Outros elos pessoais

14 fevereiro 2008

Wheti ya ndlala


É uma expressão corrente nos bairros periféricos de Maputo, significa "mês da fome" em língua changane. Certamente é, também, uma expressão em todos os bairros populares das cidades do mundo, lá onde viver tem sempre um ponto de interrogação à frente. Mas reentremos em Maputo: as pessoas gastaram mais do que é habitual nas festas de fim-de-ano, entraram em Janeiro com dificuldades. E logo em Janeiro era preciso pensar nas matrículas das crianças, nos livros a comprar, nas canetas, nos lápis, nas fardas, etc. Certamente também em alguma coisa para assegurar de vez a matrícula, num cunhadismo inevitável. E estava o povo nisso quando se anuncia que o preço do pão vai aumentar, que as tarifas dos chapas vão aumentar. O 5 de Fevereiro estava aí, incubava aí, na expressão, na alma popular, na raiva.
Nota: foto de Samo Gudo.

4 comentários:

  1. Olá prof. Carlos Serra!
    Sou moçambicana e estudo no Brasil há sete anos, e sou formada em ciências sociais pela universidade federal de Santa Catarina, mais especificamente na área da antropologia.
    Durante estes 07 anos, ler o seu blog foi uma das formas que encontrei para manter contacto com o meu país; um contacto que passa pelas leituras críticas que o sr. faz dos eventos que aí acontecem. Gostaria, portanto, com este simples comentário parabenizá-lo e agradecê-lo pela audácia e, principalmente, pela paixao que o prof. demonstra pela sociologia, pela luta que é sermos mais críticos e conscientes perante á nossa realidade que é Moçambique.

    Recentemente criei um blog e gostaria imenso que o prof. desse uma passada por lá. Seria uma grande honra para mim!
    O endereço é o seguinte: http://icay.wordpress.com

    Um grande abraço,
    Camila de Sousa.

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  2. prof, acho que esta na hora de, homenageando a obra literaria do camarada coronel seu conterraneo Sergio Vieira, quando poeta de combate (TAMBEM, MEMORIA DO POVO), elevar o 5 de Fevereiro a DIA DO LEVANTAMENTO POPULAR...por eleiçao popular e sem presença dos poderosos e daquela classe média bem caracterizada pelo prof. Lourenço do Rosário (inculta, disse ele, snob e insensivel ao povo, acrescento eu).

    You Got The Vocab, I Got the Vocab

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  3. Camila: fico feliz em saber do seu blogue, saiba que dele aqui falarei.

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  4. The Vocab: bem, não sei se Sérgio ainda se lembra dos espíritos do Zambeze...

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