Outros elos pessoais

24 janeiro 2012

Espíritos, doenças e médicos do invisível (12)

Prossigo a série, de acordo com o sumário proposto aqui.
4. Crença na legitimidade dos gestores das forças do invisível. Escrevi no número anterior que podemos considerar três tipos principais de curandeiros: os adivinhos, os comunicadores e os herbanários. Passo ao terceiro grupo. Os herbanários - falo dos sérios - herdam e aplicam uma enorme fonte empírica de conhecimento sobre curas através da flora. Talvez se possa dizer que eles são os verdadeiros "médicos tradicionais".
Com a vossa permissão, prossigo mais tarde. Foto reproduzida daqui.
(continua)
Adenda: "Para se ter uma ideia, na África do Sul, enquanto há um médico para cada 20 mil habitantes, existe um curandeiro para cada 500 pessoas." Aqui.
Adenda 2: um trabalho do antropólogo Paulo Granjo intitulado "Saúde e doença em Moçambique", aqui.
Adenda 3 às 6:52: a história que dá origem a esta série (atribuição de um marido-espírito a uma jovem de 15 anos) está melhor contada no portal da Rádio Moçambique, aqui.

3 comentários:

  1. De acordo consigo. Mas a verdade é que eles não trabalham só com ervas.

    ResponderEliminar
  2. Também comunicam com os espíritos...

    ResponderEliminar
  3. A Cura empírica em África é provavelmente algo que nos acompanha desde o aparecimento do primeiro habitante do continente negro. Por isso, é inevitável convivermos com ela.
    O que é de se lamentar, é a falta de uma abordagem mais racional dela, à semelhança do que fizeram os povos orientais com a Acunpuctura, o Kamasutra, o Yoga, etc. todas elas hoje aceites como complemento à medicina convencional no mundo ocidental, trazida pelos colonos para África.

    Esse é o ponto essencial a reter. Os rituais, as crenças e outros esconjuros podem perfeitamente ser desmontados ou confirmados caso haja uma abordagem sistémica do fenómeno.

    Moçambique, segundo sei, tem um departamento governamental - mal equipado e assessorado - que lida com a chamada medicina tradicional (mesmo esta denominação é questionável...) que nenhum doador apoia regularmente (e nem o fará nunca, já se vê). Consequentemente nem um jornal de parede é publicado sobre um assunto do mais absoluto interesse nacional!

    Com efeito, é a AMETRAMO quem mais visibilidade tem quando se trata de falar destes assuntos. E com ela, todo caleidoscópio espiritual que acompanha o verbo. E isto, quando o negócio de ervas medicinais africanas na Europa é um maná para a indústria farmacêutica mundial. Mas com isso, perde-se uma oportunidade de, por um lado, de acesso universal pela população de ervas e de eficácia 100% comprovada. Eu por exemplo, tratei familiares e amigos, com duas ervas comuns em Moçambique. Uma para a Hepatite B. E outra para as Pedras dos Rins. Empiracamente, porque nem medicina estudei. O certo é que curei, quando os médicos já se preparavam para uma intervenção cirúrgica. Também aprendi que este doseamento empírico é uma espada de dois gumes, podendo até converter-se num problema de saúde pública, como é o caso do uso frequente da Khakhana, que cura Hepatite A e é um excelente depurador do sistema digestivo. Todavia, se tomado em excesso (de acordo com a fisiologia do paciente) diminui drasticamente o teor de glicose no sangue. Mas isso pode-se tornar num problema muito sério se estivermos a falar de diabéticos, ou doentes com Hepatite B.

    Por isso, neste particular, bom seria se fossemos como os chineses...

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.