Outros elos pessoais

23 novembro 2013

Diário de campanha (12)

Décimo segundo número da série. Ontem, o "Canal de Mozambique" colocou numa postagem a seguinte observação sobre os resultados parciais no município de Maputo: "A tendência ascendente do partido Frelimo e seu candidato continua a mesma, nas zonas periféricas. Na zona urbana e periurbana Venâncio Mondlane tem mais votos. Mas no cômputo geral, David Simango continua à frente." Aqui está uma área excelente para uma pesquisa. Aceitando-se que a observação esteja correcta, duas perguntas, entre outras, podem ser feitas, a saber: 1. Por que razão (ões) Mondlane obteve mais votos nas zonas urbana e periurbana?; 2. Por que razão (ões) a Frelimo obteve mais votos na periferia? (imagem reproduzida daqui)
(continua)
Adenda às 06:04: as perguntas que sugeri podem dar origem a teorias de fácil digestão do género: quem é mais classe média+mais instruído vota MDM e quem é mais povo+menos instruído vota Frelimo na cidade de Maputo. Por outras palavras: lá pensa-se, aqui segue-se; lá quere-se mudança, aqui quer-se hábito. Mas essas ideias-prontas-a-vestir precisam destoutras perguntas: o que significa "classe média", "mais instruído", "povo" e "menos instruído"? Que outros factores precisamos ter em conta? Como tornar as ideias mais sólidas, mais avaliáveis, mais medíveis, mais próximas das várias realidades que compõem a realidade social?
Adenda 2 às 07:33: se tivesse podido pesquisar as autárquicas deste ano, teria não só escolhido as seis autarquias nas quais trabalhei em 1998 (Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche), como empregue o mesmo método e as mesmas técnicas dessa altura, designadamente - para avaliar a variação opinativa e comportamental - as entrevistas de painel. Teria, ainda, recorrido à aplicação analítica dos quatro tipos de votos que propus na altura: de interesse, de compromisso, de persuasão e omisso. A elevada abstenção verificada na altura foi explicada por uma chave muldimensional organizada em torno de oito factores.

5 comentários:

  1. A salvação de Simango foi a informalização da capital do país . Fora do partido, os informais foram os únicos a assegurar voto a Simango...garantindo- se o caos.
    Mondlane aparece como uma possibilidade futurista de salvação de Maputo

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  2. O que se afirma sobre Maputo tambem vale para Matola onde a falta de engenho e muito compadrio permitem que todos os dias se estejam a ocupar com quiosques de lavagem de carros e outras sujeiras os espaços que ja no tempo colonial eram reservados para o aumento das vias principais de comunicação.
    Querendo confiram a N 2 entre a CMC e a ponte sobre o Rio Matola e desta até o inicio do Bairro Belo Horizonte.
    O Belo Horizonte em si esta bem quanto a delimitaçao da reserva da estrada N 2. Pena é que ninguem pense em Abril Pistas para pedestres nessas reservas para as pessoas deixarem de fazer exercicio fisico na perigosa estrada. Imaginação, procura-se.

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  3. E esta?
    http://youtube.com/watch?v=0JKysQTXW8c

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  4. Sem mais delongas:

    E o poder da celula do partido FRELIMO. Na urbes, imprescindiveis para uma "Declaracao de Bairro". Nos suburbios, insubstituiveis para "Qualquer Decisao".

    Lembre-se que ate hoje, as celulas sao parte integrante da administracao estatal e autarquica por "motivos logisticos", por essa razao se diz que vestem "duas camisolas". Uma administrativa. Outra partidaria. Mas nao existe metodo conhecido para se determinar quando assumem um ou outro papel. Ou se quiser, ambos.

    Caricato? Pois claro. Mas estamos em Mocambique...

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  5. Acabo de ver o video no youtube. Queria comentar mas vou vomitar. Desculpem-me

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