Outros elos pessoais

16 maio 2009

Notas sobre xenofobia (4) - parecer zulo

Prossigo a série, da forma que se segue.
Estrangeiros disfarçam-se no bairro Alexandra, província do Gauteng, África do Sul, onde o ano passado começou a xenofobia que tantas vítimas fez e tantos estragos provocou. É o caso dos Zimbabweanos, como mostra um holandês que lá vive e prepara a sua tese de mestrado: "A estratégia mais comum é falar a língua zulu, adotar um nome zulu e vestir-se como um zulu, o que é chamado de ‘estilo Pantsula'. Assim, usando um tênis All-Stars ou Dickies, compra-se a segurança em Alexandra, diz o cabeleireiro Khumalo. O zimbabuense de 18 anos Sibosizu, que vende DVDs na rua, confirma. "E eu também uso jeans, camiseta e boné", ele comenta. "Aí você fica parecendo zulu. Meu nome também não é verdadeiro. Meu nome na verdade é Tariro, mas se eu disser, todo mundo vai saber que sou zimbabuense. Me sinto seguro com meu disfarce. "Principalmente para os zimbabuenses que falam ndebele, é fácil disfarçar, já que a língua é muito similar ao zulu. (...) Os estrangeiros são bodes expiatórios para os sul-africanos que estão revoltados por suas más condições de vida. E nada mudou nestas condições no último ano."
Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
(continua)

7 comentários:

  1. Estamos perante uma situação de genocídio cultural a lamentar. Aqui sim, estamos perante um caso nítido de pobreza, que permite a milhares de imigrantes, irmãos nossos, a vergarem-se perante tamanha humilhação. Deixo aqui o meu recado ao Sr. Zuma, recém empossado presidente da África do Sul, para pôr cobro a esta situação.
    A todos os leitores deste blogue, bom final-de-semana.

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  2. Olá, verdadeiramente , qualquer ato que destrate, que humilhe, que diminua qualquer pessoa, seja ela , afrodescendente ou de qualquer outra etnia, gênero, credo e etc é antes de tudo um afronta a toda a diversidade humana. É mais fácil responsabilizar os estrangeiros pelo desemprego, pela criminalidade e pela insegurança, do que entender as complexas razões dos problemas. As soluções apresentadas são, então, também bem simples e conduzem à xenofobia, quando os estrangeiros são tratados como concorrência indesejada.

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  3. Quanto mais estreito for o leque de possibilidades de vida decente, maior será potencialmente o risco de projecção de causas em outrem. Este ano ainda, tenciono dar a conhecer alguns resultados de uma pesquisa que dirijo em Moçambique sobre potenciais de xenofobia.

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  4. Bela notícia que nos dá professor. Será um trabalho que não quererei perder de vista.

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  5. Caro Prof. Serra, afinal não sabe que isso que se conta em Gauteng, Africa do Sul, existe ou acontece em Maputo, Mocambique ou quer confirmar?

    Meu caro compatriota adopccão de nomes sobretudo para safar-se de xenofobia, já é cultura em Maputo. Não sou eu a revelar-lhe onde é que isso mais existe para não lhe influenciar nos seus estudos.

    Mas congratulo-o pela prontidão ao estudo embora por esse estudo o Serra criará muitos inimigos. Apenas prometo-o solidariedade incondicional. Eu como homem LIVRE, não concordo e nunca concordarei com quem quer silenciar os outros por dizerem a verdade ou estudarem os factos. Portanto, caro Serra, estude a vontade a xenofobia aqui em casa, nem que seja para me ajudar a saber que eu mesmo sou xenófobo. Só assim a xenofobia se combate.

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  6. Repito que o meu caro compatriota vai fazer um estudo excelente e necessário embora desse estudo esteja a vista a criacão de inimigos. Porém, só estudos do tipo que Serra pretende fazer são os melhores instrumentos da unidade nacional que se propala desde 1962 mas sem conteúdo. Aceite-se que muitos foram vítimas por realmente questionarem a xenofobia.

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  7. Fico impaciente a espera dos resultados da pesquisa do Prof. Serra, certamente que varios mitos serao desvendados.

    Compatriotas, vamos estar vigilantes, em Moçambique há mesmo xenofobia.

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