Outros elos pessoais

16 maio 2009

Suspenso por se considerar euro-afro-americano

Originário de uma família portuguesa que viveu em Moçambique por várias gerações, o Sr. Paulo Serôdio, 45 anos, processou uma escola médica de New Jersey, Estados Unidos, dizendo que foi suspenso e perseguido por se ter identificado na sua turma como "euro-afro-americano". Saiba detalhes aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
Adenda 1: aqui está um tema fascinante, aparente horror à mestiçagem cultural, ao híbrido cultural...Foi Gilberto Freyre quem um dia escreveu isto: "A mestiçagem unifica os homens separados pelos mitos raciais. A mestiçagem reúne sociedades divididas pelas místicas raciais e grupos inimigos. A mestiçagem reorganiza nações comprometidas em sua unidade e em seus destinos democráticos pelas superstições sociais” (1963).
Adenda 2 às 17:06: se puder, leia Lopès, Henri, Mes trois identités (tradução: As minhas três identidades, CS), in Kandé, Sylvie, Discours sur le métissage, identités métisses, En quête d´Ariel (tradução: Discurso sobre a mestiçagem, identidades mestiças. Em busca de Ariel, CS)). Paris: L´Harmattan, 1999, p. 138.

10 comentários:

  1. A solução é simples:

    Os brancos moçambicanos devem-se chamar moçambicanos.

    Os pretos moçambicanos devem-se chamar afro-moçambicanos.

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  2. Não me parece ser este um assunto simples, pelo contrário, está a ganhar contornos alarmantes no mundo inteiro. Ontem foi a vez do parlamento italiano aprovar uma lei severa contra a imigração ilegal, depois do seu primeiro ministro, Sílvio Berlusconi, uma semana antes ter feito duras críticas contra a imigração ilegal (?). Da América e na vizinha África do Sul, através do correspondente do professor em Paris, chega-nos casos semelhantes, do sob-ponto de vista da negação ao próximo, como por exemplo é o caso do português que foi suspenso por ser considerado euro-afro-africano, e dos zimbabweanos que "adoptaram", involuntariamente, a naturalidade zulu, é no mínimo, diga-se a bom da verdade, um caso para cimeira dos chefes do estado e do governo do mundo inteiro. Pessoalmente estou preocupado com o progresso ao passado que certos dirigentes estão a empreender.

    Um abraço

    NB: Procuro para fotocopiar alguns trechos do livro de Arrone Fijamo Cafar, intitulada "As Impressões de uma Viagem", era um favor que me fazia.

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  3. Ok, mas essa do euro-afro-africano é demais, razão tem o nosso funcionário da migração em não deixar que um branco (Machado da Graça) tenha o cabelo branco...

    menos ok, é o facto de nenhum afro-moçambicano (aqui sim, o alarmante é o facto de que o phd não ajuda) considerar um moçambicano como moçambicano (por mais afro-africano que seja)...

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  4. Aqui mais um tema para alguns, não é?

    Tem ou não tem razão o Serôdio? Vamos ou não vamos todos nós mocambicanos nos solidarizarizar com o Serôdio?

    Ainda bem, que no meio de um ambiente em que ele podia mandar lixar a África, Serôdio afirmou-se africano. Pessoalmente gosto de quem se identifica africano na Europa ou mocambicano em Portugal mesmo que a cor da pele lhe facilitaria em negar a africanidade ou mocambicanidade. Para mim, esses que se orgulham pela africanidade ou mocambicanidade dessa maneira, podem ser mais do que aqueles que o orgulho significa excluir os outros.

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  5. A solução é simples: os brancos moçambicanos devem-se chamar euro-moçambicanos e os negros sempre por moçambicanos.

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  6. Em vez de:

    como por exemplo é o caso do português que foi suspenso

    ficaria:

    como por exemplo é o caso do moçambicano menos azul do que outros que foi suspenso

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  7. Nascer branco é bom? É bom nascer branco?

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  8. A solução é simples:

    Matar todos os brancos, todos os mulatos, todos os monhés, todos os canecos e todos os pretos que não sejam da província de gaza.

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  9. Alguns comentários muito elevados!

    Bom diagnóstico da sociedade moçambicana.

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  10. Bom mesmo é ser cidadão do mundo, e daltônico.

    Zé Paulo

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