Vamos lá então avançar um pouco nesta encruzilhada samoriana.
Perguntei-me e perguntei-vos anteriormente quantos prismas é possível adoptar no tocante a Samora Machel, ícone nacional este ano tornado modelo político. E perguntei-me e perguntei-vos por quê.
Prossigo na abordagem do prisma social inconveniente, aquele que salienta o transformador social que habitava Samora.
Mas o que significou mudar as relações sociais? Creio que significou introduzir formas colectivas de vida e decisão, ainda que, pesem as nacionalizações, a medula do modo de produção capitalista tenha (creio) permanecido sem alteração substancial. Rurais umas, urbanas outras, as medidas foram introduzidas ao ritmo frenético e milenarista da crença de que se poderia criar o homem novo. Sob o rolo compressor da revolução, das emoções, muitas coisas desagradáveis, muitas injustiças surgiram.
Prossigo mais tarde (crédito da foto aqui).
Quanto maior for a desigualdade na distribuição da riqueza, maiores serão as tensões, maior será a possibilidade da "gota de água" transbordar.
ResponderEliminarÉ o que se está a passar nos países africanos árabes onde a desigualdade de condições globais de vida é escandalosa.
Entre nós - vivemos num barril de pólvora. Permita-me sugerir-lhe a leitura da coluna "exame de consciência" do Lázaro Mabunda, de sexta-feira, 18 de Fevereiro "As lições das revoluções esgípcia e tunisiana". Um texto sobre o qual vale a pena reflectir internamente.
Entre o sonho socialista de Machel e o capitalismo, apenas uma diferença: No socialismos o bem estar, o acesso ás mordomias,á riqueza era monopólio da classe política. No capitalismo, quem tem o poder económico, tem o poder político e as mordomias: o mesmo.
Lembram-se quando em tempo de crise, nada faltava nas lojas dos dirigentes, enquanto o povo se ficava "pela ração".