Quanto mais os gestores de um Estado investirem nos aparelhos repressivos e na repressão, mais alta será a composição orgânica da política e menor a taxa de lucro político, quer dizer, menor a legitimidade.
Vigésimo terceiro número da série. Sempre com hipóteses, finalizo o sexto ponto sugerido aqui, a saber: 5. Desconfiança institucional e erosão da moral cidadã. Escrevi no número anterior que o crime de alto coturno e a transformação do Estado em saco azul de certos quadrantes mancham poderosamente a busca de legitimidade política por parte dos gestores do Estado e do partido que os nomeia. A perda do respeito reflecte-se das mais variadas maneiras. A desconfiança nas instituições estatais tem múltiplos canais, um deles consiste na convicção de que só venalizando as relações se consegue colocar as instituições do Estado a funcionar, a produzir resultados concretos. O mundo dos esquemas é bem mais do que um conjunto de opções individuais ao sabor do arrojo e da lubrificação dos favores pessoais: ele é o real termómetro da erosão da credibilidade institucional. Como um todo, a moral cidadã sofre uma fractura moral grave.
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