Outros elos pessoais

23 dezembro 2010

Notas sobre WikiLeaks (11)

Mais um pouco desta série (mapa em epígrafe do Spiegelonline aqui, pode também ver um outro mapa elaborado pelo Guardian aqui).
4. WikiLeaks e ciberactivismo (continuidade deste ponto do sumário). Liberdade de informação, luta contra a censura, cruzada em favor da honestidade e da transparência social e governamental: parecem ser estes os três eixos de luta do WikiLeaks, que se diz constituído por um grupo que inclui, entre outros, jornalistas, programadores de software, engenheiros de rede e matemáticos.
O WikiLeaks é, efectivamente, um grupo ciberactivo, um grupo  político de pressão global que opera não nas ruas clássicas das cidades, mas nas ruas virtuais dos espaços informáticos; um grupo que tem hoje uma enorme audiência internacional, percutida por mais de 700 portais-espelho em todo o mundo e por uma capacidade de movimentação e mutabilidade tão grande quanto a dos seus alvos. A propósito dos seus membros, o The Economist usou depreciativamente as expressões "Jacobinos digitais", "ciber-vandalismo" e "ciber-tropas", ao mesmo tempo que analisou o risco da criação de um "Afeganistão digital" por parte dos Americanos.
Em função dos eixos de luta ciberactiva, vou-me colocar cinco perguntas: pode o WikiLeaks ser considerado (1) um movimento terrorista?; (2) um movimento anarquista?; (3) um movimento social?; (4) o equivalente ou o substituto electrónico dos protestos sociais clássicos de rua?; (5) traduz o movimento a transição para um novo mundo?
Aguardem as respostas a partir do próximo número.
(continua)
Adenda: sugiro confiram dois documentos aqui e aqui; a qualquer momento, como é meu hábito neste diário, posso introduzir emendas no texto em epígrafe.
Adenda 2 às 9:25: um artigo de Noé Nhantumbo intitulado "Ano de Assange e da Wikileaks?", aqui.
Adenda 3 às 9:58: um texto em espanhol aqui.

5 comentários:

  1. Questões interessantes, prof. Carlos. Penso que o WikiLeaks é sim um novo grupo de pressão política em escala global.

    Paulo; Brasil

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  2. Efectivamente, o wikileaks é a expressão mais moderna e actual das manifestações anti-globalização que começavam a ficar descaracterizadas, quando foram tomadas por grupos de choque anarquistas...

    E depois, temos aqui uma situação paradoxal. Se por um lado o IMPÉRIO move-se à velocidade da WEB (Bolsa, Banca, Diplomacia, Comércio, etc.), a REACÇÃO faz-se pela mesma via. Por essa razão - e por que também seria muito caro criar-se uma internet VIP - a rede mundial não poderá ser desactivada a breve trecho, tal como sucedeu cá com os telemóveis.

    Já o havia dito. E confirmo-o.

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  3. Verificará que, graças ao que escreveu, o terceiro parágrafo da postagem possui agora estoutra frase: "(...) e por uma capacidade de movimentação e mutabilidade tão grande quanto a dos seus alvos." e ainda não acabei, continuo a pensar.

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  4. Aqui esta uma entrevista feita a um dos hackers que deixou inoperacional os sites do mastercard, amazon, etc, em favor do wikeleaks

    http://downloads.bbc.co.uk/podcasts/worldservice/whys/whys_20101217-1800a.mp3

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  5. Mas também há aqui um outro pormenor. Reparai que desde a ascenção do wikileaks nos media, outros papões da mass media quase que se evaporaram.

    Para quem se habituou a ouvir/telever todo tipo de mensagens atribuídas a Al-Qaida, quase a cada semana, espanta-me hoje este súbito silêncio mediático à volta da organização de Bin Laden.

    Até que ponto Michael Moore terá razão quando fala de Teoria da Conspiração?

    Será a Al-Qaida uma organização genuinamente fundada em pressupostos islãmicos ou mais um artífice do SISTEMA que diz combater? Parece-me sim, que esta tenebrosa organização não sobrevive sem o seu algoz. Como uma relação de simbiose.

    Estivesse Bin Laden (ou os que o rodeiam) interessados em derrotar o SISTEMA, o momento da estocada final seria este. Mas a realidade prova exactamente o contrário.

    Dias atípicos nos esperam, porque os "comediantes" não foram ainda retirados de cena pois tudo isto é espectáculo.

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