"E se acontece que algum deles é mais diligente e granjeador e por isso colhe melhor novidade e cópia de mantimento, logo lhe armam couzas falsas por onde lho tomam e comem, dizendo: porque razão haverá aquele mais milho que outro, não atribuindo isto a maior indústria e deligência, e muitas vezes por esta culpa o matam para lhe comerem tudo (...)"*
Esta crença era invariavelmente expressa através de uma acusação de feitiçaria. Por outras palavras: era considerado ilícito todo o processo de acumulação realizado à margem das relações existentes, especialmente parentais. Enriquecer era ferir a comunidade, o igualitarismo aldeão. Esta é uma crença reactualizada em permanência em outras áreas do país e através de outros mecanismos de imputação. Recorde a minha série intitulada Ionge: populares acusam autoridades de prender a chuva no céu, número sete aqui. Para um excelente livro em francês que estabelece uma relação entre a feitiçaria, política e enriquecimento, consulte Geschere, Peter, Sorcellerie et politique, la viande des autres en Afrique. Paris: Karthala, 1995.
“Amo a história – e é por isso que estou feliz por vos falar, hoje, daquilo que amo.” Lucien Febvre, Combate pela História
ResponderEliminarAbsolutamente real.
ResponderEliminar1. No meio rural: Eu próprio, no interior do País, em zonas com forte potencial para a produção agrícola e pecuária, perguntei a vários camponeses, porque não criavam mais galinhas, patos, coelhos, etc., para melhoria da dieta alimentar e rendimento.
Resposta: "só podia resultar se todos fizessem o mesmo! Se aparecer eu com muita criação, muita produção, vão ficar com inveja e arranjar um feitiço para acabar com minha Família".
2. No meio Urbano: felizmente, evoluímos, perdemos o medo da inveja .... MAS, não vá o diabo tecê-las, blindamo-nos!