Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
11 outubro 2012
Como suster os linchamentos? (4)
2 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Esta é uma série do blog que vou seguindo sempre. Mas penso que os linchamentos se tornaram banais.
ResponderEliminarBom dia professor,
ResponderEliminarNas últimas semanas estive em Nacala-Porto onde um novo fenómeno está a incomodar a população.
Há cerca de 2/3 meses atrás grupos de cerca de 15 indivíduos armados com catanas começaram a invadir durante a noite residências isoladas nas zonas da praia, imobilizaram os guardas, arrombaram as portas e roubaram praticamente tudo o que encontravam de valor. Em cerca de 2 meses foram participados à polícia 16 assaltos do género só na zona da praia perto de Fernão Veloso. Os assaltos alastraram-se para outros bairros bem mais populosos da cidade, afectando cidadãos nacionais e estrangeiros.
A situação agravou-se ao ponto de praticamente todas as pessoas com quem falei terem referido que foram assaltadas (mostrando inclusive as feridas de ataques com catanas) ou conhecerem pessoas que foram assaltadas por grupos numerosos e armados. Durante a noite passou a ser arriscado andar de mota ou até de carro, uma vez que grupos de indivíduos bloqueiam as estradas fazendo emboscadas.
As pessoas com quem falei consideraram incomum as características dos assaltos, protagonizados por grupos numerosos de indivíduos armados. Segundo os mesmos, apesar de tarde, a polícia começou a intervir ao longo das últimas semanas. Quase todos os dias me referiram situações de disparos durante a noite anterior. Alegadamente a polícia dispara para matar, para além de realizar rusgas nos domicílios durante a noite (em violação da lei?). Há algumas semanas noticiou-se que um grupo de cerca de 20 presidiários fugiu da prisão. Alguns nacalenses com quem falei desconfiam que esses indivíduos foram assassinados pela polícia. Por um lado considera-se que a população está com receio dos bandidos (bastante numerosos que intimidam as populações vizinhas durante os assaltos), mas considera-se que mais tarde ou mais cedo se organizarão também em milícias e que irão começar a promover linchamentos, de forma semelhante ao que acontece nas cidades de Maputo e da Beira. Por outro considera-se que a resposta brutal da polícia começou a surtir efeito (diz-se que vieram agentes armados de Maputo) e que nas últimas semanas se registou uma diminuição de assaltos.
Seria interessante analisar todo este fenómeno, contextualizando-o nas dinâmicas da cidade e da região, fortemente marcada pelo investimento, pelo surgimento de oportunidades, mas também pelo aumento exagerado de desigualdades sociais. Durante o dia encontram-se centenas de jovens desocupados, sentados nos passeios das zonas comerciais da cidade.
Um abraço,
João