3. No vasto mundo sem recibo. Herdeiros de toda uma antiquíssima tradição do convence/vende, os vendedores ambulantes - os guerrilheiros do informal, como os designo - não jogam cartas no seu mundo, mas no mundo dos outros, lutam no campo dos outros, definidos por eles. Sem um “próprio”, só podem jogar nas malhas e nos interstícios das regras dos actores do outro mundo. O seu horizonte é o dia-a-dia, o seu território é o da astúcia, do entre-dois dos sobreviventes, dos golpes rápidos, da vertigem dos momentos, dos cálculos de circunstância, do vende e revende. Como diria Michel de Certeau, o que aí se ganha não se guarda.
Adenda: sugiro recordem neste diário alguns trabalhos de 2007/2010 aqui. Para este ano, confira a versão digital de um jornal editado em Maputo aqui. Foto reproduzida com a devida vénia daqui.
Adenda às 9:20: Na cidade da Beira: "Vende-se um pouco de tudo, pois, para além de roupa, sapatos, tomate e batatas, como anteriormente o cidadão beirense estava acostumado a ver, hoje o negócio é extensivo à comercialização de amendoim pilado, cozido e torrado, mandioca, feijões e maçaroca." Aqui.
Uma palavra: excelente.
ResponderEliminarO que eles vendem vem dos formais e das xicalamidades...
ResponderEliminarBela série.
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