Outros elos pessoais

05 março 2012

Ditas carteiras móveis

Na falta de carteiras convencionais, o Ministério da Educação pretende "distribuir 820 mil carteiras móveis (kommunity desks) para as escolas sem este material até 2015." Enquanto isso, o semanário "domingo" referiu-se também ao móvel produto na sua edição de ontem (última página, "Bula Bula"), reportando a felicidade do representante da empresa sul-africana produtora, que terá afirmado que o nosso país será um exemplo a seguir com este tipo de carteiras. Imagem com crianças sul-africanas reproduzida daqui.
Comentário: o que é a carteira móvel apresentada em Maputo? É unicamente uma prancha redonda, um tabuleiro, digamos que uma bandeja, que se apoia sobre os joelhos para se escrever enquanto sentados no chão, com as costas dobradas (que os pedagogos e os professores de educação física pensem nisso). Não tenho qualquer dúvida sobre a criatividade à retaguarda de tão portentoso engenho destinado a escolas de pobres ao custo unitário de 550 meticais segundo o jornal atrás referido. Mas é para mim uma brincadeira de muito mau gosto chamar carteiras móveis a semelhantes bandejas. Vou mais longe: cada bandeja será um reprodutor do destino das crianças desprivilegiadas, sem direito a carteiras reais, será um separador social de águas muito claro. Razão tem o "domingo" ao referir, a propósito dessa bandeja, que "a madeira da nossa terra vai para o estrangeiro e até entra clandestinamente em navios de milhares e milhares de toneladas".

7 comentários:

  1. A 550 Mt quanquer carpintaria poderia produzir carteiras "de verdade" desde que o governo negocia-se pagando em madeira apreendida. A madeira dos contentores de Nacala poderiam produzir milhares de carteiras caso houvesse uma negociacao na qual o estado entregava a madeira a uma serie de carpintarias serias em troca de um determinado numero de carteiras. Conheco uma carpintaria pertenca de um uma associacao comunitaria em Gorongosa (em NNhambita)que produz carteiras de verdade a cerca de 1200 a 1500Mt cada mas que podem produzi-las ate 550Mt cada caso o governo de a parte restante em madeira apreendida. Neste caso estariam a dar nao so oportunidade aos "desfavorecidos" de ter uma carteira de verdade como tambem gerariam emprego e mais renda para a associacao comunitaria.

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  2. Nós crianças, o futuro do nosso país, apelamos: Nossa madeira para nossas carteiras.

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  3. Poucos porão as "bandejas" em causa e muitos até hão-de achar "engraçado".

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  4. Uma vergonha, nós que temos tanta madeira e a exportamos a granel compramos aos sul africanos a parte de cima das carteiras...

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  5. Tenho uma prancha semelhante que, comodamente sentado num sofá,uso para suporte do computador!

    Bem diferente deste caso. E um facto que é mais cómodo estar sentado no chão e apoiar os braços e cadernos nestas pranchas, do que estar sem elas.

    Mas chamar-lhes carteiras móveis, é um atentado à dignidade de quem tem que as usar: carteira = tampo + banco; falta um dos elementos!

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  6. Sinédoque chata...

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  7. Tem toda razao. Eu ainda hoje estou traumatizado com as aulas de Analise Matematica do 1o ano da Faculdade de Engenharia que tive de assistir sentado no chao...

    E como o professor era russo e falava baixo, pode calcular o desespero.

    Com este andar, ainda ouviremos falar de cadeiras moveis, salas moveis, etc.

    Mobilidades...

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