Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
11 fevereiro 2007
Sim senhor: futebolizemos a vida!
8 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Lembram-se das condições de alojamento em que o Deputado Boavida, da Renamo, foi selvaticamente agredido. Pelo que me recordo das reportagens da época, aquilo era uma espelunca, frequentada por todo o tipo de marginais. Alguém pode perguntar: Porquê o Deputado não procurou melhor alojamento? A resposta parece simples: Seus honorários de servidor público seriam incomportáveis. Um hotel de três estrelas custa quase 2000/dia, ou seja, 24.000/mês. Isto significa que os “fabulosos” salários de um deputado não são suficientes para pagar um simples hotel de 3 estrelas.
ResponderEliminarMuitos desses Deputados são pessoas de bem, com família, habitação e conforto nas províncias de onde vêm. Assim, não me parece exagerado que o Parlamento procure criar condições minimamente condignas para que esses cidadãos cumpram seu papel. Pelo que percebi, não se trata de fazer casa individual para cada um dos 250 representantes do povo. Trata-se de criar condições mínimas da habitabilidade enquanto no exercício das suas funções de Deputado. Em caso de não reeleição, essas casas alojariam outros representantes do povo naquele órgão.
Os coitados dos professores não têm habitação? Não, não a têm, como não a possuem os enfermeiros, os médicos… Mas por algum lugar haverá que começar. Pelo que sei, os Professores Universitários (classe a que pertence o Professor Serra) têm um bairro residencial. Há um esforço de garantir habitação condigna para os médicos, juízes, procuradores, veterinários, agrónomos e outros servidores públicos em missão de Estado nas províncias. Será este esforço injusto, tendo em conta a miséria da maioria dos moçambicanos? Ou dizendo de outro modo, o Estado deveria se eximir de qualquer esforço para garantir o mínimo de habitação a seus funcionários sob a alegação de que a maioria está na miséria? Cada um de nós pode tentar responder com honestidade esta pergunta.
Do meu ponto de vista a cooperação com a China (tal como a cooperação com outros países e entidades) pode ser melhorada para garantir maior eficácia. Tem no entanto muitas coisas boas que, se os nossos países estudarem as oportunidades adequadamente, podem tirar muitas vantagens. Muita da matéria-prima que está a ser “saqueada” pelos chineses tinha atingido o seu pior preço de sempre há apenas alguns anos atrás. Os nossos camponeses já se estavam a recusar a cultivar o algodão, tão baixos eram os preços. Muitos produtos mineiros não estavam mais a ser procurados. Supunha-se que não tinham mais valor, pois tinham sido substituídos por produtos sintéticos. Por exemplo, as minas de cobre Zambianas (os tais que hoje receberam ajuda das Mackenzies para organizarem oposição aos Chineses) estavam desactivadas. Hoje, graças à demanda das potências emergentes, esses materiais estão a ganhar valor renovado. Podem ganhar mais ainda se soubermos nos posicionar e deixarmos de choramingar. Países como a China, Índia, Brasil… são, pelo seu passado, mais aliados nossos do que os que, a correr, vêm nos socorrer do saque Chinês. Estes últimos é que saquearam, no fundamental, as florestas africanas, antes de a China começar a importar madeira. Querem apressadamente passar a factura e a culpa para os Chineses. E nós acreditamos nessa história!
Cumprimentos. Gabriel Muthisse
Coitados dos deputados que tanto sofrem, nem sabem o que fazer da reforma, que de resto é pequena.
ResponderEliminarDepende de como essas casas serão geridas. Bem geridas sairão ao Estado Mocambicano mais barato que alugar quartos de um hotel. Por acaso sempre pensei que algo se devia fazer.
ResponderEliminarMal gerência passa por criacão por exemplo de uma política de alienacão como acontece com muita coisa em Mocambique. Imagine-se que se diga que um deputado que viver numa casa por dez anos, tem o direito de comprá-la por aqueles precos...
muthisse, anos atras o presidente chissano falava de uma parceria win-win, e chamou-a parceria inteligente, a experiancia era dos tigres da malasia. hoje nao sabemos como vai essa experiencia. mas do que um movimento contra os chineses, eu acho que aqui no pais e um movimento pela transparencia. o que faz nossas atitudes pouco "participativas" no debate nacional e esta falta de informacao e transparencia de politicas publicas e investimento estrangeiro. enquanto o estado nao abrir os dossiers sobre negociatas de desenvolvimento vamos todos andar a especular, em nome da ciencia, em nome do nacionalismo, em nome de nao sei o que. hoje muthisse, pergunta quantos cientistas nacionais tem acesso a dossier sobre desenvolvimento e divida publica? pergunta quantos cientistas nacionais tem acesso a informacao e dossiers para poder fazer um estudo e emitir um parecer cientifico? quantos? hoje nos sabemos mais do que se passa no nosso pais atraves de consultorias estrangeiras, se voce quer saber de dossiers tens que trabalhar para uma agencia de desenvolvimento estrangeira, se algumas pessoas querem que a classe pensante em mocambique comece a produzir pareceres sem "apoio externo" entao que haja abertura e transparencia com dossiers de desenvolvimento. no passado andamos nessa experienca, com russos, depois FMI, depois sul africanos, agora chineses e brasileiros, e amanha talvez venham os marcianos, mas sem uma classe pensante preparada, conhecedora de dossiers entao vamos ter o politicos a jogarem "sujo" com essa de conspiracao, "anti-patriotas". e nao e coisa de mocambique, leia http://www.cuango.net/kissonde/default.htm
ResponderEliminareu sou muito jovem, mas tenho certeza que muitos dos adultos deste pais nao conseguem nos explicar muitas coisas, porque nao sabem, vivem especulando, em segredos. por isso cardoso, o negrao,honwna, e outros foram importantes, porque eram para muitos intelectuais os unicos que podiam "soltar" algumas coisas do que se passa neste pais. nao estou contra a cooperacao com a china, devo muito a china por ter apoiado a luta a nossa independencia, mas isso nao deve servir de justificacao para "aceitar" tudo. e esta forma de olhar a china nao e coisa so de africanos "comprados", eu estive na tailandia, russia, china, cambodja, timor leste, tibet,e toda europa central. existem reacoes geopoliticas e geoestrategicas que devem ser analisadas, concordo. concordo tambem que existem responsabilidades e tarefas que sao de esfera politica, onde os cientistas e "povo", nao devem meter o nariz.
e esta "vigilancia" intelectual beneficia mais o pais, a sua seguranca, desenvolvimento, abordagem, espaco,etc.
veja o numero de informacao ou politicas que sao implementadas e "protegidas" pelo nosso governo baseadas no estudo das nossas "think-tank" mocambicanas .( este caso ate foi levantado no congresso, falava-se que nao existe um gabinete de estudos estrategicos ou politicas estrategicas no partido no poder).
entao as florestas estao a ser assaltadas, existe ineficacia na politica florestal, existem um sistema burocratico que facilita esta operacao, existe uma luta internacional no control de recursos naturais, existem milhoes de mocambicanos desempregados, existe muita cultura de exportacao que depende muito da flutuacao do mercado internacional, existem prioridades politicas na escolha de parceiros, e todas estas respostas nao podem ficar so sob alcada dos politicos. o que esta em causa e a nossa cidadania e politicas de desenvolvimento que estao precisando de consensus. e isso nao se arranca, negocia-se com mocambicanos.
por exemplo, hoje os chineses estao a construir infra-estruturas, mas ninguem esta vir ao publico falar sobre a sua manutencao. vamos pedir ajuda aos chineses para manter as infra-estruturas? esta parceria nao devia ser no processo de transferencia de conhecimentos? se nao sabemos qual das pontes vao ser construida em 2009 como podes planificar o teu investimento? com estas cheias e secas ciclicas estas infras-estruturas respondem a esta dinamica futura de desastres naturais?
estas sao algumas questoes que obriga-me a questionar este debate sobre "florestas".
Oi Chapa100,
ResponderEliminarComo pode perceber do que escrevi, não sou apologista de que os Chineses (ou quem quer que seja) façam o que lhes der na gana no nosso país. A minha alerta é para não cairmos na histeria anti-Chinesa que o meu amigo diz ter assistido por esse mundo fora.
Aqui no nosso país, para acicatar os ánimos xonófobos, os jornais andaram a publicar fotografias de uns indivíduos asiáticos (Chineses?) a escoltarem camiões de madeira. Estava claro que se pretendia apelar para os sentimentos mais primários dos moçambicanos, colocando-os a olhar os Chineses como aves de rapina.
O que eu quis dizer foi que a emergência de potências económicas como a China está a contribuir para revalorizar (ainda que lentamente) os produtos que a nosso dependência secular nos condenou a exportar: matérias primas.
E que é injusto condenar os Chineses pela nossa "especialização" na exportação de matérias primas (sejam toros de madeira, seja algodão, seja carvão de Moatize). Essa história vem de longe e os ocidentais têm especiais responsabilidades nisso. Não venham hoje financiar relatórios destinados a culpar os Chineses. Quando é que eles próprios começaram a importar produtos processados nos nossos países? Que produtos processados eles tiram daqui?
Os própris Chineses só agora é que lograram sair dessa armadilha secular. A Índia, o Brasil, ... estão também a sair. Vamos aprender como é que eles sairam dessa sem nos metermos a ridicularizar tudo que venha da China como vejo a acontecer, até com recurso à demagogia.
Que o nosso país, por ora, se organize para tirar vantagem do valor acrescido que as matérias primas parece estarem a ganhar. Porque não é só o desflorestamento que nos deve preocupar. E os buracos que advirão da exploração mineira (carvão de Moatize, por exemplo). Não consta que Moçambique vá construir aqui uma indústria siderúrgica! É, talvez, dessa exportação de matérias primas em condições mais sofríveis, que poderemos financiar o nosso desenvolvimento, incluindo a desejada industrialização.
Um abraço.
oi muthisse! eu continuo pensando que o caso de florestas com chineses foi a ponta do ice berg. sei que ha muito medo que os chineses possam entrar no cahora bassa, vale do zambeze, moatize, areais e gas. para mim este medo sai duma logica do capitalismo. e estamos tambem tao vulneravel a industria sul africana. mas ai teriamos que mudar muitos paradigmas que precisam de muita informacao para um debate mais serio.
ResponderEliminarsobre residencias e clinicas para deputados, eu ja disse num outro blog, que seria melhor contruir uma biblioteca em cada provincia.
Sim, Gabriel, a desejada industrialização. Você é economista e creio que excelente. Diga-nos uma coisa: de que maneira se poderia industrializar o nosso país?
ResponderEliminarCaro Professor Carlos Serra
ResponderEliminarTenho algumas ideias sobre isso talvez um dia elabore um pouco, de modo a partilhar-las com os amigos deste blog.
Um abraço. Gabriel Muthisse