Outros elos pessoais

07 novembro 2010

Graça, Marcelino e Rebelo: a frente crítica (12)

Avanço na série.
3. O futuro (continuidade do ponto). O continuador e ampliador de Eduardo Mondlane, foi Samora Machel, primeiro presidente da nosso país. Logo em 1974, quando da posse do governo de transição, Samora deu a conhecer aquele que devia ser o quadro comportamental dos dirigentes:  "O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente com o povo, não façam da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores. A corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, isto é, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares, amigos ou a gente da sua região fazem parte do sistema de vida que estamos a destruir. O tribalismo, o regionalismo, o racismo, as alianças sem princípios constituem atentados graves contra a nossa linha e dividem as massas. Porque o poder pertence ao povo, quem o exerce é servidor do povo. Quem desviar assim a nossa linha não encontrara qualquer tolerância da nossa parte."
(continua)

5 comentários:

  1. Samora Machel continuador de Mondlane?

    Com Mondlane, a Frelimo propunha-se estabelecer um Estado democrático: O programa da Frelimo aprovado no 1° Congresso falava na criação de um “governo do povo, pelo povo e para o povo”. Após a morte de Mondlane o primeiro indício de que a democracia fora adiada ficou patente na “eleição” de Machel e Marcelino dos Santos para a chefia da Frelimo em 1970; a criação de um Estado totalitário em 1975 foi o segundo.

    É óbvio que houve uma descontinuidade da orientação política de Mondlane com Machel na chefia, facto que nem a “evolução na continuidade” marcelista pode ofuscar.

    ResponderEliminar
  2. Os factos são teimosos
    (V.I. Lenin)

    "...O continuador e ampliador de Eduardo Mondlane, foi Samora Machel, primeiro presidente da nosso país..."

    Hipotese errada, caro Professor:

    (Thomas H. Henriksen, Revolution and Counterrevolution,(London: Greenwood Press, 1983), p. 37.)

    "...Mining with the intention of inflicting Portuguese
    casualities was only one aspect of the grisly campaign. By 1973,
    guerrilla forces were laying mines near civilian population
    centers just as indiscriminately. The number of civilian casualties was tremendous and is one of the saddest aspects of the conflict; but it contributed to the psychological war against
    the Portuguese. The anger of the civilian population was directed at the Portuguese soldiers because they could not protect the innocent. Not only were the Portuguese engaged with
    a guerrilla force which they could not defeat, but they became
    the target of increasing abuse by even the friendly part of the
    native population as the conflict wore on. Frelimo used this
    tactic to turn European against European as well. When Mondlane
    had been President of Frelimo, he had advocated a non-violent
    attitude toward Portuguese settlers and other Europeans in
    Mozambique and concentrated efforts against the Portuguese
    government and military. Machel reversed this policy in 1973,
    and white settlers again became targets of guerrilla attacks.
    "Panic, demoralization, adandonment, and a sense of futility -all were reactions among whites in Mozambique". The settlers demonstrated against the Portuguese in Vila de Manica and Vila Pery, and stoned military installations and soldiers in Beira.
    The morale of the army again was undermined and a sense of utter
    hopelessness became pervasive.
    A tense stage was well set in both Mozambique and Portugal.
    Frelimo's hit and run strategy continued in the early months of
    1974, wresting away every initiative..."

    E ainda (Thomas H. Henriksen, Mozambique: A History, (The Camelot Press, Southampton, England, 1978), p. 181.)

    "...After a brief power struggle, the pro-Communist Samora
    Machel assumed the Presidency. The former Vice-President, Uria
    Simango, was expelled and the former Secretary of External
    Relations, Miguel Murupa, deserted the party. Murupa, a personal appointee of Mondlane, later claimed that Frelimo had fallen under a Communist takeover.
    Machel moved the party to the ideological left, consolidating
    power and increasing ties with the Chinese and Soviets. After
    numerous expulsions and defections internal dissent within Frelimo subsided for the remainder of the insurgency. Machel advocated the military approach to more of a degree than Mondlane and stepped up the guerrilla war and urban terrorism. Though the
    unity of Frelimo would no longer be in question, the organization
    had made a definite mid-course correction. Communist support, in terms of military and financial assistance, increased
    substantially after Machel took over. Propaganda was decidedly
    that of the typical Communist supported insurgency. There was
    not too much doubt that Mondlane's neutrality had fallen by the wayside..."

    Magister Dixit

    ResponderEliminar
  3. A hipotese do Professor que aqui e apresentada, e sustentada pela tese " O Marxismo de Samora" do nao menos marxista e ideologo da FRELIMO, Aquino de Braganca,que se refere a Mondlane assim:

    In Mondlane, E. C. (1982). “The Evolution of FRELIMO” in de Bragança, A. e Wallerstein, E. (eds.). The African Liberation
    Reader Volume 2: The national Liberation Movements. Zed Books. London. (121).

    <<...Eduardo Mondlane respondeu, em 1968, da seguinte maneira: “... concordo que em resultado da experiência dos dez dias do (segundo) Congresso a Frelimo tem uma linha política muito mais clara do que anteriormente (...) Há uma coalescência de pensamento
    que surgiu nos últimos anos que me possibilita dizer, e disso tenho a certeza, que a Frelimo é agora na realidade mais socialista, revolucionária, e progressista do que jamais o foi, e tem a tendência cada vez maior de caminhar no sentido do socialismo do tipo Marxista-Leninista”.Mais interessante ainda é o que Mondlane diz mais adiante, nomeadamente que a Frelimo se movimenta nesse sentido porque as condições sob as quais a luta é empreendida o exigem!...>>

    A Radio Mocambique, pela lavra de Ian Christie, editou tambem uma cassete com o registo magnetico da famosa entrevista, quando os factos historicos mostravam ja uma lideranca de Mondlane completamente diminuida e vulgarizada, por outra "de facto" liderada por Samora Machel e Marcelino dos Santos.

    Eis porque e sempre importante encadear a data da "entrevista" com os meus comentarios aqui:http://oficinadesociologia.blogspot.com/2010/11/uma-extraordinaria-analise-de-mondlane.html

    Uma praxis recorrente no reinado de Samora, que teve seu apogeu em "Os Comprometidos" de Ruy Guerra.

    Em suma, em todo este imbroglio da FRELIMO, ha sempre um denominador comum ligando a todos os acontecimentos mais importantes: Aquino de Braganca. Aquino que se encarregou de reunir "manuscritos" de Mondlane e faze-los publicar no "Lutar por Mocambique". O mesmo Aquino que esteve na gestacao de uma historia oficial explicando as circunstancias da morte de Mondlane, hoje, como sabemos, completamente adulterada.

    Estou convicto que, um dia, saber-se-a mais sobre o papel de Aquino na reviravolta de 1968 na FRELIMO e em todo o movimento que se lhe seguiu, o qual culminou com o III Congresso em 1977, mesmo ciente que isso sera como abrir uma Caixa de Pandora.

    ResponderEliminar
  4. Tenebroso senhor "oriental" esse, o Aquino! Tenebrosa conspiração comunista, ó Ricardo. E ainda por cima com o caçador de comunistas, o Henriksen! E coitado do manipulado Mondlane! Uma perfeita chapada múltipla na pobre história, a meu iludido cargo!

    ResponderEliminar
  5. Desculpem,

    Mas basta que alguem diga hoje que 'e da frelimo, ja comecam todos a pensar 'e conspiracao, mentira, adulterio historico, etc..

    Isso 'e descredibelidade, e nao vai ser facil recuperar a credibelidade,

    Talvez individualmente a credebelidade possa ser recuperada em funcao 'a "performance patriotica" de cada um deles,

    Em grupo, juntos na frelimo, nao acredito que consigam recuperar,

    Hoje no mediafax, ja estamos nos 4 ultimos da tabela mundial em DH, segundo o PNUD, ou seja o "donor's paradox" esta ficar mundialmente famoso,

    10 melhor do mundo em crescimento economico, quarto pior do mundo em DH 'e obra.

    E a Graca esta fula, reclamou hoje no mediafax outra vez, so 'e possivel assim, cada um deles expressar o que vai na alma e tentar defender o sua "nobreza historica", de modo que nao seja levado por esta descredibelidade absoluta do seu partido.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.