Outros elos pessoais

02 abril 2009

Banalização da morte em celas nampulenses

O "Notícias" de hoje trata da morte de 15 reclusos em Angoche - fenómeno já reportado pelo "Canal de Moçambique" de ontem. É suposto terem morrido de cólera, muitos foram enterrados em vala comum, crê-se fazerem parte do grupo que escapou à morte por asfixia em Mongincual. Sugiro-vos que leiam o texto do jornal, aqui, há muita coisa para analisar.
Comentário: um problema grave este, muito grave, o da banalização da morte em celas nampulenses, ora por asfixia, ora por cólera. Um problema do Estado que deve interrogar-se sobre o seu estado.
Adenda: confira o que a Liga dos Direitos Humanos - citada pelo "Canal de Moçambique" - constatou em Mongincual.

4 comentários:

  1. Há muita coisa que me surpreende neste meu país:

    1. O Notícias que é o último Canal da imprensa a informar sobre o caso nem duvida sobre a causa das mortes de 15 reclusos em Angoche. É cólera; A recordar, o primeiro foi o jornal WamphulaFax a 31/03/2009.

    2. Há contradicão sobre o local de enterro dos vítimas desta gente. Ao Canal de Mocambique negou-se que tenha sido numa vala comum.

    3. Também nunca entendi quando se escreveu que os enterrados pelo Conselho Municipal eram corpos de prisioneiros não reclamados pelos familiares. Como ficaram presos? Quem comunicaria aos familiares? quando é que vão comunicar ao familiares que lhes esperam depois do cumprimento da pena? Ou nada interessa a nínguém, neste meu país?

    4. Andou por aquelas bandas o Comandante-Geral da PRM, e, não me digam que ele nem quis aproveitar para ver as condicões prisionais em Angoche para onde transferiram os reclusos de Mogincual.

    5. Consta no relatório da LDH que entre 26 a 28 de Fevereiro, a polícia disparou e matou manifestantes, mas isso nunca foi comunicado nem na imprensa como pelo governo. Afinal, menos um mais um cidadão em Mocambique, é igual a zero!?!?!?

    6. Consta no relatório da LDH que quem politizou o mal entendido sobre as mensagens acerca da cólera foi o Comando Provincial. Mas este facto mas ninguém põe em causa.

    Enfim...

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  2. Primeiro vieram e levaram o cão do meu vizinho. Ninguém disse nada. Depois vieram e levaram o vizinho, ninguém se pronunciou, e finalmente vieram e levaram a mim...

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  3. ...e finalmente vieram e levaram a mim...

    A história nos ensinou.

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  4. “O ex-director prisional britânico disse, no entanto, que os problemas das prisões são comuns em todo o mundo, como a superlotação das cadeias, má ou mesmo falta de assistência sanitária e má alimentação. “Isso não é problema específico de Moçambique”, aflorou.

    Quando se fala do sistema prisional, há a destacar, de acordo com Coyle, dois grupos de países. O primeiro é daqueles países que não assumem que têm problemas no sistema prisional e recusam discutir o assunto.

    O outro é constituído por países que admitem lacunas no seu sistema prisional e que esforços não têm poupado para os debater por forma a encontrar-se uma solução.

    “Ficou claro, para mim, que Moçambique está no grupo de países que aceitam que têm problemas e que estão a fazer alguma coisa para a sua resolução”, diz Coyle, para quem os países africanos podem desenhar outros modelos.

    Explica, ainda, que o modelo ocidental exclui as pessoas, enquanto que “o africano é mais inclusivo”, podendo ser, até, adoptado por outros países do mundo.
    “Cabe aos africanos desenhar um novo modelo que, talvez, pode servir para outros países”, indicou.

    Quanto aos direitos humanos nas prisões, Andrew Coyle diz que em todos os países há abusos, mas para o caso específico de Moçambique, há fortes indícios de que o Governo quer dar passos no sentido de respeitar os direitos humanos nas penitenciárias, sobretudo quando envolve a sociedade civil nos debates.”
    Fonte: Moçambique para Todos / SAVANA - 16.11.2007

    É bom lembrar, recordar…

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