Escrevi no número anterior que me falta o engenho para moralizar ou propor catecismos científicos. Todavia, tenho por bem que a humildade - uma profunda digamos que humildade operária - deve ser a coluna vertebral do jovem cientista social moçambicano, atento que precisa estar aos cinco riscos por mim sugeridos. Mas atento, também, a outros problemas, afinal riscos eles ainda, dois dos quais vou indicar: (1) a veneração pelos pais fundadores, pelos "clássicos" e (2) a veneração pelos pregadores, pelos proponentes de receitas.
Vamos ao primeiro problema destas considerações finais.
O nosso trabalho depende, naturalmente, daquilo que foi feito pelos criadores de uma ciência, de uma visão, de um paradigma, de uma luta de teorias. Depende em que sentido? Depende em termos de referências primeiras, de método, de guia, de êmbolo para novos horizontes cognitivos. Porém, os problemas podem começar quando surge a veneração cega e a incapacidadade de produzir fora do perímetro do que foi pensado e escrito pelos pais fundadores, quando transformamos os seus trabalhos em evangelhos, em receitas de culinária científica. Quando, a qualquer momento, não importa a que propósito e em que tema, precisamos invocar o princípio de autoridade do cientista A ou B para passarmos ideias colonizadas pela veneração cega, estamos a cometer o pecado da descerebralização e da auto-infantilização. Este é um pecado que muitos jovens cientistas não só podem cometer quanto prezar em seu afã vassálico. Claro que ao falar dos jovens não esqueço os velhos, como eu. Nem esqueço aqueles que julgam estar, por geração espontânea, imunes ao pecado.
Prossigo brevemente com o tema dos pregadores.
Ora aí está no alvo.
ResponderEliminarAgora falta saber dos pregadores. Fique a saber que aqui há muitos.
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