- "Na tragédia actual em Moçambique, não posso imaginar quanta bílis seria necessária para adicionar a 210 litros de cerveja de maneira a causar muitas mortes." Aqui. (agradeço ao RC o envio desta referência)
Terceiro número da série. Vou propor-vos escrever sobre a lenda/boato da bílis letal do crocodilo a dois níveis: primeiro, sobre o crocodilo enquanto repositório do Perigo Absoluto, do Grande Mal, nas representações populares; segundo, sobre a falsa letalidade da bílis do crocodilo. Entro de imediato no primeiro ponto, recordando, através de uma postagem deste diário, o que sucedeu em 2008 na periferia da cidade de Maputo: "Apareceu um crocodilo com dois metros de comprimento junto ao muro de vedação do paiol das Forças Armadas na cidade de Maputo e a festa instalou-se logo entre os residentes dos quarteirões dois e três do bairro do Zimpeto e parte de Mahlazine. Segundo o "Notícias" de hoje, o animal foi abatido e a carne distribuída, mas tudo misturado com uma grossa inquietação, pois o Sr. Bernardo Mabote apoderou-se da cabeça do animal, "cuja massa cerebral é tida como um veneno mortífero para as pessoas." Depois, o chefe do quarteirão 2 do bairro de Zimpeto, o Sr. Gaspar "tentou, sem sucesso, proteger a parte da cabeça do animal para evitar que ficasse com indivíduos de conduta duvidosa, que eventualmente podem usar o cérebro para envenenamentos". O homem foi agredido e impedido de tirar a cabeça do crocodilo. Um criador de crocodilos próximo da área, Sr. José Ferreira, garantiu que o animal não lhe pertencia." Aqui e aqui.
Proponho também que se cace um crocodilo para efeitos de análise laboratorial tanto do seu cérebro como da bílis para verificarmos se o bicho é apenas mau caracter ou se também têm maus fígados. Este, parece- me um bom ponto de partida para análises objectivas, para a desmitificaçao de crenças ou crendices.
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