E continuam as reflexões sobre o pós-5 de Fevereiro. Por exemplo, a imagem apresenta a manchete do semanário "O País" de hoje. Na página 2, o jornalista Boaventura Mucipo afirma que o governo vai pagar 210 milhões de MT anuais aos transportadores. Prevê três cenários. (1) orçamento rectificativo, (2) intensificação da cobrança de impostos e (3) desvio de aplicação. Na página 3, o economista Nelson Scott pergunta-se sobre se os subsídios aos chapas não são um "penso rápido" e, entre as medidas que propõe, entende que devemos pensar "em criar um sistema de transportes públicos mais forte e gerido por privados". No suplemento econímico, o trabalho de fundo tem o título "Pão é o dilema que se segue".
Enquanto isso, vale a pena ler o "Em jeito de fecho" de Jeremias Langa, director editorial do semanário, para quem o 5 de Fevereiro foi "uma espécie de 11 de Setembro à moçambicana, um marco a partir do qual, nada será como dantes". Eis a parte final da sua crónica: "Para além das questões meramente estratégico-financeiras do problema, preocupa-me também a ligeireza com que a classe política epitetou o que acontece a 5 de Fevereiro e seus posteriores tentáculos nos dias subsequentes em Marracuene, Bobole, Chókwe, Chibuto e Jangamo. Para a generalidade dos políticos, aquilo foi um acto de vandalismo e instrumentalização de crianças, por parte de marginais. O problema é que esta classe política esqueceu-se de dizer que estes marginais são, em si, uma criação da desigual distribuição da renda reinante neste país, e quiçá a razão dos levantamentos. Ignorar ou aligeirar a análise do problema é a pior maneira de resolvê-lo, e nós já estamos a fazer isso há muitos anos, neste país."
Adenda: repare-se no belo neologismo criado por Jeremias, o verbo epitetar, de epíteto.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.