Termino a entrevista feita à investigadora britânica Branwen Gruffydd Jones, que está em Maputo. Tem 34 anos e é professora de política económica internacional na Universidade de Goldsmiths, em Londres, Inglaterra.
Carlos Serra: Neoliberalismo...
Branwen Jones: O neoliberalismo tem na sua base a sujeição de cada vez mais áreas da vida social às lógicas do mercado. O efeito principal é o crescimento de desigualdade. Isto acontece dentro de quase todas as sociedades e também entre as sociedades ao nível mundial. Mas esta dinâmica básica traz vários outros efeitos complexos e subtis, por exemplo em termos dos valores, da cultura, da ideologia, das formas de consumo, das formas de comportamento quotidiano, etc. Como é que a sociedade do mercado parece e torna-se natural e normal? Quais são as ideias e os valores que reflectem e também legitimam o mercado? Como é que qualquer sociedade racionaliza o crescimento da desigualdade social?
Carlos Serra: Tem qualquer ideia sobre o futuro das ciências sociais?
Branwen Jones: É difícil saber o futuro das ciências sociais, mas deve depender, na maior parte, de até qual ponto a produção de conhecimento académico está subjeita às forças do mercado, como só mais uma área de produção. As ciências sociais ou podem apoiar e legitimar a direcção das mudanças já promovidas pelas forças dominantes na sociedade ou podem adoptar uma perspectiva mais crítica, que põe questões profundas sobre tais mudanças e tenta examinar por baixo da superficie da vida social. Um outro risco é que o mundo académico, especialmente o das ciências sociais, fica cada vez mais distanciado da maioria da população, pouco mais do que uma conversa entre os elites (nacionais e internacionais). Neste caso, mesmo as análises bem críticas têm poucas consequências importantes, por causa da reduzida fatia da sociedade que participa nas conversas e debates académicos.
Carlos Serra: Tem qualquer ideia sobre o futuro das ciências sociais?
Branwen Jones: É difícil saber o futuro das ciências sociais, mas deve depender, na maior parte, de até qual ponto a produção de conhecimento académico está subjeita às forças do mercado, como só mais uma área de produção. As ciências sociais ou podem apoiar e legitimar a direcção das mudanças já promovidas pelas forças dominantes na sociedade ou podem adoptar uma perspectiva mais crítica, que põe questões profundas sobre tais mudanças e tenta examinar por baixo da superficie da vida social. Um outro risco é que o mundo académico, especialmente o das ciências sociais, fica cada vez mais distanciado da maioria da população, pouco mais do que uma conversa entre os elites (nacionais e internacionais). Neste caso, mesmo as análises bem críticas têm poucas consequências importantes, por causa da reduzida fatia da sociedade que participa nas conversas e debates académicos.
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