Como muitos outros, faço questão de conhecer o cinema Kudeka, lá onde o povo vai ver cinema num écran gigante, ao ar livre, ali próximo do campo de futebol do Desportivo. O maior e único do país, construção de raiz, alberga 773 pessoas. O único que funciona na cidade.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
01 junho 2007
Carta para o Senhor Presidente do Conselho Municipal da cidade de Tete, César de Carvalho
Como muitos outros, faço questão de conhecer o cinema Kudeka, lá onde o povo vai ver cinema num écran gigante, ao ar livre, ali próximo do campo de futebol do Desportivo. O maior e único do país, construção de raiz, alberga 773 pessoas. O único que funciona na cidade.
23 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Em Tete o cinema Kudeka, na Beira querem arrasar o antigo edifício dos Correios na Praça do Município para construir mais um centro comercial. O que faz objectivamente o nosso Governo para impedir a destruição do nosso património cultural e histórico?
ResponderEliminarIsso mesmo, Fernando, isso mesmo. Fazer isso com o edifício dos Correios é grave, gravíssimo! Esse edifício tem uma longa, longa história! Encetem aí vocês também este tipo de protesto! Abraço!
ResponderEliminarEsse Carvalho vai ter que passar pelas cabças de pessoas se quiser avançar com a sua decisão. Já faltam espaços de lazer em Tete: O Jardim Tunduro éstá invadida por fotografos e vendedores de recargas da mcel e vodacom. Jardim Macaco já não se fala. Campos de futebol faltam também. Teatro Mlambe desapareceu. Para além do basquete, futebol, que se pratica ao ritmo da nipa, o Kudeka era de fcato refer~encia para os joves que, fugindo ou evitando buadwa (pombe), iam pra lá passar tempo.
ResponderEliminarTambém precisa de calcular o preço político.
Tem razão, Egídio. Vamos a outros exemplos mais personalizados: a casa dos pais do Sérgio Vieira, tombada, aquilo tinha paredes grossas, como se fosse um prazo. E sabe que o Newitt tem uma foto dessa casa. O edifício dos Carletis. A velha ruína da ilha Canhimbe...Etc.
ResponderEliminarCorrijo: como se fosse um amuralhado.
ResponderEliminarInfelizmente, o Carvalho parece não ter muito a ver com a questão. O Kudeca pertencia aum grupo de tetenses que, por sinal, até estão satisfeitos com a sorte que ele vai ter.
ResponderEliminarEnfim, continuaremos!
Luiza Menezes
Sim, mas é o edil.E deve possuir sensibilidade museológica.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarExistem uns apologistas do devir (não se é está-se, o mundo não é, está etc, etc), mas na hora H são os maiores conservadores e saudosistas! Convenhamos! Admitam as consequenciais dos vossos posicionamentos epistemológicos!
ResponderEliminarFernando, Egídio e Luiza: receio que uma futura panóplia de hotéis, centros comerciais e bancos possa vir a destruir outros coágulos da memória histórica. Aguardo, por exemplo, para conhecer o destino que se dará ao prédio Pott, aqui em Maputo, lá onde existe todo um repositório do associativismo.
ResponderEliminarProf. vou usar o seu blog para contactar o Egídio Vaz
ResponderEliminarSou Emídio Beúla, do SAVANA, estou a fazer um trabalho sobre a proposta do líder líbio de criação de Estados Unidos de África. Sei que interessa-se pela História e gostaria de ter uma conversa consigo na segunda-feira à tarde. A hora fica ao seu critério, eu estou disponível toda a tarde. Abraços
Olha Egidio e Prof. Serra peço a vossa ajuda, no sentido de indicar mais pessoas (académicos) que podem falar com conhecimento de causa sobre a ideia dos EUA. Sociólogo, historiador, politólogo,etc. Não me digam que vá ter com o Prof. Carlos Tembe, quero diversificar as fontes na imprensa.
Obrigado pela vossa compreensão. Bom fim de semana.
Esteja à vontade, Beúla. Penso que Egídio é uma boa possibilidade. Outra seria a de Severino Ngoenha, mas ele está na Suiça. Para o Tembe não o encaminho não...Abraço.
ResponderEliminarTambém eu sofro com a hipótese de o Kudeka ir abaixo. Por que razão terá que acontecer se tem para várias gerações tão grande valor simbólico, se ainda continua a servir (Não foi lá que se realizou na semana passada o Miss Tete?), se a cidade tem tão pouco para os seus habitantes? Permitam-me a infantilidade de sonhar que o Presidente do Conselho Municipal e os novos proprietários vão chegar a um acordo: mantém-se o Kudeka, que passa a ser explorado numa parceria público-privada entre os novos donos e o Conselho Municipal, e este concede àqueles um outro espaço de igual nobreza e dimensões para a construção do hotel.
ResponderEliminarFátima Ribeiro
Sim, foi lá, Fátima. E ainda há uma carta do Arune Valy que espero publicar amanhã.
ResponderEliminarÉ só uma maneira de pensar diferente! As torres gémeas já não existem, mas existem, vivem no nosso imaginário. Há filmes, livros, fotos etc, etc milhares de formas para ajudar o exercício saudosista de reminiscência! Onde esta, hoje, John Orr? Na memória! Essa de manter ruínas em nome do saudosismo, não me parece boa ideia. É apenas uma maneira diferente de ver as coisas. Não me arrogo o direito de dizer que os que defendem a sua manutenção não tenham razões plausíveis. Só não me parecem condicentes com a ideia de aceitar o devir. Afinal, necessário! Eu sou de Xai-Xai! Entre ver o clube de Gaza em ruínas e ver ali erguido um outro empreendimento, preferiria a segunda. No entanto, tenho o moribundo e ruinoso clube de Gaza no coração.
ResponderEliminarMas quem falou em ruínas? Quem está contra o progresso?
ResponderEliminarO que acontece é que o Kudeca está impecavelmente mantido e tratado e ainda lá acontecem grandes realizações. Nada a ver com o clube de Gaza, por onde passei também.
Ninguém está contra a venda. Mas contra o destino de obra tão majestosa e imponente que custa ver propositadamente transformada em ruínas em nome de um progresso que tanto espaço tem para se realizar.
Luiza
Luisa, mova os seus contactos lá na nossa Tete para que o César tenha acesso à carta que escrevi. O Arune está na Beira, o Tomé Artur não atende o cel. Entretanto, mande a ref do seu email para o meu (consta do meu perfil), por forma a que eu lhe possa enviar a carta para assinaturas da Aissa do ISPU.
ResponderEliminarLuisa: afinal já introduzi o abaixo-assinado. E foi possível falar com o Tomé. Acredito que esta manhã César de Carvalho lerá o que lhe escrevi e espero ainda hoje receber uma foto do Kudeka.Aguardo crónica de Arune Valy.
ResponderEliminar"O problema dos investimentos": Patrício Langa deveria pensar, para além do soiológicamente correcto, dizia eu, devia também pensar o políticamente correcto. E aqui, quando falo do políticamente correcto quero me referir na necessidade de ver se o Hotel construído na outra margem de Tete (Matema ou Matundo, mantendo dessa forma o espaço onde actualmente está o Cinema Kudeka, esse Hotel não seria concorrido ou não: Do ponto de vista puramente turístico, não seria a localização que atrairia clientes, mas também os serviços que o Hotel ofereceria. Por outro lado, devemos saber que o Kudeca é o único cinema em funcionamento em Tete. O Cinema Estúdio 222 está nas mãos da IURD. Como já tinha referido, aquele espaço constitui dos poucos na cidade. O Hotel, a ser construído naquele local, privaria a um grande número de pessoas de todas as idades, a possibilidade de poder se divertir, assistindo NÃO SÓ filmes, mas grandes espetáculos como concursos de beleza, concertos musicais, incluído alguns comícios do Partido Frelimo, onde fazem recolha de donativos.
ResponderEliminarO problema de grandes investimentos é que apenas eles beneficiam muito pouca gente: para além do Estado, através da cobrança de impostos e um punhado de gente que para lá irá trabalhar como serventes, aquele espaço em nada beneficia´ra à maioria tetense. Pior ficamos quando sabemos que na cidade espaços como aqueles não existem.
Ao defender a manutenção do Kudeca, não se está a ser conservador. Ou acha PL que construindo um Hotel naquele espaço estará a se prestar maor contributo ao desenvolvimento da cidade?
Voltarei.
Beula, estou disponível para uma conversa.
Caro Egídio.
ResponderEliminarO meu comentário peca. Peca porque desconheço o kudeca.
Nunca lá estive. Não conheço Tete. Imaginei que estivesse na mesma situação que o clube de Gaza em Xai-Xai, ruínas! Penso que foi a Luiza Menezes que me criticou corrigindo. Nesse sentido as minhas observações tornam-se irrelevantes, acho.
Professor
ResponderEliminarAlguém me disse que o Edil já leu a carta.
Ontem apareceu também uma crónica do Saizande Jeque na RM, que vou tentar trazer para aqui.
Quanto à negação... aparenta que leva água no bico
Abraços
Luiza
Mande-me a crónica...o representante da Aga Khan desdobra-se contactos negando o envolvimento da associação. Aliás, pode ver isso aqui no blogue.
ResponderEliminarAnda por aí tamanha confusão, de ditos por não ditos, desmentidos e coisa e tal.
ResponderEliminarDas dus uma: Ou tentando atirar areia para os nossos olhos, ou tentando tapar o sol com a peneira.
A ver vamos!