Outros elos pessoais

26 março 2011

Produção simbólica de saúde na cidade de Maputo (6)

O sexto número desta série.
Escrevi no número inaugural que nos mais variados pontos da cidade de Maputo, mas especialmente nas avenidas Kenneth Kaunda e Friedrich Engels, centenas de pessoas correm ou andam diariamente, manhã cedo, fim de tarde, todos os dias, jovens, idosos e meia-idade, homens e mulheres, magros e gordos, produzindo simbolicamente saúde.
O que quero com isso dizer? Quero dizer várias coisas, lançando sempre hipóteses (rigorosamente apenas isso).
Vamos lá a uma quinta coisa. A produção simbólica de saúde também tem a ver com a busca de um determinado estatuto social. Quando corremos ou simplesmente andamos, cruzamo-nos com outros buscadores de saúde. Sentimos, então, pela interface visual, eventualmente pelo cumprimento alegre, que formamos uma espécie de clube, de gente da alta, de gente fina. Talvez não seja, afinal, uma má ideia dizer que este correr tem um estatuto de classe, dizer que este correr busca a distinção, que este correr não é ainda popular. Aqui está um bom tema para analisar os gostos sociais.
Prossigo mais tarde (crédito da imagem aqui).
(continua)

3 comentários:

  1. Estatuto medido pelas sapatilhas adidas...

    ResponderEliminar
  2. Professor,
    1. É certo que muitos dos que se exercitam pelas ruas da capital o fazem pelas razões que enfatiza: STATUS.
    2. Porém, há muitos que o fazem, porque gostam de exercício e até por recomendação médica: em regra, a MARCHA mais ou menos acelerada é um excelente exercício cardiovascular. A CORRIDA é diferente, pode dar cabo da coluna: o impacto do peso do corpo sobre o calcanhar (que não acontece na marcha) agride os discos vertebrais, mesmo com calçado adequado.
    3. Por outro lado, aqueles grupinhos que aproveitam os percursos para fofocar, indo todo o caminho na conversa, não estão a fazer o exercício cardiovascular que se pretende com esta actividade: o controlo da respiração é essencial … e com o bula-bula isso não se consegue. Na prática, são passeios higiénicos para abrir o apetite.
    4. Faço marcha ligeiramente acelerada há mais de 30 anos. Nos exames médicos de rotina, sou sempre incentivado a nada mudar em termos de hábitos alimentares e prática de exercícios físicos ao ar livre: detesto ginásios, mesmo que com sofisticados sistemas de renovação do ar: com tanta gente a respirar intensamente, sinto uma certa conspurcação do ar.
    5. Nos ginásios é bem mais notória a preocupação dos “status”… até porque é para quem pode pagar bem! Verdadeiras passagens de modelos e marcas.
    6. Como toda a rotina, também o exercício físico causa habituação /vicia! Ao fumador falta a nicotina; ao atleta a oxigenação.
    7. Promovamos o exercício regular, com racionalidade.

    ResponderEliminar
  3. Bem, eu to andar todos os dias 6 km, tomo um café infelizmente, sem o indico 'a vista,

    E a vida vai rolando, aqui nao tem cena de "status", os "statistiscos" ficam no ginásio, eu vou pela rua,

    Agora estamos a entrar em abril, as temperaturas vao começar a chegar 40 e tal e a roçar os 50,

    Espero que nao passe tao mal como passei o ano passado,

    Calor, esgotamento memorável, aulas intermináveis, nao,... nao,... nao mais, Obrigado Meu Deus, mas já chega de "zzzzzumbidos".

    Hehehe

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.