Mais um pouco desta série.
4.1. A luta das causas. Sem dúvida que as manifestações de 1/3 de Setembro tiveram aspectos que as de Fevereiro de 2008 não tiveram, por exemplo a luta dos sms (da qual dei conta aqui) e a luta das causas. Na verdade, fomos confrontados com intensas manifestações causais, fomos submersos por uma bateria enorme e apaixonada de causas avançadas nos mais variados sectores e aos mais variados níveis. Face a um fenómeno que nos surgiu com um rosto extremo e perturbador - a violência comportamental suburbana -, procurámos e procuramos, todos nós, encontrar as condições e os factores externos aos próprios actores das periferias indóceis, encontrar os antecedentes exteriores ao fenómeno, localizar os fenómenos explicativos do fenómeno (creio que ninguém fez uso analítico do indeterminismo à Heisenberg, que ninguém se lembrou da física quântica; a regra da mecânica clássica - qualquer fenómeno é causado por um antecedente - continua na ordem do dia). Foram poucos os habitantes do centro preocupados com o processo que, pouco a pouco, foi desembocar no rio social tornado violento, estivemos e estamos preocupados com o imediato em chamas, com o fusível social que saltou, com a ruptura do que entendemos ser a normalidade do dia-a-dia, preocupados com o que consideramos ser patologia social, preocupados com a súbita crispação social, com a imensa desordem dos suburbanos. O caos foi a grande preocupação imediata, foi a coluna vertebral de uma parte significativa das análises e das preocupacões securitárias. Apesar da variedade morfológica, creio ser possível dividir as causas avançadas em dois grandes grupos: as externas (ligadas a um mercado internacional que não dominamos) e as causas internas (ligadas à gestão estatal do país), muito raramente um compósito de ambas (foto reproduzida daqui).
(continua)
Adenda: esta série está a ser divulgada no semanário "Savana".
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