Esses fenómenos são analisados no interior do nosso prisma de vida e não no interior do prisma dos seus habitantes e artífices. Por isso os consideramos estranhos, bizarros, anormais.
Entendemos que a racionalidade e a verdade apenas pertencem ao nosso prisma, o prisma do exclusivo poder urbano de definir, catalogar e normar outrem.
Professor...
ResponderEliminarDecidi encarnar um habitante local:
"...Mas se a luz do meu candeeiro brilhar com mais intensidade ao colocar-se la um pedaco daquele reflector que "esta a enfeitar a estrada - esses MUZUNGOS que pensam que gozam connosco quando poem coisas dessas a frente das nossas casas, agora vao ver- para as pessoas ricas da cidade", para que eu finalmente consiga ver a cara dos meus filhos a noite, alumiar o meu quintal quando faco reunioes de familia (ou ate partidarias). E fundamentalmente, se a luz da minha casa for tao intensa quanto a da casa do administrador, entao, eu sou um pessoa feliz. Eu sou uma pessoa importante..."
Agora, EU PROPRIO:
Questao 1: Quanto custa a tarifa de electricidade na zona? Quem a pode pagar?
Questao 2: Sinistralidade na area? Mais Pessoas (ou Ciclistas) ou Veiculos Motorizados? Veiculos Motorizados certamente. Quem e que, para alem do administrador, tem "carro" na zona e ganha dinheiro com isso?
Deducao: Bicicletas guiam-se por sinais reflectores? Nao. E os camioes que vao e vem de Nacala? Sim. Entao, deixem-me vender candeeiros que ate aumentam a minha renda e faz de mim um benfeitor da comunidade. O que sempre e util quando os tempos ficam mais dificeis...
professor veja os comentários sobre uma imagem aqui. http://debateereflexao.blogspot.com/2010/02/family-director.html
ResponderEliminarAgente faz as mesmas coisas tanto no campo como na cidade o que difere é o método. e quem disse que o melhor é este ou aquele método?
Ha sempre um metodo padrao. Mas todo metodo tem o seu complemento. E nisso, e que se deve concentrar a atencao dos governantes.
ResponderEliminarQuando se melhora a seguranca de uma estrada pensando no progresso economico, isso, e um metodo padrao. Mas quando se complementa o mesmo, criando quiosques para os camionistas comerem, para fazer a barba, cortar cabelo, trocar alimentos por artigos, sem ser SO pela MAO DE FERRO do CANTINEIRO LOCAL, isso e estimular a criacao de riqueza que vai permitir comprar um PETROMAX que e muito melhor que um candeeiro feito com pedacos de reflector. Isso e "explicar" a populacao que aquela estrada e importante tambem para eles e a sua seguranca beneficia a todos...e nisto, esta a distracao dos nossos governantes. Porque, tecnocratas, so compreendem o material, nao mergulham no espirito do seu Povo.
Professor,
ResponderEliminarO problema esta na pobresa... na cultura de roubar... no tentar desenrascar.... cada um para cada qual... e Deus pra todos.... afinal nao 'e assim...?
Ainda a questao do metodo padrao e o seu complemento.
ResponderEliminarLeiam no ultimo Whampula FAX deste blog sobre a "insatisfacao dos comerciantes locais..." sobre a iniciativa governamental de criar feiras agricolas. Aqui esta a raiz do problema.
Mocambique, precisa reescrever o modus fasciendi das relacoes produtor-comprador-vendedor.
E preciso enquadrar este comprador - o intermediario - porque ele nao serve a ninguem, senao a ele proprio. Mas como nao ha mais ninguem a fazer o seu papel, entao impoem. Mas impoem tudo, ate a manutencao da miseria a um nivel que nunca acabe com o seu negocio. Por muito militantes da Frelimo que se declarem.
Esta relacao de producao e uma heranca dos cantineiros do antigamente. Hoje, numa realidade diferente, e preciso rever esta situacao. Outro tipo de esquema deve ser pensado. Comecar por feiras agricolas e um bom principio, mas tambem e preciso assegurar que o Campones aprenda como colcar a sua producao a precos justos.
O longínquo, basto, e definitivo afastamento de Moçambique, fizeram-me bastante distante das realidades quotidianas.
ResponderEliminarMas os cantineiros, os exploradores do Povo, os leões indomáveis, não foram, faz muito tempo expulsos, usurpados, esbulhados de/em Moçambique?
Muita confusão p'ra minha cabeça.
Se se refere aos cantineiros BRANCOS, sim, foram-no.
ResponderEliminarMas agora estao la outros. De diversas etnias e proveniencias. Negros, Asiaticos, Mesticos, Brancos, Chineses, Bengalis, etc, etc.
Penso que compreendeu que o que estou a problematizar e a questao do INTERMEDIARIO.
Este INTERMEDIARIO que faz hoje o mesmo papel do cantineiro colonial quando as relacoes de producao conhecem hoje uma outra realidade:
1 - Trocar a producao do Campones por quinquilharias de tuta e meia e nao encorajar a poupanca do dinheiro. Logo, o campones nao aprende a servir-se melhor do sistema bancario. A realidade hoje e outra. Nao se pode conceber uma multinacional de Titanio ao lado de pessoas que nao sabem o que e um banco. Tamanha discrepancia e inaceitavel e perigosa;
2- O INTERMEDIARIO encarece o custo do produto ao consumidor final, porque ganha a sua comissao por cada transaccao de e para o campo. E como sabemos que o seu lucro e quase sempre a dobrar, temos um elemento pernicioso chamado especulacao. E quando constatamos a pratica de CARTEL por muitas familias que controlam este comercio na zona norte de Mocambique, pior fica ainda;
3- Finalmente, o INTERMEDIARIO e um bico de obra para a cobranca de Impostos. Visto que a transaccao primaria deste com o produtor se faz por generos, nao e possivel provar contabilisticamente, o que e que efectivamente deve ser cobrado pelo Estado. Logo, informaliza a area fiscal, criando injustica fiscal para nos, os pagantes de impostos.
Podera me perguntar o que e que entao fazia o Governo Colonial para saber o que aquele INTERMEDIARIO efectivamente ganhava com os camponeses. Pois eu digo, apoiava-se no Chefe de Posto e no Regulado que sabia exactamente o que e quanto havia sido produzido pelo fulano XPTO. Mas isso, umBhalane sabe melhor do que eu. Mas vai concordar que isto perpetuava o ciclo da precariedade do campones, que so produzia para subsistir e nunca para enriquecer.