Outros elos pessoais

02 junho 2015

Recordando a cidade de Tete em 2006

Em 2006 coloquei neste diário uma descrição da cidade de Tete. Recordo-a: "Tete, mitete. Regresso às origens. Chingodzi, desço do avião, apalpo com os olhos todo aquele imenso e calmo mar de embondeiros. Uma planície sem árvores rasteiras, o calor embrulha-me, Matundo. Localizo o velho rochedo onde habita Tsato, a gibóia mítica. O casario visto da ponte, abraçado ao Cuama dos livros, o Zambeze, cumprimento os espíritos manhungué do rio. A cidade, as ruas largas, um presente buliçoso preso à história dos mutapas do Chioco e dos muzungos de terras e de guerras do Zumbo e do Massangano. O passado regressado nos escombros do velho prédio do Carlettis, do casarão tombado de Vieira o "chicauira". Sonho as maçanicas enquanto como pende encostado ao Zambeze, lá onde na minha infância a velha canhoneira chegava resfolegando vinda do Chinde, carregada dos lanhos que eu sempre guardei nos sonhos. Miro a ilha de Canhimbe à esquerda. À direita, longe, orgulhoso, o pico da Caroeira. Quem se lembra que um dia ali houve um botequim onde um homem creio que careca servia galinha assada no carvão e cerveja gelada pela frescura da noite e onde nas fraldas de micaia, por madrugadas sem fim, os macacos-cães esperavam que o leopardo saísse da toca? Adormeço num quarto da Univendas." Aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.