____________
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
29 setembro 2007
Duas mulheres linchadas na Matola-Rio
____________
4 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Começa a tornar-se um tanto mais difícil lançar um olhar científico, sociológico sobre este problema, por mais que queiramos. Antes de chegar à nossa razão, a mensagem diz-nos à emoção e magoa-nos. Magoa saber que há gente morrendo de forma tão bárbara, magoa saber que há gente que parece ter naturalizado este tipo de ato.
ResponderEliminarAcresce que na nossa cultura (cristã-ocidental, talvez, não sei como classificá-la), uma mulher grávida tem respeito quase sagrado dos seus pares, a maternidade, tida também como um dom, nos cria este sentimento, que correto ou não, justificado ou não, existe, é real. E é isso que parece tornar ainda mais chocante este caso, cujas vítimas foram uma moça grávida e a mãe de um rapaz.
Tristeza.
Sim, diz bem, chega primeiro à alma. Este caso é particularmente chocante, melhor dito, estes dois casos são particularmente chocantes. Magoam-me profundamente como cidadão. Como a si. Mas como estudante do social, sou obrigado a ir para além da visão moral (absolutamente necessária, claro) e procurar a chave cognitiva que permita abrir a fechadura desta aparente irracionalidade. Aqui, no Brasil, na Guatemala, na Bolívia, os linchamentos tornaram-se uma espécie de hábito. Eu e os meus colegas vamos esforçar-nos por tentar analisar o fenómeno aqui, fenómeno que é, ao mesmo tempo, homogéneo e diverso (por exemplo, os linchamentos rurais - aqui frequentes, com pouca visibilidade na imprensa - são, regra geral, atribuídos a causas mágicas), fenómeno que não pode ser univocamente encerrado quer na incompetência da polícia, quer na pobreza em si. Obrigado.
ResponderEliminarO estudo de linchamentos em Mocambique é de extrema importância, segundo o meu ponto de vista.
ResponderEliminarEnquanto que as causas ligadas ao roubo podemos atribuir aos problemas de justica social e à operacionalidade das nossas instituicões de justica, as causas mágicas levantadas aqui pelo Prof Serra são de certa maneira muito sérias. Porém, parece-me que as causas mágicas são legais. Até aqui não sei, que responsabilidade têm os curandeiros, hoje com o título de doutores, em caso de linchamento. Se forem eles a dizerem que a má vida de um indivíduo se deve ao vizinho ou familhar, e, por viganca alguém é morto.
Já um dia aqui sugeri que se investigasse a eventual responsabilidade criminal dos produtores de "receitas anti-magia". Mas, por outro lado, estamos confrontados com crenças em causalidades supra-humanas de vigor denso em zonas rurais (mas, tb, transportas para áreas urbanas). Os linchamentos rurais não têm a visibilidade que tem um linchamento em Inhagóia ou no T3 da Matola.
ResponderEliminar