Saiba sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon, com data de hoje, aqui, complementado por um relatório especial sobre pobreza desde 1996, aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
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31 outubro 2016
No "Savana" 1190 de 28/10/2016, p.19
30 outubro 2016
Treinadores de futebol e mão externa [1]
Esta curta série não é exclusivamente sobre o futebol moçambicano, mas começa com um exemplo local, a saber: derrotada no Songo pelo Ferroviário da Beira, a União Desportiva do Songo perdeu o título de campeão nacional a favor da equipa beirense. Segundo o "Notícias", o treinador da União, Artur Semedo, "atacou os irmãos Rafik Sidat [presidente da Liga Desportiva de Maputo, CS] e Shafee Sidat [presidente da Federação Moçambicana de Atletismo, CS], afirmando que são eles que decidem quem vai ser campeão nacional, quem desce e quem sobe no Moçambola." [aqui]
Difícil desburocratizar a burocracia
Muitas vezes o problema não está em que certos funcionários estatais não sabem fazer as coisas ou que sejam preguiçosos: o problema está, antes, em que eles sabem muito bem fazer as coisas e têm uma habilidade admirável na gestão criteriosa e remuneradora dos recursos. Por isso é, regra geral, difícil desburocratizar a burocracia. Por quê? Porque ela faz parte do jogo normal, tenso e desigual, da vida social, do jogo das relações de poder em campos múltiplos.
29 outubro 2016
Atenção ao tempo
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, poderá haver mau tempo no sul do país até às primeiras horas de amanhã, com aguaceiros, trovoada, queda de granizo e ventos fortes que poderão atingir 60 km/hora. O Instituto recomenda a tomada de medidas de segurança. - "Rádio Moçambique", jornal da noite das 19:30.
Adenda às 07:07 de 30/10/2016: felizmente a previsão não se materializou.
Adenda às 07:07 de 30/10/2016: felizmente a previsão não se materializou.
Uma coluna semanal
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1190, de 28/10/2016, disponível na íntegra aqui:
28 outubro 2016
De novo na imprensa a falsa letalidade da bílis do crocodilo [5]
-No "Notícias" de 21 de Outubro: "Cinco indivíduos indiciados de extracção de bílis de 24 crocodilos na albufeira de Cahora-Bassa estão a responder em juízo na província de Tete. O caso é deveras preocupante pois o veneno deste líquido é letal. Até ao momento não são conhecidas as razões da sua extracção e o paradeiro desta substância." Aqui.
Quarto número da série aqui. Em Janeiro do ano passado divulguei no semanário "Savana" o fungulamaso abaixo:
Quarto número da série aqui. Em Janeiro do ano passado divulguei no semanário "Savana" o fungulamaso abaixo:
27 outubro 2016
Cadernos de Ciências Sociais: ponto de situação
1. Entreguei hoje à editora o 26.º número da coleção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora", intitulado "O que é verdade?", com autoria de Etinete do Nascimento Gonçalves do Brasil, Alberto João Ferreira de Moçambique e Marcelo Donizete da Silva do Brasil.
2. O 27.º número, intitulado "O que é terrorismo?", tem a entrega aprazada para 29 de Novembro deste ano, com autoria de Heloisa Portugal, Cristiano Garcia Mendes, Ivanaldo Santos (os três do Brasil) e Maria Sousa Galito de Portugal.
3. Entretanto, já figura no portal da editora o 17.º número intitulado "O que é sociologia?", com autoria de Paulo de Carvalho de Angola, Ricardo Arruda do Brasil e Vicente Paulino de Timor-Leste, aqui:
2. O 27.º número, intitulado "O que é terrorismo?", tem a entrega aprazada para 29 de Novembro deste ano, com autoria de Heloisa Portugal, Cristiano Garcia Mendes, Ivanaldo Santos (os três do Brasil) e Maria Sousa Galito de Portugal.
3. Entretanto, já figura no portal da editora o 17.º número intitulado "O que é sociologia?", com autoria de Paulo de Carvalho de Angola, Ricardo Arruda do Brasil e Vicente Paulino de Timor-Leste, aqui:
Um excelente editorial
Um excelente editorial o do "Magazine Independente" digital, a conferir aqui.
2,5 milhões de pessoas carecem de ajuda humanitária em Moçambique
"O enviado especial das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Macharia Kamau, alertou ontem em Maputo que 2,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária em Moçambique." Aqui.
De novo na imprensa a falsa letalidade da bílis do crocodilo [4]
-No "Notícias" de 21 de Outubro: "Cinco indivíduos indiciados de extracção de bílis de 24 crocodilos na albufeira de Cahora-Bassa estão a responder em juízo na província de Tete. O caso é deveras preocupante pois o veneno deste líquido é letal. Até ao momento não são conhecidas as razões da sua extracção e o paradeiro desta substância." Aqui.
- "Gente idosa e residente em Chitima acredita que nas imediações daquele povoado há rios povoados por Crocodilos e que apesar deste animal ser de difícil aquisição, um experiente premeditou este acto, tendo colhido e devidamente conservado partes de bílis deste animal, com o intuito de dizimar vidas. Esta asserção vem ao de cima por experiências amargas do passado e que virou lenda naquele povoado!" Aqui.
-"Na tragédia actual em Moçambique, não posso imaginar quanta bílis seria necessária para adicionar a 210 litros de cerveja de maneira a causar muitas mortes." Aqui.
- "Gente idosa e residente em Chitima acredita que nas imediações daquele povoado há rios povoados por Crocodilos e que apesar deste animal ser de difícil aquisição, um experiente premeditou este acto, tendo colhido e devidamente conservado partes de bílis deste animal, com o intuito de dizimar vidas. Esta asserção vem ao de cima por experiências amargas do passado e que virou lenda naquele povoado!" Aqui.
-"Na tragédia actual em Moçambique, não posso imaginar quanta bílis seria necessária para adicionar a 210 litros de cerveja de maneira a causar muitas mortes." Aqui.
Terceiro número da série aqui. É cientificamente sustentável a concepção de que a bílis do crocodilo é venenosa? A resposta é negativa, a fazer fé nos resultados da pesquisa realizada pelo professor zimbabweano Norman Z. Nyazema [na imagem]. Nada existe de tóxico na bílis do crocodilo. Referências ao trabalho do Professor Nyazema e às suas declarações sobre a tragédia de Chitima divulgadas pela Forbes podem ser conferidas aqui, aqui e aqui.
Verdade e contradição
"Para termos alguma garantia de termos a mesma opinião acerca de uma ideia particular, é preciso pelo menos que tenhamos tido sobre ela opiniões diferentes. Se dois homens se querem entender verdadeiramente, têm primeiro que se contradizer. A verdade é filha da discussão e não filha da simpatia." - Bachelard, Gaston, A filosofia do não, Filosofia do novo espírito científico. Lisboa: Editorial Presença, 1991, 5ª ed.ª, p. 125.
26 outubro 2016
Fungulamaso/Não desligue a dúvida metódica
Há dias, o autor de um blogue do género copia/cola/mexerica divulgou com grande alarido um texto escrito por alguém com pseudónimo, com o título da imagem abaixo. A ideia a passar era de que a Frelimo programara um atentado para matar os mediadores do diálogo político em curso no país [amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato].
Entretanto, com data de ontem, o "Magazine Independente" publicou um desmentido do chefe dos mediadores internacionais, Mario Rafaeli, reproduzido logo abaixo, fonte aqui. [amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato]
O que é uma lenda ou um boato? Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações" (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd, p.6).
Aqui e acolá, tirando partido da inquietação e como que da componente subliminar das pessoas, surgem relatos de hecatombes bélicas, irrompem descrições de fenómenos objectivamente fabricadas para causar inquietação e pânico, reportagens com fontes havidas por credíveis dando conta de dezenas de mortos e de feridos em combate, recurso a fontes que só têm um lado emissor, saladas informativas ruidosas juntando dados prepositadamente fora do contexto, proliferação de arautos da tragédia sem fim multiplicando sem pausa, por mil caminhos, textos castrenses, etc.
Somos crédulos, porosos ao diz-que-diz ad populum, às verdades de oitiva, às petições de princípio, ao non sequitur, às falácias com argumentos capciosos, ao estabelecimento de imputações, de associações e de generalizações erradas.
Vivemos uma época política propícia aos boatos. Os boatos ganham terreno quando duas condições estão reunidas: incerteza e medo. Há dois tipos de boatos: os espontâneos e os intencionalmente provocados. Neste último caso, regra geral de natureza política, podem assumir o papel de mísseis ideológicos devastadores.
Fungulamaso [=abra o olho, esteja atento] perante a pistolagem cibernética.
Somos crédulos, porosos ao diz-que-diz ad populum, às verdades de oitiva, às petições de princípio, ao non sequitur, às falácias com argumentos capciosos, ao estabelecimento de imputações, de associações e de generalizações erradas.
Vivemos uma época política propícia aos boatos. Os boatos ganham terreno quando duas condições estão reunidas: incerteza e medo. Há dois tipos de boatos: os espontâneos e os intencionalmente provocados. Neste último caso, regra geral de natureza política, podem assumir o papel de mísseis ideológicos devastadores.
Fungulamaso [=abra o olho, esteja atento] perante a pistolagem cibernética.
Texto de 2006 sobre Moçambique
Confira um texto de 2006 sobre Moçambique da autoria do brasileiro Beluce Bellucci, intitulado "Tudo e nada: a aposta do Capital em Moçambique", aqui.
25 outubro 2016
Saiba sobre Moçambique
Saiba sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon, com data de hoje, aqui.
Adenda: confira a apresentação indicada no boletim aqui.
Adenda: confira a apresentação indicada no boletim aqui.
De novo na imprensa a falsa letalidade da bílis do crocodilo [3]
No "Notícias" de 21 de Outubro: "Cinco indivíduos indiciados de extracção de bílis de 24 crocodilos na albufeira de Cahora-Bassa estão a responder em juízo na província de Tete. O caso é deveras preocupante pois o veneno deste líquido é letal. Até ao momento não são conhecidas as razões da sua extracção e o paradeiro desta substância." Aqui.
Segundo número da série aqui. Prossigo o recuo na história, agora com um momento trágico. Em Janeiro do ano passado morreram 75 pessoas em Chitima, província de Tete, após consumirem uma bebida tradicional cuja farinha de milho estava, segundo o Ministério da Saúde, contaminada com a bactéria Burkholderia gladioli, "um micro-organismo responsável pela produção de duas potentes toxinas na farinha de milho usada na confeção da bebida", lembre aqui.
Porém, a vários níveis, as mortes foram atribuídas à bílis do crocodilo. À medida que o números de vítimas ia sendo actualizado, a internet foi-se povoando acrítica e avidamente de notícias como as documentadas nas fotos abaixo, a cargo de jornais, blogues e páginas das redes sociais digitais:
Segundo número da série aqui. Prossigo o recuo na história, agora com um momento trágico. Em Janeiro do ano passado morreram 75 pessoas em Chitima, província de Tete, após consumirem uma bebida tradicional cuja farinha de milho estava, segundo o Ministério da Saúde, contaminada com a bactéria Burkholderia gladioli, "um micro-organismo responsável pela produção de duas potentes toxinas na farinha de milho usada na confeção da bebida", lembre aqui.
Porém, a vários níveis, as mortes foram atribuídas à bílis do crocodilo. À medida que o números de vítimas ia sendo actualizado, a internet foi-se povoando acrítica e avidamente de notícias como as documentadas nas fotos abaixo, a cargo de jornais, blogues e páginas das redes sociais digitais:
Cartunistas africanos
24 outubro 2016
Saiba sobre Moçambique
Saiba sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon, com data de hoje, aqui.
No "Savana" 1189 de 21/10/2016, p.19
Inscrições terminam a 01 de Novembro próximo
Concurso anual da "Escolar Editora" iniciado este ano e com inscrições até 01 de Novembro próximo. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.
23 outubro 2016
Tomaz Salomão analisa decisões do BM
Citado pelo "O País" digital de hoje, Tomaz Salomão analisou as medidas tomadas pelo Banco de Moçambique: "O crescimento económico não só é gerado pela componente monetária. Existem outros factores que devem ser postos na mesa, os quais induzem a recuperação e revitalização da economia. Esses elementos não são de natureza monetária. Por via das medidas do Banco Central o que vai acontecer é o encarecimento do dinheiro e não a resolução do problema." Aqui.
Fungulamaso
Vivemos uma situação difícil no país e estamos, por isso, emocionalmente enfraquecidos, muito porosos ao diz-que-diz ad populum, às verdades de oitiva, às petições de princípio, ao non sequitur, às falácias com argumentos capciosos, ao estabelecimento de imputações, de associações e de generalizações erradas. É neste contexto que surgem notícias tendenciosas, prismas distorcidos, fotos falsas e boatos de todos os tipos através de páginas de redes sociais, blogues do copia/cola/mexerica e certos jornais digitais. Fungulamaso [=abra o olho, fique atento], não desligue a dúvida metódica. Fungulamaso especialmente perante os guerrilheiros cibernéticos disfarçados de apóstolos da verdade.
Boatos
Aqui e acolá, tirando partido da inquietação e como que da componente subliminar das pessoas, surgem relatos de hecatombes bélicas, irrompem descrições de fenómenos objectivamente fabricadas para causar inquietação e pânico, reportagens com fontes havidas por credíveis dando conta de dezenas de mortos e de feridos em combate, recurso a fontes que só têm um lado emissor, saladas informativas ruidosas juntando dados prepositadamente fora do contexto, proliferação de arautos da tragédia sem fim multiplicando sem pausa, por mil caminhos, textos castrenses, etc. Vivemos uma época política propícia aos boatos. Os boatos ganham terreno quando duas condições estão reunidas: incerteza e medo. Há dois tipos de boatos: os espontâneos e os intencionalmente provocados. Neste último caso, regra geral de natureza política, podem assumir o papel de mísseis ideológicos devastadores, com especial incidência em certos blogues e em páginas das redes sociais digitais ostensivamente criadas para gerar pânico e terror. A incerteza e a angústia são alimentadas e ampliadas pela ausência de informação oficial atempada e regular.