esquerda/direita como Anthony Giddens. O que, em última instância, significa proclamar o fim da ideologia? Significa proclamar o fim das diferenças sociais geradoras das lutas de protesto e recomposição, significa proclamar o fim dos mecanismos pelos quais se procura obscurecer a produção e a reprodução das desigualdades sociais, significa proclamar o fim do questionamento de um dado sistema de relações sociais, o sistema capitalista.

29 junho 2015

16.º e 17.º números dos "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora"

Entreguei hoje à "Escolar Editora", às 08 horas locais, o 16.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais", intitulado "O que são pobreza e pobres?", com autoria de Kajsa Johansson da Suécia, Narciso Mahumana de Moçambique e Marcelo Medeiros do Brasil, fotos abaixo.
O 17.º número chamar-se-á "O que é sociologia?", com autoria de Vicente Paulino de Timor-Leste, Paulo de Carvalho de Angola e Ricardo Arruda do Brasil, fotos abaixo. Em breve começarei a trabalhar nele e proximamente dir-vos-ei quando o entregarei à editora.
Recorde a coleção aqui, aqui, aqui e aqui.

Dois portais

Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.

No "Savana" 1120 de 26/06/2015, p.19


Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.

Transformar a mentalidade, não a situação dos oprimidos

"Em suma, se tratará de transformar a mentalidade dos oprimidos, e não a situação que os oprime. Assim procede cinicamente, nos Estados Unidos, o Big Business. Serve-se das Public Relations para propagar entre os explorados os slogans que interessam aos exploradores. Criou a técnica da Human Engineering, que serve para dissimular a realidade material da condição operária por meio de mistificações morais e afetivas. Através de uma educação apropriada, de métodos de mando cuidadosamente estudados, esforça-se por convencer o proletário de que ele não é um proletário, mas um cidadão americano. E se ele recusa deixar-se manobrar, é considerado como um anormal, e inventou-se para ele uma terapêutica de "desrecalque"." (Beauvoir, Simone de, O pensamento da direita, hoje [1955]. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S.A., 1972, p. 20, itálicos na obra.)

Sitemeter

Para os que usam o contador de visitas sitemeter em blogues, sugiro leiam isto aqui e aqui.

Apetência pelo homem providencial

Tal como anteriormente Samora, Chissano e Guebuza, Nyusi aparece com um ser providencial, capaz, por si só, de resolver não importa que problema na óptica dos que o prezam, dos que o adulam e, mesmo - suprema preversidade - dos que nele vêm apenas uma emanação amorfa dos presidentes anteriores. O apelo à excepcionalidade do grande homem representa, quase sempre, o eclipse das instituições, a falta de confiança nelas. Representa, também, um enorme desejo de divindades.

Ideologia segundo Samora Machel

"As ideias, os valores, os hábitos, os usos e costumes, o conjunto das normas inconscientes que regulam o comportamento quotidiano do indivíduo, são expressões da ideologia e cultura da sociedade existente. Acontece que todos nós nascemos e crescemos na sociedade exploradora, fomos profundamente impregnados da sua ideologia e cultura, por isso é-nos difícil e por vezes parece-nos impossível o combate interno, contra o que cremos constituir o nosso esqueleto moral. Arrancar de nós a ideologia e cultura exploradora para assumirmos e vivermos, no detalhe do quotidiano, a ideologia e cultura requeridas pela revolução, constitui a essência do combate pela criação do homem novo." - Excerto de um discurso deSamora Machel num simpósio de homenagem a Amílcar Cabral em 1973 - Bragança, Aquino de e Wallerstein, Immanuel, Quem é o inimigo (II). Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1978, p. 176.

Segunda edição no prelo com 477 páginas

Com a chancela da Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane, estará brevemente disponível no mercado a segunda edição do livro com a capa e a contracapa em epígrafe, o qual, na primeira edição, foi publicado em dois volumes, saídos em 2008 e 2009.

Por quê?

Homem de calças ou de tronco nu não é problema; mulher de calças ou de mini-saia, é problema. Por quê? Porque é suposto transportar sexualidade pura, justamente a sexualidade pensada, desejada e criada pelos homens. Na história da humanidade, razão, história, pensamento, verticalidade, luz, alma e superioridade têm sido considerados apanágio dos homens; emoção, natureza, sensações, horizontalidade, trevas, corpo e inferioridade, apanágio das mulheres.

Normalidade

Chama-se a atenção do automobilista para o facto de que ao estacionar a viatura no passeio impede a passagem dos peões. Debalde, personagem mira-nos com estranheza e cólera, nós é que somos anormais, normais são ele e todos os outros que fazem da contravenção e da falta de respeito regras de comportamento urbano diário. E depois temos, no mesmo local, certos polícias que, rodeados da viaturas mal estacionadas, fazem o controlo rodoviário à espera do refresco dos automobilistas apressados.

"À hora do fecho" no "Savana"


Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1120, de 26/06/2015, disponível na íntegra aqui:
Nota: de vez em quando perguntam-me por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o verdadeiro elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.

26 junho 2015

Desconstrutora de mitos politicamente úteis

A filósofa brasileira Marilena Chauí, várias vezes citada neste diário, é uma admirável desconstrutura de mitos politicamente úteis: "A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da idéia de “humanidade”, ou da idéia de “nação” e “pátria”, ou da idéia de “raça”, etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor, etc." Aqui.

O "Homem"

Há uma palavra substantiva que faz a alegria de muita gente, essa palavra é o "Homem", como se o "Homem" fosse uma substância em si, independente de grupos, classes, culturas, nações e processos históricos.

25 junho 2015

40 anos de Moçambique independente

Hoje, 25 de Junho de 2015, o nosso país faz 40 anos, pois nasceu a 25 de Junho de 1975. O aniversário do nosso jovem país não deve conjugar-se no presente do indicativo, mas no futuro. Tenhamos orgulho nele, tenhamos orgulho na nossa pátria sejam quais forem os problemas e os desencontros. E ao tê-lo e ao praticá-lo, ao orgulho, façamos nossas também as outras pátrias. Com as raízes aqui, sejamos a todo o momento a copa do mundo, frondosa e hospitaleira. Oiçam o hino nacional aqui. Finalmente, para aqueles que eventualmente por aqui passarem e hoje também façam anos, parabéns habitados pela saúde.

Cadernos de Ciências Sociais/Escolar Editora/14.º número no prelo [4]


Quarto e último número da série. Capa e contracapa do 14.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", intitulado "Existe imprensa independente?", no prelo, com autoria de Tomás Vieira Mário de Moçambique, Ethel Corrêa do Brasil e Nuno Ramos de Almeida de Portugal. Recorde os dez primeiros números já no mercado, aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.

24 junho 2015

Cadernos de Ciências Sociais/Escolar Editora/13.º número no prelo [3]

Terceiro número da série. Capa e contracapa do 13.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", intitulado "O que é futebol?", no prelo, com autoria de Salomé Marivoet de Portugal e, do Brasil, Marcelo Bittencourt, Victor Andrade de Melo e Marcel Tonini. Recorde os dez primeiros números já no mercado, aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.

Samora e o Capital (9)

Nono número da série. Hoje os momentos são outros, a roda da história parece ter outra história, diferentes são as maneiras por que se lê e se analisa o que se passa em Moçambique e no mundo em geral. Recordemos extractos de um texto de Samora Machel e retomemos contacto com categorias analíticas que parecem perdidas, num país como o nosso onde é cada vez mais forte a presença do Capital internacional e, em particular, do Capital mineiro [amplie a imagem abaixo clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato]:
Fonte: Machel, Samora Moisés, O processo da revolução democrática popular em Moçambique (1970?). Maputo: Departamento de Informação e Propaganda, 1976, in Colecção estudos e orientações, Instituto Nacional do Livro e Disco, 1980, 78 pp.
Adenda: leia dois textos da autoria de brasileiros, a saber: José Flávio Sombra Saraiva, Moçambique em retrato 3x4: Uma pequena brecha para a política africana do Brasilaqui; Beluce Belluci, Tudo e nada: aposta do Capital em Moçambiqueaqui.

23 junho 2015

Dhlakama, o castrense

Segundo a "Lusa", o Sr. Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, admitiu ter ordenado a forças do seu exército o ataque de 14 de Junho às forças governamentais, causando - asseverou - 45 mortos. Aqui. Recorde o que no dia 16 deste mês disse o porta-voz da Renamo, Sr. António Munchanga, aqui.
Adenda: "O importante é que é muito difícil classificar uma democracia onde, por um lado, temos um partido no poder, e, por outro, temos um partido da oposição com o seu exército privativo, isso é um bocado estranho." Aqui.

Cadernos de Ciências Sociais/Escolar Editora/12.º número no prelo [2]

Segundo número da série. Capa e contracapa do 12.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", intitulado "O que é feminismo?", no prelo, com autoria de Patrícia Gomes da Guiné-Bissau, Debora Diniz do Brasil, Maria Helena Santos de Portugal e Rosália Diogo do Brasil. Recorde os dez primeiros números já no mercado, aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.

Obediência e desobediência

Creio que os seres humanos são portadores de um capital de obediência formado ao longo das suas diferentes socializações, com aprendizagem e interiorização de regras e de fórmulas de obediência à Ordem. É por aí que se estruturam os veios de identificação e os laços afectivos primordiais.
É como se quiséssemos ser como o Pai e, por extensão, como todos aqueles que simbolizam esse Pai e a sua autoridade: o Presidente, o Professor, o Curandeiro, o Escritor, o General, etc.
Mas o processo está acoplado ao desejo de sermos o próprio Pai (na plural assunção atrás sugerida) e, se possível, de irmos para além dele: é aqui que nasce a ruptura filial e a aspiração a uma nova identificação com a figura do rebelde, do subvertor, do anómico, do produtor de historicidade. Eis, então, o capital de desobediência.