2. A especificidade moçambicana. Escrevi no número anterior que a hipótese do duplo poder (poder presidencial estatal e poder presidencial partidário, este comandando aquele) podia estar relacionada com dois fenómenos: (1) envelhecimento dos produtores da independência nacional mais visivelmente directivos e (2) ameaça de concorrentes políticos jovens e hábeis de outros partidos. Entro no primeiro ponto. Na verdade, algumas das mais marcantes figuras da produção da pátria envelheceram num país jovem e de jovens como é o nosso. Acresce que nem todas foram e são tão públicas, tão conhecidas, quanto Samora, Chissano e Guebuza. Para os produtores de raiz da pátria o desafio político imediato consiste em saber como manter por mais tempo a sua dominação real através de uma direcção estatal formal, de transição, assegurada por sucessores mais jovens, pós-independência, disciplinados e obedientes. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
04 junho 2012
A hipótese do duplo poder (8)
2. A especificidade moçambicana. Escrevi no número anterior que a hipótese do duplo poder (poder presidencial estatal e poder presidencial partidário, este comandando aquele) podia estar relacionada com dois fenómenos: (1) envelhecimento dos produtores da independência nacional mais visivelmente directivos e (2) ameaça de concorrentes políticos jovens e hábeis de outros partidos. Entro no primeiro ponto. Na verdade, algumas das mais marcantes figuras da produção da pátria envelheceram num país jovem e de jovens como é o nosso. Acresce que nem todas foram e são tão públicas, tão conhecidas, quanto Samora, Chissano e Guebuza. Para os produtores de raiz da pátria o desafio político imediato consiste em saber como manter por mais tempo a sua dominação real através de uma direcção estatal formal, de transição, assegurada por sucessores mais jovens, pós-independência, disciplinados e obedientes. Se não se importam, prossigo mais tarde.
3 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Ou como "ZIMBABWEAR" Moçambique sem melindrar os doadores e sem estorvar os predadores dos recursos naturais.
ResponderEliminarTudo indica que assim tem sido. Mas isso faz-me colocar uma pergunta. O que tera concorrido para que tres geracoes depois, os historicos da FRELIMO, nao tenham escolhidos continuadores que lhes deixassem repousar tranquilamente? Porque disse Hama Thai que os jovens venderiam este pais? Sera bom dirigente aquele que ja nasce chefe?
ResponderEliminarPalpita-me que foi por falta de coragem para encarar as respostas que nos conduziram para esta saida.
Mas acredito que o delfim "formal" não será o Ali.
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